Fim da escala 6x1 no centro do debate
O debate sobre o fim da escala 6x1 voltou aos holofotes nos últimos meses. A proposta da deputada paulista Erika Hilton (Psol), que prevê uma jornada de quatro dias de trabalho e três de descanso, é semelhante à apresentada em 2015 pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que propunha a redução gradual da carga horária semanal até o limite de 36 horas, com oito por dia, sem perda salarial.
Analistas, entidades e movimentos sociais divergem sobre os possíveis impactos da mudança na economia nacional e regional.
O chefe do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Campos, Rodrigo Delpupo, avalia que o modelo pode trazer benefícios tanto para empregados quanto para empregadores.
“O setor produtivo, em sua maior parte, já adota a jornada 5x2 há um bom tempo. Esses empregadores perceberam que uma redução de apenas quatro horas semanais, com o fim do trabalho aos sábados, dobra o número de dias de descanso dos trabalhadores, o que aumenta a produtividade nos primeiros dias da semana. É uma relação ganha-ganha entre funcionários e empregadores”, explicou Delpupo.
Já o professor e especialista em finanças do Uniflu, Igor Franco, destaca que a pauta é importante, mas, as experiências em outros países não cresceu o número de empregos.
“A justificativa da proposta parece plausível, baseada na redução da exaustão física e mental e no consequente aumento da qualidade de vida dos trabalhadores, o que poderia, em tese, resultar em ganhos de produtividade. Por outro lado, a evidência empírica sugere que reduções obrigatórias de jornada em países como França e Alemanha nos anos 80-90 não resultaram em aumento líquido e expressivo no número de vagas.”, constrastou Franco.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (ACIC), Mauricio Cabral, afirmou que acompanha a discussão, mas defende diálogo com o setor produtivo.
“A proposta precisa ser amplamente debatida, pois pode impactar diretamente a empregabilidade, aumentar os custos fixos das empresas e, consequentemente, elevar os preços de produtos e serviços.”, argumentou Cabral.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha e publicada pelo jornal Folha de S.Paulo revelou que 64% dos brasileiros defendem o fim da escala 6x1, e 70% acreditam que a jornada ideal é de cinco dias de trabalho.
Para Maiara Tavares dos Santos, integrante do movimento Plebiscito Popular: Pelo fim da escala 6x1, a pauta vai além da economia.
Para Maiara Tavares dos Santos, integrante do movimento Plebiscito Popular: Pelo fim da escala 6x1, a pauta vai além da economia.
“O fim da escala 6x1 é qualidade de vida para toda a sociedade brasileira. Essa mudança representa saúde e a possibilidade de vida além do trabalho.”, alegou a militante.
Franco, alerta para possíveis impactos negativos na economia: “A redução das horas trabalhadas, caso não seja compensada por aumento de produtividade, pode causar queda na renda e no crescimento do país. Estudos do FGV IBRE apontam que a redução para 36 horas semanais poderia gerar uma retração de até 7,6% do PIB — impacto semelhante ao da crise econômica de 2014 a 2016”, exemplificou.
Franco, alerta para possíveis impactos negativos na economia: “A redução das horas trabalhadas, caso não seja compensada por aumento de produtividade, pode causar queda na renda e no crescimento do país. Estudos do FGV IBRE apontam que a redução para 36 horas semanais poderia gerar uma retração de até 7,6% do PIB — impacto semelhante ao da crise econômica de 2014 a 2016”, exemplificou.
Delpupo reforça, entretanto, que os ganhos de produtividade podem neutralizar riscos.
“Está mais do que provado que o fim da jornada 6x1 melhora a produtividade sem elevar custos. O setor produtivo já avançou; agora, é o setor de serviços que precisa acompanhar. A economia brasileira e a saúde do trabalhador só têm a ganhar”, concluiu o economista.