Nos últimos dois anos, o número de voos comerciais no Brasil tem apresentado queda e em Campos, a realidade é ainda pior, pois não conta com mais nenhum. Em julho foram registrados 137 voos comerciais no país, enquanto no mesmo mês de 2024 foram 155 voos e 162 no mesmo período de 2023. Em Campos, os itinerários aéreos comerciais eram ofertados pela Azul, que no mês de agosto oficializou o encerramento de voos na cidade. Entidades e empresários de Campos lutam para reverter a situação.
O empresário e subsecretário de Turismo de Campos, Edvar Chagas Junior, está nesta luta há mais de 10 anos. “Primeiro comecei a lutar pela ampliação do modal aéreo. Tínhamos voos diários para o Rio, depois ficamos com voos diários para Viracopos. E hoje não temos mais nenhum voo. Hoje a minha luta é pelo retorno do modal aéreo já que Campos dos Goytacazes tem 500 mil habitantes, em pleno crescimento econômico com o Porto do Açu no Norte e Noroeste, onde representamos uma região com mais de 2 milhões de habitantes”, comentou.
Edvar destacou que, diante do atual cenário, a região está isolada do mundo. “Por não termos mais o modal aéreo em Campos e sem nenhuma perspectiva de retorno posso afirmar que a região fica isolada do mundo. Eventos, convenções e seminários estão sendo cancelados representando um grande prejuízo ao desenvolvimento”, afirmou.
Ele lembrou que quando esteve à frente da presidência da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos também defendeu a permanência dos voos comerciais no aeroporto Bartolomeu Lisandro. Também chegou a enviar ofícios para o Ministério de Portos e Aeroportos, alguns deles enviados em 2023, quando foi suspenso o voo Campos-Rio.
A atual presidência da entidade também reforça a necessidade dos voos para o desenvolvimento econômico de Campos e todo o interior do Estado. Nas décadas de 1980/90 e no início dos anos 2000 tínhamos dois voos por dia - ida e volta - ligando o aeroporto Santos Dumont, no Rio, ao Bartolomeu Lisandro, em Campos. Nem os mais pessimistas poderiam pensar que em pleno 2025 nós não teríamos mais voos comerciais. Isso coloca Campos e, por consequência, toda a região em um isolamento sem precedente e não estamos falando apenas de transportes. Estamos falando de isolamento estratégico, o que piora sobremaneira o nosso ambiente de negócio. Desde o primeiro momento quando essa crise entrou no ar, a CDL de Campos se posicionou de forma contundente contra o fim das operações da Azul no nosso aeroporto. Ao mesmo tempo regionalizamos essa pauta, somando forças com outros municípios como Macaé, também afetado pelo mesmo problema. O que está acontecendo é um desrespeito com o interior do segundo estado mais importante do país. Bom lembrar que se o Rio de Janeiro hoje é o segundo mercado consumidor do país, muito se deve à Bacia de Campos já que o forte da arrecadação fluminense é o petróleo. Perdemos o bonde e agora estamos perdendo o voo da história. Vamos continuar cobrando e com força”, declarou Fábio Paes.
Região – Edvar Junior destacou, ainda, a região Norte e Noroeste Fluminense não tem mais voos para a capital. “Não temos mais, hoje em dia, nenhum aeroporto no interior do Estado do Rio com voo para capital e para qualquer outro lugar, não tem mais. Cabo Frio foi encerrado, Macaé foi encerrado, Campos foi encerrado e Itaperuna que estava na tentativa de ter um voo, nem vai avançar com o aeroporto. Então, a gente não tem nenhuma cidade no interior do Estado do Rio e isso prejudica completamente o crescimento e o desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro”, disse.
O Ministério de Portos e Aeroportos afirma que “é necessário desenvolver o transporte aéreo, a infraestrutura aeroportuária e aeronáutica”. Entre as iniciativas nessa direção, aponta que haverá alíquota diferenciada para a aviação regional, prevista pela Reforma Tributária, além das linhas de crédito para as companhias do setor, que terão R$ 4 bilhões em recursos, perto de serem implementadas. (M.S.)
