Gabriel Torres e Hevertton Luna
07/09/2025 08:42 - Atualizado em 07/09/2025 17:33
Desfile Cívico em Campos - 2025
Desfile Cívico em Campos - 2025
Desfile Cívico em Campos - 2025
Durante protesto dos partidos de esquerda e de sindicatos, neste domingo (7), no desfile cívico realizado no Cepop, um integrante do movimento monarquista acusou o secretário de Comunicação do PT, Gilberto Gomes, de racismo. Segundo o bombeiro civil, ele foi chamado de "preto monarquista". Durante o depoimento, Gilberto foi preso em flagrante pela delegada Juliana Buchas, da 134ª Delegacia de Polícia. A previsão, segundo a direção do partido, é que o secretário seja transferido para a Casa de Custódia na manhã de segunda-feira (8) e a audiência de custódia será na terça-feira (9).
Quando o protesto estava sendo encerrado, Gilberto Gomes foi abordado pela Guarda Civil Municipal (GCM). Segundo agentes que estavam no local, o militante foi acusado de racismo por um bombeiro militar, que teria sido chamado de "preto monarquista".
O bombeiro militar, que preferiu não se identificar, disse que se sentiu ofendido pelo questionamento de Gilberto. "Ele viu a bandeira imperial na mão e questionou: 'Preto e monarquista?' Eu me senti ofendido por essa situação", explicou o bombeiro.
O professor de história e militante do PT, Eduardo Pexeito da Silva, contou que o apoiador da monarquia começou as ofensas e que ele e Gilberto foram interferir na situação. "Como poderia alguém fazer apologia à monarquia, que é um momento da história em que havia escravidão?".
A delegada de plantão, Juliana Buchas, foi procurada, mas, até o momento, não respondeu.
Gilberto foi conduzido à DP
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Hevertton Luna
Antes, outra confusão foi iniciada quando os manifestantes tentaram entrar para desfilar no Cepop, mas inicialmente foram barrados pela Guarda Civil Municipal, que só permitiu a entrada após a última banda entrar no espaço. Quando tentaram entrar e foram impedidos, houve um princípio de confusão e uma militante chegou a passar mal.
Durante a realização do protesto dentro do Cepop, já com o local sendo esvaziado após o fim dos desfiles de escolas e bandas, o protesto aconteceu sem incidentes.
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que: "A comissão organizadora do Desfile de 7 de Setembro esclarece que algumas entidades insistiram em participar do ato sem respeitar a ordem de entrada previamente definida em reuniões preparatórias, gerando tumulto desnecessário. O pedido para que os grupos, tratados de forma igualitária, não exibissem faixas de cunho político também foi questionado, o que inviabilizou a participação desses movimentos no evento cívico deste domingo no Cepop. O ambiente familiar e institucional do desfile não é palco para disputas políticas nacionais. A democracia permite que todos participem, mas dentro das regras e da seriedade que o momento exige, em respeito a todos os cidadãos."
Desfile cívico reforçou pauta ambiental
Com o tema “Mudanças climáticas: causas, efeitos e consequências”, o tradicional desfile Cívico-Militar da Independência do Brasil foi realizado na manhã deste domingo (7), Dia da Independência, no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), em Campos. O evento teve início às 8h, com o hasteamento da bandeira.
O prefeito Wladimir Garotinho, acompanhado da primeira-dama Tassiana Oliveira, esteve presente no desfile. Ele destacou a importância do evento e o movimento pela derrubada do veto presidencial ao projeto de lei de sua autoria, que busca alterar a classificação climática do Norte e Noroeste Fluminense para semiárido.
"O desfile é muito importante para que a criançada entenda a importância da independência do Brasil, dessa data que tem um marco histórico no nosso país. Esse ano em específico são dois temas que a prefeitura quer abordar e deixar de recado para a sociedade. Os secretários de gravata amarela para celebrar o mês de setembro amarelo. E também a gente vai deixar clara a nossa intenção da derrubada do veto pela questão do semiárido aqui para a nossa região. Por isso estou de gravata verde", afirmou Wladimir.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Campos, Rafanele Alves, afirmou que os trabalhadores da categoria foram impedidos de participar do Desfile Cívico. Segundo ele, o sindicato realizou a inscrição para participar, mas foi impedido de entrar no Cepop com suas faixas de protesto.
“Nós, do Sindicato dos Bancários, fizemos uma inscrição aqui na prefeitura pra gente também participar do desfile. É claro que o desfile nosso é protesto. Mas, infelizmente, nós fomos proibidos, fomos barrados”, disse.
Faixas de protesto do Sindicato dos Bancários
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Gabriel Torres
Segundo o comandante da Guarda Civil Municipal na operação de segurança do evento, Cleber Manhães, as organizações participantes precisam respeitar a ordem de entrada estabelecida pela Secretaria de Educação, que organiza o desfile. A Folha também entrou em contato com a prefeitura e aguarda um retorno.
A secretária municipal de Turismo, Patrícia Cordeiro, também falou sobre a importância do desfile cívico.
"O que a gente pretende com esse evento todos os anos é criar uma oportunidade através de um tema relevante, desfilar as ações do governo, uma possibilidade também de interação com a comunidade. A gente vê principalmente a rede municipal de educação apresentando seus trabalhos e, sobretudo, junto com os convidados, com as forças militares, com as forças de segurança. Que seja também um momento de inspiração para as nossas crianças", disse Patrícia.
A diretora regional de Educação, Rita Abreu, destacou a discussão sobre as mudanças climáticas e o movimento que busca reconhecer as regiões Norte e Noroeste como semiáridas.
"A gente traz para a avenida, e principalmente as secretarias e as unidades escolares, trabalhando com os alunos da importância do papel de cada cidadão para cuidar do meio ambiente. Recentemente uma discussão muito trazida à tona na nossa região, no Norte e Noroeste Fluminense, foi o veto do reconhecimento da nossa região como semiárida. Isso nos possibilita trabalharmos todas essas consequências que tem causado a ação do humano no meio ambiente", falou Rita.
O desfile de 7 de setembro também contou com a presença de famílias nas arquibancadas do Cepop. Cintia Coelho contou que veio desfilar e assistir o sobrinho. "Eu vim acompanhar meu sobrinho, que está na banda do colégio dele, e vou sair com o clube de aventureiros. Todo ano que cai dia de domingo, a gente está desfilando como clube de aventureiros", falou Cintia.
Quem também foi assistir ao desfile foi Jocimar Santos. Ele conta que veio porque o filho já serviu ao exército brasileiro. "Venho várias vezes aqui. Meu filho hoje está trabalhando. Como ele serviu o quartel e esteve no Haiti em missão de paz, o quartel convocou. Mas não conseguiu unir o pessoal e estar aqui hoje", disse Jocimar.
Outra pessoa que ocupou a arquibancada foi Rafaela Abreu, que veio de Macaé e acompanhou o desfile em Campos pela primeira vez. "Aqui é a primeira vez que acompanho, porque não sou daqui, moro em Macaé. Mas como estou na casa da minha mãe, vim assistir. É emocionante, porque eu fiz muitos anos de desfile quando estudava", contou Rafaela.
O evento conta com 27 bandas municipais e três bandas do Estado, além da participação de duas escolas estaduais, duas escolas particulares e quatro escolas municipais, com a presença de 33 secretarias municipais. No total, haverá cerca de 4.500 pessoas desfilando. A diretora regional de Educação, Rita Abreu, destaca que a proposta articula educação e mobilização social.
Entre as escolas participantes estão as estaduais José Francisco de Salles e José do Patrocínio, e as municipais Centro Educacional 29 de Maio, Sagrada Família, José do Patrocínio e Vilmar Cavabarros. Também estarão presentes instituições que trazem alunos por meio de programas sociais, como Lions Club, NIB e Desbravadores.
Em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na manhã deste domingo (7) do desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Lula chegou por volta das 9h04 ao local e desfilou em carro aberto ao lado da primeira-dama, Janja da Silva.
A cerimônia também contou com a presença de autoridades, como o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o presidente da Câmara, Hugo Motta, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Na presença de Hugo Motta, parte do público presente no evento gritou "Sem Anistia", em referência à proposta que está sendo costurada no Congresso para anistiar envolvidos na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.