Matheus Mesquita
05/04/2025 13:22 - Atualizado em 05/04/2025 13:22
Inari Azevedo de apenas dezesseis anos nas dezesseis anos, vai competir no Mundial de Jiu-Jitsu nos Estados Unidos
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Foto: Divulgação
Jovem de Campos, de apenas 16 anos, Inari Azevedo vai competir no Mundial de Jiu-Jitsu nos Estados Unidos, no estado da Califórnia. A competição esportiva será entre os dias 29 de maio e 1º de junho. Ele que começou na modalidade aos 12 anos, tem o pai como seu grande incentivador. Inari relatou que conheceu o jiu-jitsu por meio de amigos de rua, do Parque Eldorado, em Guarus, que, depois de jogar bola, vestiam seus kimonos e encontravam no projeto social do professor de jiu-jitsu Maycon Caneca as portas abertas para um novo sonho no esporte.
O adolescente conta como jiu-jitsu mudou sua percepção de vida. Dentro de casa, explica, ele respeitava as pessoas, mas, na rua, estava sempre arrumando confusão. Até que conheceu um menino com deficiência em uma perna, que o convidou para praticar jiu-jitsu para ajudá-lo a se acalmar. Foi então que Inari decidiu embarcar nesse novo mundo.
Ao entrar no projeto social de Maycon Caneca, conheceu o próprio Maycon e o professor Matheus Galacio, sendo muito bem recebido e ganhando seu primeiro kimono. O menino disse que, a partir desse momento, começou a se tornar uma pessoa mais calma. “Fui deixando de ser esquentado por conta da disciplina que o jiu-jitsu exige.”
Com apenas um mês de treino, Inari participou de sua primeira competição em Vitória (ES) e foi campeão, chamando atenção por sua pouca experiência. “As pessoas achavam que eu não conseguiria ganhar porque tinha pouco tempo no esporte, mas, desde que comecei a treinar, quase nunca faltei a uma aula. Nunca fui aquela pessoa talentosa, mas sempre fui muito esforçado”, disse o menino, que, desde então, percebeu que era possível se tornar um atleta.
O professor de Inari, Maycon Caneca, relatou que tudo o que vem acontecendo é o início de um sonho. “A gente quer mudar as referências das crianças em um projeto social e mostrar que sonhos foram feitos para serem realizados, né? Então, você pega um menino que mora em uma comunidade e hoje está indo embora para os Estados Unidos. Há cinco, nove anos, quando começamos o projeto, a única pessoa que acreditava que isso poderia acontecer era eu. Sempre acreditei que um projeto social poderia revelar vários talentos no esporte. Mas, humanamente falando, olhando para a realidade, havia muitos motivos para dar errado. Só que ele escolheu o caminho do bem, e, no final, o bem sempre vence. Acredito que ele será o primeiro de muitos que ainda estão por vir.”
Inari disputou diversos campeonatos e, no ano passado, conseguiu um visto de emergência para competir no Pan-Americano, nos Estados Unidos. No entanto, ele não poderia retornar antes de renovar o visto e, no dia 24 de março, obteve um visto de 10 anos, garantindo sua participação no Mundial, em junho, na Califórnia.
A jovem promessa campista do jiu-jitsu falou sobre a realização desse sonho. “É a realização de um sonho. Agora estou com dezesseis anos e é minha segunda vez pisando em solo estadunidense. Nunca tive condições financeiras, mas isso nunca foi desculpa para mim. Desde os 12 anos, vou para o sinal vender bala e rifas para arrecadar dinheiro e competir nos campeonatos. Agradeço e dedico tudo isso ao meu pai, Ieldo, que sempre esteve comigo e me apoiou nessa jornada.”
Com muita confiança e coragem, o rapaz embarca para esse sonho no próximo dia 7 de abril para Califórnia, espera escrever seu nome, mas com a certeza que sair de Campos para essa nova jornada já é parte desse sonho concretizado.