Fazenda Maruim Amada, em Campos, é ocupada por movimento da reforma agrária
Rafael Khenaifes e Júlia Alves 01/12/2025 08:34 - Atualizado em 01/12/2025 13:19
Ato de ocupação
Ato de ocupação / Divulgação
Integrantes de um movimento independente da reforma agrária ocuparam, na noite desse domingo (30), a Fazenda Maruim Amada, na localidade de Caxeta, em Campos. A Polícia Militar chegou ao local na manhã desta segunda-feira (1º) e, até o momento, a ocupação se encontra de forma pacífica.
"Comunicamos que nós, do acampamento Leonel Brizola 02, ocupamos na noite de domingo, 30/11, a fazenda Maruim Amada. Hoje pela manhã os arrendatários comunicaram a polícia militar e a polícia rural (...) Essa fazenda foi entregue à União e o Incra já solicitou para reforma agrária. Somente aguardando liberação para entrega à reforma agrária", disse o comunicado dos integrantes, que permanecem no local. 
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Segundo um dos integrantes, a Fazenda Maruim Amada foi oferecida pelo próprio Grupo Othon, junto com as fazendas São Cristóvão e Santa Luzia, para o Incra, a título de reforma agrária.
Uma outra integrante do movimento independente, que preferiu não se identificar, falou sobre a luta e a reivindicação do grupo.
“Nós estamos já há dois anos nessa luta. Nós éramos do acampamento de Pernambuca, que foi dividido em dois. Ficou um lá perto da patrulha rodoviária e nós viemos para a luta aqui na Fazenda Maruim Amada porque o processo daqui estava bem mais adiantado. Nós não queremos expandir na terra deles por enquanto. Nós estamos querendo ficar acampados porque nós temos crianças, especiais, e não dá para a gente ficar acampado na beira da pista. Nós já vamos fazer um ano lá. Então, preferimos ficar acampados aqui dentro. Nossa reivindicação é que a gente aguarde o término do processo dentro da fazenda”, explica. 
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou através de nota que equipes da corporação ainda estão no local e que as ações seguem em andamento.
Paulo Ronan é representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e esteve no local para tentar resolver a situação. Ele é da Conciliação Agrária e comentou sobre a ocupação nesta fazenda.
"Essa propriedade aqui passa por um processo junto a Receita da Fazenda Nacional de adjucação. Eles são devedores e chegou a um certo momento que a Procuradoria da Fazenda Nacional está negociando com os proprietários a cobrança dessa dívida. O Incra já manifestou interesse em criar um assentamento nessa área, caso seja utilizada como pagamento da dívida. O movimento está meio que pressionando para que as decisões ocorram, porque é um processo que envolve negociação, mas eles estão já há algum tempo acampados nesse tipo de reivindicações que eles fazem de montar acampamento e eles decidiram ocupar a área que a gente está negociando", comentou.
A Folha entrou em contato com o Incra através de e-mail e aguarda um retorno. 
Segundo um integrante do movimento, após a reunião com o representante do Incra, Paulo Ronan, policial militar e policia rural, ficou acordado que no decorrer do dia serão realizadas conversas com representantes da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, do Grupo Othon, da Federação dos Trabalhadores Agrícolas (Fetagri) e os integrantes do acampamento, para chegar num possível acordo para que eles possam permanecer na propriedade sem avanço nas terras, "a título de realizar cadastro das famílias acampadas e aguardar as tratativas entre a Fazenda Nacional e o Incra, que por sua vez já demonstrou interesse na propriedade para reforma agrária".
"Nossas principais demandas com está ocupação pacífica são a permanência na fazenda até a entrega das terras para reforma agrária e a realização de cadastro das famílias pelo Incra no local da ocupação. Somos cerca de 110 famílias acampadas, entre crianças, idosos, mulheres, pessoas PCDs, neurodivergentes, jovens e adultos", disse outro integrante.
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