Gabriel Torres
28/08/2025 15:33 - Atualizado em 28/08/2025 15:55
Vereador Bruno Pezão
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Foto: Reprodução rede social
A Justiça Eleitoral marcou para a próxima segunda-feira (1º) uma audiência para ouvir testemunhas no âmbito do processo que envolve o vereador de Campos, Bruno Pezão (PP), investigado por suposto abuso de político e econômico na eleição de 2024. Em outubro do ano passado, após a Polícia Civil apreender mais de R$ 1 milhão em endereços ligados a ele, o Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação de seu registro de candidatura, a inelegibilidade por oito anos e a invalidação de seus votos.
A audiência está marcada para às 15h45 na sala de audiências da 1ª Vara Cível, no Fórum de Campos. Primeiro serão ouvidas as testemunhas e depois os advogados poderão fazer suas alegações. A responsável pelo processo é a juíza Aryanna Natasha Porto de Godoi, da 76ª Zona Eleitoral de Campos, que ao final da audiência deve estabelecer um prazo para que as partes apresentem alegações finais por escrito. Após este prazo, deverá proferir a sentença.
Dias antes da eleição, em 3 de outubro de 2024, o Ministério Público Eleitoral (MPE) ajuizou uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) contra Bruno Pezão e pediu a cassação de seu registro de candidatura, a inelegibilidade por oito anos e a invalidação de todos os votos que viriam a ser recebidos por ele, assim como a exclusão desses votos para seu partido, o PP.
Segundo o MPE, de acordo com os fatos apurados e detalhados em inquérito policial, Bruno Pezão estaria se utilizando de recursos financeiros não declarados, além do emprego de coação e intimidação de eleitores, armas de fogo e intimidações de criminosos, orquestradas por uma organização criminosa envolvida em torturas, mortes e tráfico de drogas, entre outros, com forte influência na região de Campo Novo.
Pezão foi reeleito vereador com 4.880 votos, o quinto mais votado do município, e está exercendo o segundo mandato na Câmara de Campos.
Relembre o caso
Bruno Pezão foi preso pela Polícia Civil no dia 18 de setembro de 2024, por suspeita de lavagem de dinheiro, durante uma operação que investiga o assassinato de um cabo eleitoral na Baixada Campista. Foram apreendidos mais de R$ 1 milhão em endereços ligados ao vereador, entre quantia em dinheiro e cheques e promissórias, além de uma arma, celulares e anotações. Ele foi solto no dia 20 de setembro após passar por audiência de custódia.
Na época, a Polícia Civil informou que a operação "Pleito Mortal" tinha o objetivo de apurar o homicídio de Aparecido Oliveira de Moraes, morto dentro de seu carro com oito disparos de arma de fogo, no dia 19 de julho daquele ano, na localidade de Campo Novo, na Baixada Campista.
Segundo a Polícia, Aparecido tinha domínio nos colégios eleitorais de Valeta e Venda Nova, ambos em Campo Novo, e antes de morrer teria selado apoio político a um outro candidato a vereador, concorrente de Bruno Pezão.
A Polícia Civil ainda afirmou que Pezão teria feito uma reunião política na véspera do homicídio, onde fez uma videochamada com José Ricardo Rangel de Oliveira, conhecido como Ricardinho, que seria chefe do tráfico em Campo Novo e está preso desde julho de 2010. A videochamada teria sido feita de dentro de uma penitenciária, em Bangu, e projetada por Pezão em um telão para que os presentes pudessem ver.
Quando pediu a cassação do registro de candidatura de Bruno Pezão, o Ministério Público Eleitoral (MPE) afirmou que foram encontrados fortes indícios de irregularidades que poderiam comprometer a legitimidade do pleito eleitoral e a videochamada com "Ricardinho" foi uma delas.
"Em julho de 2024, "Ricardinho", um traficante e conhecido matador da região, foi inserido ao vivo em um telão e assim participou de uma reunião com eleitores da região, demonstrando apoio e exigindo o mesmo dos presentes. [...] A ação foi caracterizada como uma tentativa clara de criar embaraços ao voto livre e criar um curral de eleitores, prática que afronta diretamente os princípios da livre manifestação do voto", diz a ação da Justiça Eleitoral contra o vereador.