São Francisco lança exposição de arte inédita
21/01/2023 | 01h15
Lançada na última quarta-feira (18), durante as comemorações dos 28 anos de emancipação de São Francisco de Itabapoana, a SanfrArte - Exposição Coletiva Inédita de Artes Plásticas marcou “um novo tempo de valorização da cultura na cidade”. A abertura da exposição, que conta com artistas exclusivamente são franciscanos, aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade e ficará aberta para visitação até 31/01, das 9 às 17 hrs.

A curadoria é de Carlos Alberto Felix, assessor na Secretaria de Educação e Cultura de São Francisco (Smec). A prefeitura não possui uma pasta exclusiva para cultura, mas criou um departamento cultural, este coordenado por Carlos Júnior Silva, que disse que a iniciativa "veio para ficar”.

— A exposição, a Sanfrart, nasceu na Semec com nossa equipe, e foi uma grande conquista que teve, claro, a autorização de nosso secretário, Robson Santana e com o apoio da Câmara. A Sanfrart é mais que uma exposição, é um conceito que veio para ficar, onde pretendemos dar visibilidade permanente aos nossos artistas plásticos, e desenvolver outras iniciativas relacionadas às artes visuais ao longo deste ano — disse Carlos Júnior.
Reprodução rede social
São Francisco de Itabapoana e a cultura

O antigo “sertão de São João da Barra”, hoje São Francisco do Itabapoana, foi emancipado em 1995, e tem o rio Paraíba do Sul como divisa entre os municípios que o circundam. O rio, de “mágica torrente” e “soberano dos prados e vergéis”, como cantou Azevedo Cruz e Newton Périssé no hino de Campos, completa uma paisagem idílica, muito propícia à arte e à cultura.

A história e os elementos naturais de São Francisco são objetos das artes que estão representadas na exposição. A ideia foi manter expostas obras de artistas locais que justamente trabalham essa temática. O extenso município conta com três distritos: São Francisco (Centro), Barra de Itabapoana e Maniva, com sede em Praça João Pessoa. De acordo com o IBGE, são mais de 42 mil habitantes e 60 quilômetros de litoral.

O litoral do município produz e sopra o quase cultural vento nordeste. Considerada a terceira região que mais venta no Brasil, a praia são franciscana Gargaú possui uma usina de energia eólica, onde é produzida dia e noite, por pás brancas imensas que buscam nos ventos os seus giros.
“Hoje está ventando nordeste”, é provavelmente uma frase carregada de memória afetiva da maioria dos moradores de São Francisco, dita por mães ou avós, que abriam as janelas da sala, sem medo de fazer voar os papéis que estavam sobre a mesa. Uma das telas da exposição retrata o vento, sendo soprado por uma representação humana, com símbolos musicais e gráficos.


Gargaú é uma palavra de origem tupi, que significa peixe-boi, ou “guarará” — a praia foi nomeada assim por uma corruptela desse nome indígena. Guaxindiba (outra nome tupi-guarani), Manguinhos, Sossego e Sonhos completam o belo litoral do município.

Sanfrart

Isaac Jerez, um dos artistas que possuem obras na exposição, fala sobre a iniciativa e sobre sua obra “O Moai do Conhecimento”, tela que retrata a história da praia de Manguinhos, mais precisamente sobre a chegada, por navios, de pessoas escravizadas. Desde 1997, a praia é registrada como sítio arqueológico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).


O local, conhecido como “Porto de Manguinhos”, foi ponto de desembarque clandestino de escravizados africanos. As ossadas começaram a ser encontradas no local na década de 1970. De acordo com um trabalho da Universidade Federal Fluminense (UFF), há também ossadas de traficantes de escravos de São João da Barra naquela praia.
O artista ressalta que há muitas obras expostas na Sanfart, com vários artistas locais. Disse ser um "privilégio" participar dessa iniciativa inédita no município: 
Foto: Isaac Jerez
— Participar da primeira exposição de arte de São Francisco é um privilégio. Promover o conhecimento artístico e cultural em nossa sociedade, reunindo artistas locais com o intuito de valorizar suas obras de artes e seus trajetos artísticos, é essencial. A curadoria de cada obra foi baseada através das técnicas e temas culturais em sua maioria regionais, religiosos e históricos. Usando em suas obras elementos como pontos turísticos, fábricas desativadas, e outros elementos que fizeram parte da economia são franciscana, além de igrejas, santos, cocares indígenas e barcos negreiros desembarcando para comercialização de escravos, como uma de minhas três obras expostas — contou Isaac.


A Sanfart fica aberta para visitação até o próximo dia 31, na Câmara de Vereadores de São Francisco de Itabapoana. O local já recebeu centenas de visitantes, além de escolas municipais e da colônia de férias da APAE.
A exposição espera realizar encontros culturais, café literário, e contar com boa música. A equipe da Sanfart econvida os moradores dos municípios vizinhos para prestigiarem a exposição. Mais informações no site da prefeitura de São Francisco e no Instagram da Semec.
Reprodução rede social


Comentar
Compartilhe
Sobre o autor

Edmundo Siqueira

edmundosiqueira@hotmail.com