Edgar Viana de Andrade - Invocação do mal: o último ritual
“Invocação do mal” é uma franquia de terror que se tornou clássica nos seus quatro filmes. A força da franquia talvez esteja no casal que, de fato existiu, e que, nas telas, é representado por Vera Farmiga (em sua maior oportunidade no cinema) e Patrick Wilson nos papeis de Lorraine e Ed, respectivamente. A série criada por James Wan, em 2013, anuncia seu término no subtítulo: “O último ritual”.
Pode-se dizer sobre as duas pessoas que formam o casal: eles nasceram um para o outro. Eles são paranormais e éticos. Apesar de resistirem aos apelos de ajuda, acabam por aceitá-los e correm riscos de morte nos seus exorcismos. Têm, no porão de sua casa, uma espécie de museu com objetos que foram amaldiçoados ou usados em rituais satânicos. Entre eles, a famosa boneca Annabelle, que, de vez em quando, escapa e volta a aterrorizar numa outra franquia.
Neste quarto e último (?) episódio, o casal Warren é mostrado no início de sua carreira, em que Lorraine encontra o primeiro objeto possuído por maus espíritos. A filha recém-nascida morre logo após o parto, mas ressuscita graças à força espiritual da mãe. Enquanto pai e mãe vivem seus trabalhos de exorcismo, ela cresce, torna-se bonita e namora. Seus pais dão a carreira por terminada. Aposentados. Ambos vivem agora de palestras sobre seus trabalhos. As novas gerações debocham deles.
Mas o princípio volta no fim. O objeto que quase matou a filha do casal é adquirido por uma família da Pensilvânia. Trata-se de um espelho com três cabecinhas no topo. Ele faz diabruras na casa da família: levita o pai, leva uma das filhas a vomitar sangue, mata um padre e chama a filha do casal Warren, que viaja ao seu encontro. O diabo é que as casas dos Estados Unidos têm porão e sótão. Estes são lugares prediletos dos maus espíritos. A casa foi construída no local em que existia uma fazenda e que foi palco de um crime hediondo. Esta situação faz lembrar “Poltergeist”, filme dirigido pelo genial Tobe Hooper em 1982. Nele, a exorcista mistura drama com uma ponta de humor.
Enfim, “Invocação do mal: o último ritual” vale-se dos truques muito usados nos filmes de terror. O ruído brusco assusta mais que as aparições de espíritos. O clima que as antecede já leva as mocinhas a se preparar para o grito. E tudo indica que não estamos no fim. Ed Warren disse ao futuro genro que, com Lorraine, resolveu mais de mil casos. Até agora, o cinema mostrou apenas quatro. E o rapaz tem uma história estranha com a morte. Ao casar-se com a filha dos Warren, uma nova dupla deve se formar na luta contra os maus espíritos. Preparemo-nos para “Invocação do mal 5”, a nova temporada. O sucesso de público da primeira justifica a segunda.
*Crítico de cinema