Leão XIV: sem pressa e como o Bom Samaritano, ter compaixão e parar para ajudar o próximo
Pedro Henrique Figueiredo 28/05/2025 15:55
Papa Leão XIV
Papa Leão XIV / Vatican Media
Nesta quarta-feira (28), cerca de 40 mil fiéis ouviram o Papa Leão XIV meditar sobre as parábolas do Evangelho, uma forma para “nos abrirmos à esperança. A falta de esperança, por vezes, deve-se ao fato de estarmos fixados numa certa forma rígida e fechada de ver as coisas, e as parábolas nos ajudam a vê-las de outro ponto de vista", disse o Pontífice logo no início da sua reflexão.
O Bom Samaritano
A parábola usada desta vez por Leão XIV foi uma das mais famosas de Jesus, aquela do Bom Samaritano, quando um doutor da Lei que, centrado em si mesmo e sem se preocupar com os outros, interrogou Jesus sobre quem é o “próximo” a quem deve amar. O Senhor procura mudar a ótica contando a parábola que “é uma viagem para transformar a questão”: não se deve perguntar quem é o próximo, mas fazer-se próximo de todos os que necessitam.
O cenário da parábola é: "o caminho percorrido por um homem que desce de Jerusalém, a cidade sobre o monte, para Jericó, a cidade abaixo do nível do mar", um caminho “difícil e intransitável, como a vida”, disse o Papa Leão. Durante o percurso, aquele homem “é atacado, espancado, roubado e deixado meio morto”. Uma experiência vivida diariamente, quando nos encontramos com o outro, com a sua fragilidade, e podemos decidir cuidar das suas feridas ou passar longe: "A vida é feita de encontros, e nesses encontros nos revelamos quem somos. Encontramo-nos perante o outro, perante a sua fragilidade e a sua fraqueza e podemos decidir o que fazer: cuidar dele ou fingir que nada acontece”.
A compaixão é uma questão de humanidade
Um sacerdote e um levita, que “vivem no espaço sagrado”, passam, os dois, pelo mesmo caminho. Porém, “a prática do culto não leva automaticamente à compaixão”, recorda o Santo Padre, porque "antes de ser uma questão religiosa, a compaixão é uma questão de humanidade! Antes de sermos crentes, somos chamados a ser humanos".
Muitas vezes a pressa, que é presente em nossas vidas diariamente, também pode nos impedir de experimentar a compaixão, que deve ser expressa com gestos concretos. "Aquele que pensa que a sua própria viagem deve ter prioridade não está disposto a parar por um outro", alertou o Pontífice, diversamente do samaritano que se fez próximo daquele que estava ferido.
"Este samaritano para simplesmente porque é um homem perante um outro homem que precisa de ajuda. A compaixão é expressa através de gestos concretos. O evangelista Lucas detém-se nas ações do samaritano, a quem chamamos 'bom', mas que no texto é simplesmente uma pessoa: o samaritano se aproxima, porque se se quer ajudar alguém não se consegue pensar em manter a distância, é preciso envolver-se, sujar-se, talvez contaminar”.
O Bom Samaritano toma conta dele, “porque realmente se ajuda quem está disposto a sentir o peso da dor do outro”, ressalta Leão XIV, porque “o outro não é um pacote para ser entregue, mas alguém para cuidar”. Como Jesus continua fazendo conosco, assim devemos fazer com nossos irmãos necessitados de auxílio:
“Queridos irmãos e irmãs, quando é que nós também seremos capazes de parar a nossa viagem e ter compaixão? Quando compreendermos que aquele homem ferido na estrada representa cada um de nós. E então a recordação de todas as vezes que Jesus parou para cuidar de nós, vai nos tornar mais capazes de sentir compaixão. Rezemos, então, para que possamos crescer em humanidade, para que as nossas relações sejam mais verdadeiras e ricas em compaixão”.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Pedro Henrique Figueiredo

    pedroferraz0307@gmail.com