Caio César: 'Bacellar e Paes são peças-chave'
Mário Sérgio Junior 26/04/2025 08:54 - Atualizado em 26/04/2025 09:26
“Está muito cedo, mas eu acho que o Rodrigo, quanto o Eduardo, provavelmente devem estar lado a lado nesse confronto”, disse o vereador de São João da Barra, Caio César (PV), durante sua entrevista no Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, nessa sexta-feira (25). O parlamentar disse que o presidente da Alerj e o prefeito do Rio são peças-chave para potencializar o grupo deles. Caio analisou, ainda, os primeiros 100 dias do governo da prefeita Carla Caputi (União) e da vereadora Sônia Pereira (PT) na presidência da Câmara Municipal, e a ambas deu nota 9,8. Parlamentar de primeiro mandato, Caio César também analisou os problemas do município com o abastecimento de água, o avanço do mar em Atafona, as perspectivas para o Porto do Açu e a ideia de criar um Fundo Soberano.
Disputa ao Estado — “O Eduardo Paes é muito popular, na capital é um cara extremamente popular. Tem a sua história lá, o povo carioca se identifica muito com ele, mas é capital. A gente não sabe até quando a capital tem o poder e a força para ele dizer assim, eu vou focar aqui, eu vou trazer um vice daqui. Porque ele colocar um vice de lá, ele vai estar só olhando para a capital. Ele não sabe se a capital tem esse poder todo para eleger ele. E tem o Rodrigo, cara que vem crescendo, do interior aqui, de Campos. É uma inspiração também, falando politicamente, porque ninguém chega aonde ele chegou à toa. Ninguém consegue essa situação toda em pouco tempo de espaço à toa. Ele foi o presidente da Alerj com a maioria dos votos, foi tudo. Eu acho que muita coisa para ser direcionada. O Rodrigo tem o interior com ele. E o vice do Claudio fala que vem, aí fala que não vem, aí tem o próprio Wladimir também, que às vezes dá essa ponta, vai na capital e fica por lá”.
Alianças para Bacellar e Paes — “Está muito cedo, mas eu acho que o Rodrigo, quanto o Eduardo, provavelmente devem estar lado a lado nesse confronto. Porém, tem uns candidatos ideológicos. Você tem o Tarcísio, tem o (Rodolfo) Landim. Aí vai dessa conversa, dessa relação, ou com o Rodrigo ou com o Eduardo, que são peças-chaves para essa galera potencializar o grupo deles. Porque querendo ou não, o Tarcísio junto com o Rodrigo, é uma peça-chave na capital para ele lá. E o Wladimir seria uma peça-chave no interior para Eduardo. Então, são coisas que tendem a acontecer. Não estou dizendo que vai acontecer, mas é um cenário hoje que eu vejo, mais ou menos”.
Candidatura de Wladimir — “É um cenário, porque se eu não me engano nós nunca tivemos aqui um senador ou uma senadora do interior. Nem sei se ele já falou sobre isso, quem buscou foi a Clarissa Garotinho, irmã dele, há pouco tempo atrás. Muito bem votada para o Senado. O grupo de Wladimir tem essa conexão, esse contato com o interior, esse poder de diálogo com as lideranças. Então, não falo que nunca vai acontecer ou que não vai acontecer. Para isso acontecer, ele tem que falar que vai acontecer. Talvez eu não veja esse cenário hoje, mas também não falo que não vai acontecer. Só quem pode falar que vai acontecer é ele”.
Eleição — “Eu não imaginava que poderia acontecer agora. Existia um projeto sim, mas isso era a longo prazo para acontecer. Já tinha até acontecido a convenção, porém, sempre que o meu primo tinha um partido na mão, ele me colocava dentro da nominata, sem eu mesmo precisar vir, algo para caso alguém desistisse. Eu falei, Paulinho, então vamos ver, coloca o meu nome aí, caso alguém desista. Mas dessa vez desistiram, aí pintou essa oportunidade. 411 votos em 2020, fui um dos candidatos mais votados ali no meu reduto, São João da Barra, Atafona. Mas cidade pequena é muito complicado a gente fazer uma campanha em três meses, em quatro meses. Então eu tinha assim só minha família mesmo e amigos mais próximos para estar podendo contar, porque é um desafio muito grande”.
Secretariado — “Eu venho do Executivo, venho como secretário de Esporte. Então, essa pouca experiência que a gente tem, de ordenar despesas, ter esse contato com o secretário de Fazenda e saber como funciona essa parte, tive toda essa oportunidade. Porque, para quem não sabe, as comissões são assuntos mais internos, assuntos mais detalhados de cada função, de planejamento futuro, de coisas que o município e a Câmara terá que andar de mãos dadas financeiramente, alguns impactos. A gente vem estudando junto com toda a equipe da Câmara, com a Procuradoria. Tive um contato recentemente com o secretário de Fazenda, que me mostrou algumas projeções que o Executivo vai ter durante esse ano. Não só a parte municipal, estadual, mas federal. Está oscilando muito a parte econômica. A caída dos royalties também, se tenha subido logo mais para frente. Então, a gente vem se baseando muito um pouco nessa experiência de Executivo, com essa interlocução com secretários, essa parceria que eu sempre tive dentro do governo e sempre tive dentro da gestão”.
Oportunidade — “Essa oportunidade que eu tive de estar como vereador hoje, eu aproveitei muito essa oportunidade de ser secretário. Tentei colher todas as informações que eu pude, de conhecimento, que pudesse acrescentar. Eu fechei esse ciclo de secretário e hoje na vereança é totalmente diferente. Claro que é a prerrogativa do vereador é fiscalizar, mas eu gosto de gente, de estar perto das pessoas e estar ouvindo também. Porque não adianta estar lá engravatado atrás do plenário, fazendo requerimentos, fazendo projetos de lei, se a gente não está ouvindo com carinho o que o povo tem a dizer. Acho que a principal ferramenta do vereador é a prorrogativa de fiscalizar, estar perto do povo. Estou sempre buscando estar perto da população, buscando os anseios, projetos de lei que possam impactar diretamente na vida da população, dos jovens”.
Projetos — “Falei com ela (Carla Caputi) sobre o posto de Grussaí, a UBS. Falei e expliquei a ela que aquela população vem crescendo muito, talvez seja um dos maiores bairros de São João da Barra. Chapéu do Sol hoje tem mais de duas mil pessoas morando lá. São mais de 17 ruas. Hoje, Chapéu do Sol tem um dos maiores investimentos imobiliários na nossa cidade, que são condomínios, investimentos de mais de R$ 15 milhões. Então eu mostrei para ela o potencial daquela localidade e precisamos de uma UBS lá. Claro que o espaço de lazer, outros espaços públicos vão vir, mas eu acho que a saúde em primeiro lugar”.
100 dias — “São João da Barra hoje cresce desesperadamente. Até 10 anos atrás, 12 anos atrás, tinha 28 ou 29 mil habitantes. Foi para 33, 35, 38, e hoje tem 42 mil eleitores. A expectativa é que possa chegar a 50 mil nos próximos anos agora. Então, mostrei a ela que a nossa cidade vem crescendo muito, que eles precisam de equipamentos públicos, que eles possam acompanhar. Então, os nossos 100 dias foi pautado nessa situação, de ouvir a população, de levar requerimentos e indicações que possam estar impactando a vida da população”.
Soninha presidente — “É uma série de coisas. Hoje são 13 vereadores, lá atrás eram nove. São coisas que, realmente, ela teria que abrir outras licitações internamente para resolver outras situações. Então, a gente dá esse tempo, sabe que precisa desse tempo. Então, tudo isso fez que eu desse esse voto de confiança para ela ser a presidente. Me acolheu com muito carinho, de primeiro mandato. Venho procurando e pedindo informação a ela, por mais que ela seja aquela pessoa agitada. Acolheu muito bem os novatos lá na Câmara. Tudo muito novo para ela. Então assim, se for dar nota, porque eu gosto de dar nota quando fecha o biênio, mas eu vou dar 9,8 para ela”.
Nota para Carla — “Eu vou manter a pegada de Sônia, 9.8. A prefeita vem fazendo um trabalho de casa bem feito, vem dando um prosseguimento. Algumas ações que vinham acontecendo lá atrás, continuidade em obras, continuidade em projetos sociais de suma importância para nossa população. De tanto se pedir dos cartões, relacionado à grande quantidade, ela fez o recadastramento dos cartões cidadão, fez o recadastramento da Bolsa Universitária, abrindo novas oportunidades para os nossos estudantes de medicina, odonto, outros cursos gerais. Ela vem dando continuidade a tudo aquilo que já vem acontecendo no município. Ela tem as prioridades dela, relacionadas à água e ao hospital. Acredito que, um pouco mais para frente, analisando melhor esse cenário, não do município em si, mas no Brasil todo. Vem eleição mais para frente, não sabe se vai ter a queda de royalties, se vai ter a projeção da queda, se não aumenta. Mais para frente um pouco vai vendo o que pode se fazer de mais investimento, o que não pode segurar, o que pode segurar. Então gestão é isso, fazer tudo com muita segurança e responsabilidade”.
Pé no chão — “A gente vê o país nessa situação de oscilação e o nosso município depende muito hoje dessa parte dos royalties. Então ela está bem segura, bem pé no chão em relação ao investimento. Vem dando continuidade essas obras complexas que ela deu início lá atrás, vem finalizando. Acredito que no final do ano ou próximo ano ela vem implantar um outro investimento em relação ao lado da obra. Já deixou que uma proposta do plano de governo dela é o hospital municipal. É a água e o hospital municipal. Ela tem esses esses dois requisitos como prioridade. Ela está estabelecendo a equipe, fazendo as mexidas necessárias para continuar andando. É claro que defeitos todo mundo tem, vai ter, toda gestão vai ter, isso aí é inevitável, não tem como”.
Água — “A Cedae já sinalizou que não dá conta dessa situação. É um problema que a gente vem enfrentando há mais de 10 anos e agora potencializou muito o crescimento da nossa população porque as pessoas vão chegando. Então, se abastecia 28 mil pessoas e já tinha problema, imagina se abastecer 40, 42, quase 50 mil pessoas. É uma série de situações que ela sabe que tem que correr atrás. No meu ponto de vista, acho que o poder municipal, por si próprio, para resolver, eu tenho minhas dúvidas. Porque depende um pouco da esfera estadual, federal. Acho que essa parceria com o privado poderia dar certo. Justamente por conta do privado ser um pouco mais fácil, relacionado à demora de aquisições de materiais, aquisições de licitações, enfim. Mas acredito que uma parceria municipal com o privado a gente consegue ter um ponto positivo. Ela já vem sinalizando que quer resolver, justamente pelo fato de ter desmembrado a secretaria de Meio Ambiente, que era muito carregada, quase serviço público. Hoje existem duas secretarias divergentes, que hoje esse problema de água é direcionado só para uma secretaria”.
Parceria — “Acho que a parceria do município com uma empresa privada, meio a meio, acredito que dê para resolver. Não é para ontem, a gente sabe que tem licitação, tem dispensa que no mínimo se demora 90 dias para resolver. Então, imagina de uma alta complexidade que tem várias situações. Abrir um termo de referência com pessoas especializadas, termo de referência que você detalha ponta a ponta o que você quer, o que você não vai querer. E profissionais, eu acho até um pouco difícil. A gente encontra, nós temos profissionais preparados. Mas a quantidade, a gente não sabe a quantidade de profissionais que nós vamos precisar para estar gerindo uma situação dessa dentro do município. Acho que com a parceria público-privada, acho que consiga resolver sim.
Fundo Soberano — “Acho que foi um requerimento do vereador Elísio. E chamou atenção porque uma hora, um momento, as coisas tendem a cair, normal isso em qualquer circunstância da vida. E com a Prefeitura não é diferente, por mais que a gente tenha um Porto, por mais que São João da Barra hoje é um município que vem crescendo, a gente precisa pensar no amanhã, pensar nas nossas ações. Hoje a Prefeitura disponibiliza bolsa de medicina, bolsa de fisioterapia, de diversos cursos, através desses recursos. Então, o Brasil vive hoje em uma montanha russa, hoje está bem, amanhã não está legal, queda de dólar, aumento do dólar. Então, esse fundo soberano, a gente esteve com a prefeita, falou sobre isso também, está com a Procuradoria. Começa a conversar junto com o Executivo, Legislativo, justamente sobre essa situação. Mas é sempre bom a guardar um dinheirinho, justamente para gente não ter que destruir tudo”.
Avanço do mar — “É um assunto muito complexo, existem vários especialistas para falar sobre o caso, mas eu vejo muita dúvida entre eles também. Que é engordamento, são corolóquios que se fala que possam colocar depois, aí outros falam em fazer aquela espinha de peixe que faz lá fora. Outros dizem que não pode, outros dizem que o engordamento você faz hoje, mas daqui a 10 anos você faz também. Então até as pessoas que entendem e são técnicas do assunto, eu vejo uma insegurança. Porque eu quero ver chegar lá e colocar a caneta, olha, faz esse projeto aqui. Eu preciso desse projeto para resolver. Eu eu nunca vi, por mais que hoje o município até recentemente abriu um edital para montar o termo de referência, fazer um estudo mais intenso sobre como se fazer para tentar diminuir esses danos. Acredito que para a solução, a parceria público-privada, no meu ponto de vista a gente consegue ter pelo menos uma solução. Acho que com a iniciativa privada e com o poder público meio a meio, a gente consegue ter pelo menos um estudo mais rápido, uma resposta mais rápida, a população ter uma resposta mais rápida sobre o assunto”.

Porto do Açu — “Eu vejo o Porto com um potencial muito grande. São João da Barra precisa do Porto e o Porto precisa de São João da Barra. Eu tenho alguns projetos também de qualificação que podem estar direcionando os jovens direto para aquilo que o Porto precisa. Porque não adianta a Prefeitura oferecer o curso, que o sanjoanense não entenda o que é o Porto. Então o sanjoanense precisa entender o que é o Porto, precisa entender o que está precisando lá, o que mais usa, a mão de obra, a parte técnica, a parte de terceiro grau também. Esses cursos superiores que o Porto precisa hoje, que são engenheiros, engenheiros mecânicos com experiência. Então a minha situação com o Porto é de algo positivo na nossa cidade”.
Governo Lula — “Eu vejo fritando muito o governo do Lula, isso aí é normal. Um tempo atrás, mesmo com o escândalo do mensalão, aquele escândalo todo atrás, ele veio para reeleição se não me engano ou ele apoiou a Dilma e a Dilma ganhou a eleição. Lula em qualquer aspecto ele é um candidato favorito. Votaria? Não sei, eu teria que ver outros candidatos também, é muito cedo. Qual é o candidato que seria o ideal para o Brasil? O Brasil hoje vem sofrendo muito nessa parte econômica, que afeta diretamente na população que é o feijão e arroz. Coisa que eu nunca vi. Eu, com 28 anos de idade, nunca vi o café desse valor, o arroz e feijão nesse valor. Aí tem o Tarcísio ganhando força, tem o próprio Hugo Motta, que é presidente da Câmara dos Deputados. Ele sinaliza e de repente pode vir uma opção para o centro. Então, tem muita coisa para acontecer, mas o nosso país realmente precisa de uma direção, de uma opção que possa conversar, dialogar, sem esse extremismo aí, que eu não consigo nem conversar”.

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