Leão XIV iniciou seu ministério
O Papa Leão XIV presidiu à Santa Missa de início do seu ministério petrino na Praça São Pedro lotada de fiéis e autoridades civis e também religiosas, nesse domingo (18), às 5h (horário de Brasília) e às 10h (horário local). Antes da cerimônia, o Santo Padre passou de papamóvel, pela primeira vez, por entre as mais de mil pessoas presentes na Praça, que se aglomeraram também na “Via della Conciliazione”, que dá acesso ao lugar.
A solene cerimônia teve início dentro da Basílica Vaticana, em orações diante do túmulo do Apóstolo São Pedro, junto com os Patriarcas das Igrejas Orientais. De lá, o Evangeliário, o Pálio e o Anel do Pescador foram levados em procissão para o Altar no adro da Praça São Pedro, enquanto o coro entoava a ladainha de todos os santos.
Após a proclamação do Evangelho, três cardeais das três ordens (diáconos, presbíteros e bispos) aproximaram-se de Leão XIV para o momento das insígnias episcopais “petrinas”. O cardeal Luiz Antonio Tagle entregou-lhe o Anel do Pescador, num dos momentos mais tocantes da missa, com o Papa contendo a emoção na hora. A cerimônia ainda prosseguiu com o rito simbólico de “obediência”, prestado ao Papa por doze representantes de todas as categorias do Povo de Deus, provenientes de várias partes do mundo, entre eles, o cardeal brasileiro Jaime Spengler. Em seguida, o Santo Padre pronunciou sua homilia.
"Fui escolhido sem qualquer mérito"
Leão XIV saudou a todos “com o coração cheio de gratidão” e uma das frases mais célebres de Santo Agostinho: “Fizeste-nos para Vós, [Senhor], e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós” (Confissões, 1,1.1).
O Santo Padre recordou os últimos dias vividos de maneira intensa com a morte do Papa Francisco, “que nos deixou como ovelhas sem pastor”. À luz da ressurreição, enfrentamos este momento e o Colégio Cardinalício reuniu-se para o Conclave para eleger o novo sucessor de Pedro, “chamado a guardar o rico patrimônio da fé cristã e, ao mesmo tempo, ir ao encontro das interações, das inquietações e dos desafios de hoje”.
“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vocês como um irmão que deseja fazer-se servo da fé e da alegria, percorrendo com vocês o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família”.
Leão XIV ressaltou as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro: amor e unidade.
Jesus Cristo recebeu do Pai a missão de “pescar” a humanidade para salvá-la das águas do mal e da morte. Esta missão permanece ainda hoje, de lançar sempre e novamente a rede e navegar no mar da vida para que todos possam reencontrar no abraço de Deus.
Essa tarefa é possível porque São Pedro experimentou na própria vida o amor infinito e incondicional de Deus, mesmo na hora do fracasso e da negação. A Pedro, portanto, é confiada a tarefa de “amar mais” e dar a sua vida pelo rebanho.
“O ministério de Pedro é marcado precisamente por este amor oblativo, porque a Igreja de Roma preside na caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Não se trata nunca de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder, mas se trata sempre e apenas de amar como fez Jesus”.
Para isso, Pedro e seus sucessores devem apascentar o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas pelo contrário, deve servir a fé dos irmãos, caminhando com eles.
“Irmãos e irmãs, gostaria que fosse este o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado”.
Olhar para Cristo!
No nosso tempo, acrescenta o Papa, ainda vemos demasiada discórdia, feridas causas pelo ódio, violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres.
“E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhem para Cristo! Aproximem-se Dele! Acolham a sua Palavra que ilumina e consola! Escutem a sua proposta de amor para se tornar a sua única família. No único Cristo somos um”.
Este é o espírito missionário no qual devemos nos animar, acrescenta Leão XIV, sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo.
“Irmãos, irmãs, esta é a hora do amor!”, concluiu o Papa, exortando a construir uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo e anuncia a Palavra.
“Irmãos, irmãs, esta é a hora do amor!”, concluiu o Papa, exortando a construir uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo e anuncia a Palavra.
“Juntos, como único povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros”.