Violência em campo, construção da democracia e a persona Arlete Sendra fecham o quarto dia da Bienal
Dora Paula Paes 02/06/2025 21:55 - Atualizado em 02/06/2025 22:52
Encontros interessantes entre escritores e público marcaram o quarto dia da 12ª Bienal do Livro de Campos, no Centro de Eventos Populares OsórioPeixoto (Cepop). O jornalista Juca Kfouri fechou a noite do evento, nesta segunda-feira (2). Antes, a escritora Arlete Sendra foi a homenageada, no Café Literário. Ainda no início da noite, o jornalista e diretor da Folha da Manhã, Aluysio Abreu Barbosa, e Carlos Augusto Alencar, da Academia Pedralva de Letras e Artes, ministraram o seminário "Democracia é uma construção", na Arena Jovem. Carlos Augusto e Aluysio focaram no debate, com interação do público, abordaram, principalmente, a democracia em um mundo tão globalizado e em tempo de polarização política.
No período da tarde, integrantes da União Brasileira de Trovadores (UBT) - Seção Campos, realizaram a “Oficina de Trovas”, na Arena Jovem. O pesquisador de cultura popular, Marcelo Sampaio comandou a conversa sobre os "85 anos de nascimento do cantor campista Roberto Ribeiro, no Café Literário. Enquanto isso, na Arena Jovem, Matheus Alves e Maria Carolina Zouain debateram "Stalkers & Haters: abusos & ódios na rede, crimes e consequências", junto ao público jovem que se aventurou na tarde de encontro na bienal.
Na parte da manhã, o espetáculo “Sessão Sol, Chuva e Tapete”, com o Grupo Tapetes Contadores de Histórias, foi a atração da Arena Maluquinha. O Café Literário recebeu a mesa “A arte de escrever e contar histórias”, com as escritoras Onalita Tavares e Ana Luiza Menezes.
Democracia pelo mundo é tema de conversa na Bienal

Na Arena de Ideias, Carlos Augusto Alencar da Academia Pedralva de Letras e Artes abriu o debate, quando ressaltou que "nós vivemos em um momento histórico em que a democracia está sofrendo ataques consideráveis, não só no Brasil, mas no mundo inteiro". A ideia da conversa com o público, explicou, é a necessidade de manter a democracia, mesmo que ela precise de ajustes. Dentro da temática "Democracia é...", o convidado, o jornalista Aluysio Abreu Barbosa, enfatizou como sendo "uma construção". Esse foi o ponto de partida para a conversa com participação do público.

Segundo Carlos Augusto, a democracia está passando por um momento complicado de ataque. "A polarização não é só no Brasil, é um fenômeno mundial, na Europa, nos Estados Unidos. Na sua opinião quais são os fatores para essa crise, neste momento da história?", questiona ele a Aluysio.

"A democracia é um processo que tem idas e vindas, com marcos históricos importantes, com mudanças e até retrocessos", respondeu Aluysio. Ele, inclusive, cita a Primavera Árabe - como ficou conhecido os protestos realizados em países árabes a partir de dezembro de 2010 contra regimes autoritários e por melhorias na qualidade de vida da população. As manifestações tiveram o auxílio das redes sociais, como ponto de atenção para o que estava por vir, como a força das mídias sociais.

Quanto à globalização, e neste ponto, os debatedores lembraram a polarização política no Brasil, eles voltam a frisar que não é somente no Brasil. "E é neste contexto que a democracia está em risco, quando se fala em risco, trata-se de retrocessos de lutas já vencidas. A democracia não é universal e a representativa, como conhecemos, foi a partir do século XVIII", salienta Aluysio.

Tanto Aluysio quanto Carlos Augusto ainda defenderam uma regulamentação para as redes sociais, hoje, praticamente "terra de ninguém", para que possam responder na Justiça pelos excessos, já que as redes sociais são ferramentas, muitas vezes usadas para disseminar ódio, com engajamento.

Em relação ao atual cenário político do país, com recorte a partir do ataque do 8 de janeiro, em Brasília - atentado ao Estado Democrático - Aluysio com base em estudo de pesquisas, disse que não é o que deseja e igualmente sem juízo de valor, porém, a um ano e três meses da eleição, há uma chance muito grande da extrema-direita chegar ao poder. O escândalo do INSS, ele aponta, pode ser uma grande ameaça ao atual governo de centro-esquerda.

Para finalizar a relação democracia-imprensa. Aluysio pontua: "Não existe democracia sem imprensa, nem imprensa sem democracia. Elas são gêmeas univitelinos".

 
 
Fotos: Rodrigo Silveira 

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