Rodrigo Bacellar pede licença do mandato de deputado, um dia após ser solto
O presidente afastado da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil), se licenciou do mandato parlamentar nesta quarta-feira (10), primeiro dia de sessão na Alerj depois de deixar a prisão, onde ficou por uma semana após ser preso na Operação Unha e Carne, que investiga a suspeita de vazar uma operação da Polícia Federal contra o ex-deputado estadual, TH Joias (MDB).
Bacellar protocolou ofício solicitando licença de 10 dias (10 a 19 de dezembro) para tratar de assuntos de caráter particular.
Bacellar foi afastado do cargo de presidente pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, mas poderia exercer seu mandato de deputado. Ainda não há informações sobre o prazo de licença. Caso ultrapasse 120 dias, o suplente seria convocado.
De acordo com deputados que acompanham as negociações, Bacellar foi aconselhado a não renunciar agora por receio de que o gesto pudesse provocar uma reação mais dura do ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) que levou à sua prisão na semana passada. Entre os aliados, a avaliação é que uma mudança abrupta no comando da Alerj, sobretudo se articulada internamente, poderia ser interpretada como tentativa de interferência no curso do processo. No plenário, o painel de votações já indicava que ele se encontra de licença.
Presidência segue com Delaroli
A licença não muda a situação da presidência da Alerj, que segue sendo exercida de forma interina pelo vice, Guilherme Delaroli (PL). Apenas em caso de renúncia de Bacellar ao cargo de presidente é que seria feita uma nova eleição para preencher sua vaga.
Aliados do presidente afirmam que essa opção não está descartada, mas a possível renúncia não deve acontecer nos próximos meses.
Entre os nomes que circulam nos bastidores da Alerj como sucessores de Bacellar em caso de uma eventual renúncia estão Rodrigo Amorim (União) e Chico Machado (SDS), próximos a Bacellar, além do próprio vice dele, Guilherme Delaroli (PL), e do deputado licenciado Douglas Ruas (PL).
Noite em casa após uma semana na prisão
Bacellar passou a noite de terça para quarta em casa, com tornozeleira eletrônica. Ele foi solto, por decisão de Moraes, que seguiu o rito após a Alerj votar pela revogação da prisão do parlamentar, na segunda-feira (8). Foram 42 votos a favor, 21 contra e 2 abstenções.
Em sua decisão, Moraes determinou a substituição da detenção por medidas cautelares. São elas: uso de tornozeleira eletrônica para monitoramento; afastamento da presidência da Alerj; recolhimento domiciliar noturno das 19h às 6h, e integral nos fins de semana e feriados; proibição de comunicação com outros investigados; entrega de todos os passaportes; e suspensão do porte de arma de fogo.
Preso por suspeita de vazar operação
Preso por suspeita de vazar operação
Bacellar foi preso dentro da Superintendência da PF no Rio, após ser chamado para uma reunião há 1 semana, acusado de vazar informações sigilosas da Operação Zargun, que resultou na prisão do ex-deputado TH Joias, suspeito de ligação com o Comando Vermelho.
Durante a operação, a PF apreendeu R$ 90 mil no carro do deputado. Ele nega as acusações e afirma que não praticou nenhuma conduta para obstruir investigações.
O ministro Alexandre de Moraes destacou que, caso alguma das medidas seja descumprida, Bacellar poderá pagar multa diária de R$ 50 mil.
O deputado segue afastado da presidência da Alerj enquanto responde às investigações.
Fonte: G1