Morte do Papa Francisco comove o mundo
Pedro Henrique Figueiredo e Rafael Khenaifes 23/04/2025 11:15 - Atualizado em 23/04/2025 11:18
Papa Francisco com uma pomba, símbolo da paz
Papa Francisco com uma pomba, símbolo da paz / Divulgação
O Papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio, morreu aos 88 anos às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local, dessa segunda-feira (21). O Vaticano confirmou o falecimento. Por 12 anos, o pontífice ocupou o cargo máximo da Igreja Católica. As causas da morte do Papa Francisco foram um acidente vascular cerebral (AVC) seguido de um quadro de insuficiência cardíaca irreversível, conforme informou o Vaticano. A morte do Papa repercutiu em todo mundo.
Francisco será enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e não na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A última vez que isso aconteceu foi em 1903, com o enterro do papa Leão XIII. Ele foi o Papa de número 266 da Igreja Católica.
Uma série de ritos e procedimentos, neste momento, serão seguidos. Eles foram estabelecidos na Constituição Apostólica “Universi Dominici Gregis”, estipulada pelo Papa João Paulo II no ano de 1966. Essas diretrizes regulamentam desde a constatação oficial da morte até a preparação para a eleição do novo pontífice.
Por meio de nota, a Diocese de Campos lamentou a morte do Papa: “Unidos em oração, a Diocese de Campos decreta luto oficial de 3 dias, onde ficam suspensas as reuniões de grupos e movimentos”.
Consternado, o bispo Dom Roberto Ferrería Paz estendeu suas condolências. “O que temos a dizer é que não perdemos só um Papa, perdemos uma liderança mundial, que nesse momento, nesse cenário de crise civilizatória, ele era uma luz. A morte do Papa Francisco é uma perda muito grande para a humanidade. Deixa um legado riquíssimo, não um legado material, mas um legado de causas. A causa da paz, a bandeira da paz, a bandeira verde, azul das matas e das águas, ou seja, da criação. E a bandeira marrom dos pobres”, disse.
O bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, Dom Fernando Arêas Rifan, também emitiu nota de pesar. “O Papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano, marcou profundamente o coração da Igreja com seu zelo pastoral e com o testemunho de vida evangélica. Sua última bênção, pronunciada ontem na sacada da Basílica Vaticana, ressoará como sinal de esperança para o povo de Deus”, disse.
Um dos fiéis que teve um encontro emocionante com o Papa Francisco foi Felipe Quintanilha. Ele contou como foi estar próximo ao Santo Padre durante uma missa.
“Tive a oportunidade de assistir a uma Missa do Papa Francisco, então Arcebispo de Buenos Aires. Ele gostava de rezar na Catedral de Buenos Aires. Na ocasião, eu estudava na Argentina. Tive a oportunidade de frequentar a Missa toda semana. Então, participei de uma Missa do Arcebispo Jorge Mario Bergoglio. Foi muito impactante porque assisti algumas Missas de Bergoglio, eu via o Papa Francisco como uma pessoa muito simples. Anos depois seria eleito Papa. Bergoglio fazia questão de andar pelas ruas e cumprimentar as pessoas, uma figura muito humana, muito humilde. O Papa ainda fazia questão de dizer que era apaixonado por futebol”, relatou.
Nascido em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, na Argentina, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história. Ele também foi o primeiro pontífice da era moderna a assumir o papado após a renúncia do seu antecessor e, ainda, o primeiro jesuíta no posto. (P.H.F.) (R.F.) (A.N.)
Pontífice pediu ritos fúnebres mais simples
Francisco pediu ritos fúnebres simples. O caixão com o corpo do pontífice será trasladado da Capela de Santa Marta, casa onde viveu o pontífice, para a Basílica de São Pedro nesta quarta-feira (23) e ficará exposto para homenagens do público. O traslado terá procissão que passará pela Praça Santa Marta e pela Praça dos Protomártires Romanos, sairá pelo Arco dos Sinos em direção à Praça de São Pedro e entrará na basílica pela porta central.
O funeral pode reunir cerca de 200 chefes de Estado e de governo. O primeiro a confirmar a ida ao funeral foi o presidente argentino, Javier Milei. O presidente Lula também confirmou a ida ao funeral do Santo Padre.
O corpo do Papa está na capela da casa Santa Marta, com um rosário nas mãos e vestido com a casula vermelha, o pálio e a mitra branca na cabeça. O caixão foi colocado no local na parte da tarde dessa segunda-feira (21) após constatação da morte presidida pelo camerlengo.
Após o funeral, a Igreja entra em um período de luto de nove dias, chamado de “Novendiales”. Durante esse período são celebradas missas especiais em honra ao Papa falecido. O Colégio de Cardeais, durante esse tempo, se reúne para preparar o conclave, onde será eleito o próximo Pontífice.
“Sempre confiei a minha vida e o ministério sacerdotal e espiscopal à Mãe do Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que os meus restos morais repousem, esperando o dia da ressureição, na Basílica Papal de Santa Maria Maior. O sofrimento que esteve presente na última parte de minha vida eu o ofereço ao Senhor pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos”, finalizou o testamento do Papa Francisco (Franciscus).
Missa em sufrágio é realizada na Catedral, em Campos
Fiéis lotaram a Catedral Basílica Menor do Santíssimo Salvador, em Campos, na noite dessa segunda-feira (21), para a Santa Missa em sufrágio do Papa Francisco, presidida pelo Bispo Diocesano, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz. Sacerdotes dos 17 municípios que compõem a Diocese de Campos também se fizeram presentes.
“Tive a chance de conhecer o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires, homem de hábitos simples. Mais tarde, revi o homem que se tornara Papa e estava no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude. Em 2022, nosso último encontro foi no Vaticano, com a por unidade do diálogo, a escuta de um Papa que sempre valorizou o diálogo. Posso dizer que, no pontificado de Francisco, aprendi a ser Bispo, pois seus ensinamentos mudaram minha visão”, disse Dom Roberto, bastante emocionado.
Luto Oficial — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou nesta segunda-feira (21) luto oficial de sete dias em homenagem ao papa Francisco. Por meio de nota, o presidente Lula destacou o legado do pontífice e lamentou profundamente a perda de uma “voz de respeito e acolhimento ao próximo”. E ressaltou ainda que Francisco viveu e propagou valores como o amor, a tolerância e a solidariedade. “Assim como ensinado na oração de São Francisco de Assis, o Papa buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia”, disse.
O presidente também destacou a atuação do papa em temas centrais da agenda social e ambiental global. “Ele sempre se colocou ao lado daqueles que mais precisam: os pobres, os refugiados, os jovens, os idosos e as vítimas das guerras e de todas as formas de preconceito”, afirmou Lula.
Já em Campos, o prefeito Wladimir Garotinho decretou luto oficial de três dias em publicação da edição extra do Diário Oficial dessa segunda.
O governador Cláudio Castro também decretou luto de três dias. “Francisco iluminou nossas vidas com esperança, amor e misericórdia, aproximando a Igreja de todos os povos”, lamentou.
Manifestações contra guerras marcaram papado
Os 12 anos do pontificado do papa Francisco foram marcados pelas recorrentes denúncias do chefe da Igreja Católica contra as guerras em curso no mundo, em especial, os conflitos na Faixa de Gaza e na Ucrânia, mas também as guerras no Sudão, no Congo, no Líbano, no Iêmen e na Síria.
Na última aparição pública no domingo (20) de Páscoa, o papa Francisco, mais uma vez, apelou pela paz na Ucrânia e pelo cessar-fogo em Gaza.
Foram diversas as manifestações do líder católico sobre Gaza. Quase todas as noites, ele ligava para a paróquia do enclave palestino para saber como a comunidade local estava. “É com dor que penso em Gaza. Ontem foram bombardeadas crianças. Isto é crueldade. Isto não é guerra”, disse Francisco no discurso do Natal de 2024.
O papa Francisco sugeriu que a comunidade global deveria estudar se a investida militar de Israel em Gaza constitui um genocídio do povo palestino. O chefe da Igreja também vinha defendendo a entrada de ajuda humanitária em Gaza, o que vem sendo impedido por Israel.
A guerra na Ucrânia também preocupava o líder da Igreja Católica. Tanto ele quanto outros representantes do Vaticano mantiveram diálogo com russos e ucranianos para que se chegasse a um acordo que levasse ao fim do conflito, para troca de prisioneiros e outras tréguas.

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