Caso Rafael Vasconcelos completa um ano e familiares pedem por justiça
Júlia Alves 06/09/2025 08:51 - Atualizado em 06/09/2025 08:51
Júlia Alves
Um ano após ser baleado em uma tentativa de assalto em Campos e perder o movimento das pernas, o jovem Rafael Vasconcelos, de 19 anos, segue pedindo por justiça. No dia 6 de setembro de 2024, ao tentar fugir de dois bandidos em uma moto, Rafael foi atingido por uma bala que atingiu o tórax e a coluna, resultando em paraplegia. O crime foi registrado no Parque Santo Amaro. Até o momento, nenhum dos criminosos foi preso e apenas um deles foi identificado, Leonardo de Souza Junior.
A vida de Rafael mudou completamente após o crime. Ele descreve a rotina atual e revela o desejo de voltar às aulas presenciais do curso de Ciências Contábeis, assim como voltar a trabalhar, assistir ao jogo do time do coração no estádio e viajar.
“Minha rotina mudou bastante, eu tenho feito fisioterapia duas vezes por semana, tenho saído mais também e a faculdade ainda não voltei presencial, faço online. Mas, no ano que vem, pretendo voltar presencial com tudo. De manhã eu fico com o meu afilhado Pedro e na parte da tarde geralmente eu tenho ido para o fisio. Eu volto e jogo um pouco de videogame, faço as coisas da faculdade pelo computador”, contou.
  • Rafael Vasconcelos e o sobrinho Pedro, de 3 anos

    Rafael Vasconcelos e o sobrinho Pedro, de 3 anos

As sessões de fisioterapia proporcionaram a Rafael mais força e independência no dia a dia. O jovem conta que pretende usar uma órtese para ficar de pé.
“Agora já estou mais tranquilo, consigo fazer algumas coisas sozinho, ficou bem mais fácil com a fisio. Eu tenho feito mais atividades com peso e estou tendo mais força. Tenho ficado bastante em pé lá também com um suporte. Tem a questão do SARAH (hospital de reabilitação), eu não voltei lá ainda, mas da próxima vez que eu pretendo já começar as fisioterapias e fazer a órtese também para eu poder ficar em pé sozinho em casa”, explicou.
Entre os principais desafios enfrentados por Rafael está a falta de acessibilidade. No dia a dia, ele lida com barreiras nos espaços públicos. “O maior desafio hoje é a questão de alguns lugares não serem muito acessíveis, na questão da cadeira de rodas, mas eu peço ajuda a quem estiver comigo. As ruas não são muito lisas e as calçadas esburacadas”, comentou.
Arquivo Pessoal
Rafael conta que o apoio da família é essencial para enfrentar os desafios e seguir com a recuperação. A irmã Nathalia Vasconcelos, que acompanha de perto cada etapa do processo, fala sobre como tem sido o último ano.
“A família se uniu muito. Tivemos que fazer mudança, até mesmo na rotina para estar sempre presentes no cuidado e no apoio com Rafael. Foi um ano de muito aprendizado sobre força e resiliência. Vemos Rafael como um exemplo de coragem. Ele tem mostrado muita força e determinação, mesmo com as dificuldades que encontra pelo caminho. Ele inspira não só a família, mas todos que acompanham sua trajetória", contou.
Arquivo Pessoal
Ela comenta ainda que o processo foi difícil, mas também gratificante. “Cada pequena evolução na fisioterapia e nas atividades do dia a dia, é uma grande vitória para todos nós”, pontua Nathalia.
Arquivo Pessoal
Após um ano, o caso segue sem resposta. De acordo com a delegada do caso Carla Tavares, Leonardo teve a prisão decretada e está foragido da justiça. Em relação ao segundo envolvido, a delegada informou que a investigação prossegue para a identificação. Ela ainda informou que a primeira parte da investigação já está concluída.
Divulgação
Mesmo com os avanços na recuperação, a família ainda sente o peso da espera por respostas. “Sentimos que o caso só teve a atenção que merece na época do ocorrido. É muito difícil ver que mesmo diante dessa injustiça, a sensação de impunidade continua. Nossa luta não é apenas por Rafael, mas por justiça e por mais segurança para todos”, comentou Nathalia.
Rafael também ressalta a preocupação com esclarecimentos sobre o caso e a impunidade do crime. “Eu quero saber o que pode acontecer com eles, se é possível prender ou não. O que fizeram comigo realmente foi uma covardia e eu quero justiça”, disse o jovem.
Já a delegada disse que entende a preocupação da família para que o crime não fique impune, mas ressaltou que é necessário aguardar o processo para que o Juiz possa proferir a sentença, visto que, o processo segue mesmo com o autor estando foragido.
Apesar de todos os desafios, Rafael deixa uma mensagem de força para as demais pessoas que estejam passando por momentos difíceis. “Eu acho que as pessoas têm que ser persistentes e fortes, ter coragem e ficar mais próximo de Deus. Deus é o caminho de tudo. Além de se apegar também no apoio da família”, conclui.

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