Mosteiro de São Bento de Mussurepe é reaberto ao público
20/12/2022 | 05h57
Mosteiro de São Bento
Mosteiro de São Bento
Fundado no século XVII por Frei Bernardo de Montserrat e fechado para restauração em 2017, o Mosteiro de São Bento, em Mussurepe, reabriu as portas na semana passada. O anúncio foi feito na última sexta-feira (16) por Dom Bernardo Queiroz, administrador do prédio, que é tombado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam) há 10 anos e, desde 2021, também pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).
— Uma nova comunidade beneditina se faz presente. Uma nova comunidade, com as bênçãos dos superiores da congregação beneditina do Brasil e de nosso bispo diocesano, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz — publicou Dom Bernardo Queiroz nas redes sociais.
A nova comunidade monástica é oriunda do Mosteiro Nossa Senhora da Ternura, da cidade de Formosa, em Goiás, tendo entre os integrantes o novo prior, Dom Inácio Maria Veiga; além de Dom João Crisóstomo Maria, Dom Bernardo Maria, Dom Pio Maria e os monges Estevão Maria e Gabriel Maria. Estes aceitaram o desafio de dar continuidade à missão evangelizadora e catequética na Baixada Campista, iniciada em 1648, com a chegada à região do padre e fazendeiro Frei Fernando de São Bento.
Para o bispo Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, a reabertura do mosteiro é um presente no centenário da Diocese de Campos, completado no último dia 4.
— Representa voltar às raízes da evangelização na Baixada Campista. É um patrimônio espiritual e religioso que permanece vivo na Caminhada de Santo Amaro. Mas, não apenas o caminho espiritual será revitalizado com o respirar da espiritualidade beneditina. A tradição orante e a cultura serão renovadas pela presença dessa ordem, que sempre levou muito a sério o diálogo da fé com a cultura. Em especial, a liturgia será beneficiada com os monges, os grandes precursores da Reforma do Concílio Vaticano II. São muitos os frutos com a reabertura do mosteiro em Mussurepe — destaca Dom Roberto Francisco.
Um dos incentivadores e entusiastas desta reabertura é o jornalista Orávio de Campos Soares, ex-presidente do Coppam. Durante a sua gestão, em 2015, o conselho municipal acionou o Ministério Público para denunciar o Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, mantenedor do de Mussurepe, para denunciar a má conservação do prédio. À época, havia risco de desabamento do telhado.
— Sinto ter contribuído, com o apoio do senhor bispo Ferrería, para que tudo esteja acontecendo, enaltecendo a missão beneditina nas áreas de produção da Baixada Campista, tão plena de tradições culturais e religiosas — comenta Orávio.
Entre os monges beneditinos que passaram por Campos na história, tem destaque a figura de Dom Bonifácio Plum. Foi ele o grande responsável pelas construções da Igreja Nossa Senhora das Graças, em Baixa Grande, e do Colégio Santa Teresinha, em Mussurepe, onde Dom Bonifácio inclusive dá nome a uma rua. Também é muito lembrada nesta localidade a figura de Dom Beda Gonçalves de Andrada e Silva, ex-administrador do mosteiro, que morreu em 2017, tendo atuado na região por mais de duas décadas.
— Sempre fui muito apegado a Dom Beda, e, através dele, passei a amar a vida contemplativa monástica. Creio que, com certeza, ele está muito feliz com a chegada dos monges em nosso mosteiro. Nossa alegria é grande, já que o sonho dele era esse mosteiro restaurado e com uma comunidade — destaca o acólito e organista Carlos Henrique de Almeida Alvarenga, de 17 anos.
Durante o período em que o prédio ficou fechado para restauração, alguns fiéis católicos partiram sem conseguir vê-lo reaberto. Um deles foi o professor Alcy Gomes Barreto Viana, que atuou como coroinha, acólito e colaborador na parte musical de eventos no mosteiro. Vítima da Covid-19, ele trabalhava como professor e diretor da Escola Municipal Chrisanto Henrique de Souza, no Açu, em São João da Barra, cidade onde faleceu em 2021. “Não podemos esquecer do nosso querido e saudoso Alcy. Sempre dedicou a sua vida ao mosteiro e às coisas de Deus”, recorda Carlos Henrique.
Desde a reabertura do templo religioso, estão sendo realizadas missas de segunda-feira a sábado, às 6h30, e aos domingos, às 11h e às 18h, celebradas por Dom Inácio Maria Veiga. As celebrações das 11h de domingo são conventuais, fazendo uso do Canto Gregoriano.
O Mosteiro de São Bento é um símbolo histórico da presença dos monges beneditinos em Campos, a partir de 1648, motivada inicialmente pelo recebimento de terras doadas à Ordem de São Bento, à época já presente na cidade do Rio de Janeiro. Em 1965, o prédio foi atingido por um incêndio, que destruiu o altar e imagens de madeira como as de São Bento, Nossa Senhora do Rosário e Santa Escolástica. Em seu período como administrador do mosteiro, Dom Bernardo Queiroz liderou um trabalho de valorização e resgate do legado beneditino.
Foto: Interior do Mosteiro de São Bento
Foto: Interior do Mosteiro de São Bento / Foto: Reprodução/Facebook
Comentar
Compartilhe
Sylvia Paes é a nova diretora de Artes e Culturas da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima
01/12/2022 | 02h14
Sylvia Paes ao lado de Kátia Macabu
Sylvia Paes ao lado de Kátia Macabu / Foto: Secom
A professora, historiadora e escritora Sylvia Paes é a nova diretora de Artes e Culturas da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Ela foi a escolhida para substituir Kátia Macabu, braço direito da presidente da  fundação, Auxiliadora Freitas, desde o início do governo Wladimir Garotinho. A troca foi anunciada pela Prefeitura nesta quinta-feira (1°), agradecendo em nota a Kátia pelos serviços prestados
A possível saída de Kátia Macabu, por decisão própria, vinha sendo comentada nos bastidores do setor cultural da cidade nas últimas semanas. Escolhida para substituí-la, Sylvia Paes é atuante na causa da preservação da memória campista. Já foi presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Campos e integrante dos Conselhos Municipais de Cultura e de Proteção ao Patrimônio Arquitetônico, além de ser membro da Academia Campista de Letras, em cuja sede relançará no próximo sábado (3) o seu livro "Oculta exuberância: Cemitérios como museus”. Também já atuou em equipamentos como Museu Olavo Cardoso, Biblioteca Municipal Nilo Peçanha e Museu Histórico de Campos.
Até então no cargo, a diretora teatral e atriz Kátia Macabu foi uma das responsáveis pela elaboração do plano de gestão "Culture, Campos - com horizonte". Também teve atuação importante na organização da 11ª Bienal do Livro e da edição do ano passado do Festival Doces Palavras, entre outros eventos.
Comentar
Compartilhe
Escritório técnico do Inepac em Campos será inaugurado quarta-feira
21/11/2022 | 05h00
Diretora do Inepac esteve no Museu Histórico em março
Diretora do Inepac esteve no Museu Histórico em março / Foto: Antônio Filho/Secom
Divulgado pela Folha em julho de 2020, o escritório técnico do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) enfim será inaugurado. A cerimônia está marcada para quarta-feira (23), às 10h, no Museu Histórico, onde ficará instalado o mesmo, tendo o arquiteto Geovani Laurindo Filho como responsável técnico. O escritório atenderá à demanda de todo o Norte Fluminense referente ao acompanhamento da preservação histórica.
Planejado pelo historiador Claudio Prado de Mello, que presidia o Inepac em 2020, após tratativas com órgãos como o Museu Histórico e o Instituto Histórico e Geográfico de Campos, o escritório técnico regional do Norte Fluminense é fruto de um termo de cooperação técnica entre a secretaria estadual de Cultura e Economia Criativa e a Prefeitura de Campos, por meio da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. O então presidente do instituto estadual, Cláudio Prado de Mello, fez uma visita técnica ao Museu Histórico em 2020, bem como o seu substituto, Cláudio Elias, no ano passado. Enfim, a instalação será cumprida pela atual presidente do Inepac, Ana Cristina Carvalho, que também visitou o museu, em março deste ano. Um dos entraves durante todo o processo foi a definição do responsável técnico, cargo que inicialmente seria ocupado pelo arquiteto Humberto Neto das Chagas, mas terminou com Geovani Laurindo Filho.
Em toda a região, há 20 bens tombados pelo Inepac, dos quais nove estão em Campos. São eles: a Serra do Mar, o coreto do Jardim do Liceu, o Canal Campos-Macaé 1, os hotéis Amazonas e Gaspar, a sede da Lira de Apollo, o próprio Solar dos Visconde de Araruama, o Colégio Estadual Nilo Peçanha e o Liceu de Humanidades. Existe um processo de tombamento do Mercado Municipal, que completou 101 anos em setembro, ainda sem a promessa cumprida. Segundo o Inepac, será feito um trabalho junto às prefeituras de Campos, Carapebus, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana e São João da Barra, para mapear os bens culturais da região.
A inauguração do escritório virá quatro dias após um incêndio ter atingido o prédio do antigo Hotel Flávio, no Centro de Campos. O imóvel, todavia, é tombado apenas pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam), e não pelo Inepac.
Comentar
Compartilhe