Dora Paula Paes, Rafael Khenaifes e Julia Alves
16/04/2025 07:41 - Atualizado em 16/04/2025 07:41
Divulgação/Foto: Antônio Filho
Aos 79 anos, a morte silenciou a voz marcante do jornalista e radialista, Giannino Sossai, porém seu legado e ensinamentos seguem intactos. O profissional, com seus 40 anos de atuação na imprensa, morreu na madrugada de terça-feira (15). Ele estava internado em uma unidade de saúde particular de Campos por causa de uma pneumonia,quando seu quadro se agravou. As últimas homenagens a Giannino ocorreram no Centro Universitário Fluminense (Uniflu), no foyer do prédio histórico da universidade, onde aconteceu o velório. Os aplausos e adeus ocorreram, no final da tarde, no cemitério do Caju. De todos, o desejo de “buon riposo!”, como destaca a homenagem da Associação de Imprensa Campista (AIC).
Natural da Itália, Giannino estava radicado no Brasil há várias décadas, morando primeiro em Cachoeiro de Itapemirim (ES), antes de se destacar profissionalmente em Campos. Formado em Comunicação Social pela Faculdade de Filosofia de Campos (Fafic), ele foi professor da própria instituição, além de ter trabalhado em vários veículos de imprensa, como a Rádio Campos Afonsiana, Jornal A Cidade e a Folha da Manhã, da qual foi editor-geral. Atuou ainda como correspondente do jornal O Globo; foi o primeiro diretor da extinta TV Norte Fluminense e estava há longo período na Rádio Educativa FM, sendo um dos apresentadores do “Página Aberta” desde a sua criação, há cerca de 15 anos. Uma série de homenagens, em forma de mensagem, descrevem a pessoa e o profissional, Giannino e seu legado.
A diretora-presidente do Grupo Folha, Diva Abreu Barbosa, chegou a destacar:“Giannino: um belo repórter, editor, profissional brilhante que muito fez a Folha da Manhã crescer em suas andanças pelo mundo jornalístico! A ele, a nossa reverência e o muito obrigada pela sua rega brilhante em nossa história de quase meio século de vida! Que o nosso “italiano”, como ele era carinhosamente chamado por Aluysio, descanse em paz!”, disse.
A Associação de Imprensa Campista (AIC) emitiu uma nota de pesar sobre o falecimento do jornalista, ressaltando que a imprensa do município está de luto e reluembrando ainda a trajetória de Giannino. “Ele era um dos mais antigos profissionais de comunicação em atuação, participando do programa ‘Página Aberta’ na Rádio Educativa. Entrou no rádio no ano de 1960, mas sua marca profissional foi na TV Norte Fluminense, onde foi apresentador e diretor de jornalismo, tendo inclusive apresentado a inauguração da emissora em 1981. Atuou ainda na Rádio Afonsiana, Jornal Folha da Manhã e Jornal O Globo. Italiano de nascimento, Giannino Sossai se naturalizou no Brasil, mas sempre gostava de cantarolar músicas de sua terra natal, como “O sole mio”. Foi professor do Curso de Comunicação Social da Faculdade de Filosofia de Campos, atual Centro Universitário Fluminense (Uniflu) e um dos responsáveis pela implantação da UNITV e Rádio Educativa FM”, diz parte da nota.
O jornalista Julio Tinoco, também vice-presidente da Fundação Cultural de Campos, falou sobre a perda do parceiro de bancada na Rádio Educativa FM. “É com muita tristeza que hoje fui informado pela família da morte do grande amigo e companheiro professor do Uniflu, Giannino Sossai, um dos ícones da comunicação regional. Figura querida e respeitada. A família perdeu um pai carinhoso e um avô amoroso. A sociedade perdeu um representante ativo do jornalismo, irrequieto e questionador. Eu perdi um grande amigo”, declara.
A Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) tambémdestacou a atuação dele na instituição. “Giannino atuou como professor da Uenf nos anos de 1996 e 1997, na implantação do ciclo básico comum, ministrando a disciplina ‘Propedêutica’”, ressalta parte da nota.
Seu legado ainda foi ressaltado em comunicado do Porto do Açu, que lamentou sua morte.”Um dos comunicadores mais experientes da imprensa regional. Ao longo dos 10 anos de operação do complexo portuário, foram diversas as oportunidades de trocas dos nossos porta-vozes com o profissional, no programa matinal que ele conduzia com maestria, há mais de 15 anos. Giannino Sossai deixa um legado de imparcialidade, autenticidade e compromisso para o jornalismo o Norte Fluminense. Nossa solidariedade à família, amigos e admiradores do radialista,” diz a nota do Porto.
Enlutado, o Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes (IHGC) comunicou oficialmente sincera e publicamente condolências aos familiares, amigos e admiradores e instituiu Luto Oficial da entidade por três dias ao memorável, Giannino Sossai. "Sua inesquecível voz macia e também tonitruante continuou vibrante até o final da vida como apresentador e notável comentarista do Programa Página Aberta da Rádio Educativa 100,7 FM", chegou a escrever o presidente do IHGC,Adelfran Lacerda, em honraria ao amigo, "mestre de várias gerações de jornalistas, tendo desenvolvido as suas notáveis atividades profissionais ininterruptamente nos últimos 40 anos".
Neste momento de despedida, representando dezenas de ex-alunos no curso de Comunicação Social, o jornalista Antônio Filho, autor de dois livros da série “Telejornalismo Campista”, lembra das lições do mestre. “Foi um gigante na TV e na sala de aula. Profissional do texto perfeito, da voz impecável, Giannino gostava de lecionar. Seus olhos brilhavam e, com empolgação, nos contava as histórias da TV Norte, para deleite dos alunos que, como eu, o assistiam desde o berço. Como diretor da UniTV – emissora a cabo que a Fafic liderava, junto de outras universidades, no começo dos anos 2000 –, fazia questão de nos ensinar como o público merecia receber as informações, pois era para eles que fazíamos o nosso trabalho. Sempre defendeu a TV feita ao vivo, voltando seus olhares para a população mais carente. Tive a honra de ser amigo pessoal do professor que sempre acreditou em mim, me presenteando com o prefácio do meu livro Telejornalismo Campista, de 2021. Será eternamente lembrado”, conclui.