
O saudoso comerciante Espiridião Fadul, um gentleman, era frequentador assíduo do Calçadão, do Café do Ceceu e do Café Orion, onde batia ponto algumas vezes ao dia, ora em um, ora em outro.
Pessoa muito querida, Espiridião estava sempre cercado por amigos, ouvindo e contando causos e fatos divertidos, muitos deles sobre lojistas da área.
Um desses relatos, que me foi passado pelo próprio Espiridião, envolveu uma pessoa que chegou ao Café do Ceceu e pediu um pastel.
Quando o pastel está no finzinho, o sujeito vira para a garçonete e diz:
— Este pastel está estragado. Quero que troque por uma empada.
A menina fica na dúvida e olha para Ceceu, que fala para ela:
— Dê-lhe uma empada.
O sujeito come a empada, limpa a boca com a manga da camisa e vai saindo. A garçonete o chama, quando já está ganhando a calçada da rua.
— O senhor não vai pagar a empada?
— Pagar a empada? Eu não a troquei por um pastel?
— Mas o senhor não pagou o pastel!
— Mas se o pastel está estragado, como a senhora se atreve a me cobrar?
Encantado com a cara de pau do freguês, Ceceu vira para a funcionária e fala que está tudo bem. Ato contínuo, chama o sujeito e diz:
— Escuta aqui. Toma um real e vai ao meu concorrente, o Jorge (do Café Orion), e faça a mesma coisa.
A proposta é recusada:
— Como senhor se atreve a menosprezar a minha capacidade? Se o Jorge me deu dois reais para fazer o que fiz aqui, o senhor só quer me dar um real?