Após 11 anos, Campos ganha de volta o Palácio da Cultura
A 6ª edição do Festival Doces Palavras (FDP!) está oficialmente aberta. O evento marca também a reinauguração, nesta quarta-feira (5), do Palácio da Cultura. O patrimônio histórico de Campos, na Pelinca, estava fechado há 11 anos. Um plantio de árvore - um ipê - marcou os dois acontecimentos, ambos celebrados como marcos importantes no segmento cultural do município. A cerimônia de reinauguração teve o prefeito Wladimir Garotinho no comando, junto com os curadores do FDP!. Até domingo (9), o espaço terá dias de arte, literatura, música e a tradição doceira.
Em seu discurso, Wladimir falou sobre os desafios para a reabertura do Palácio da Cultura, destacando a importância do espaço para o fomento da Cultura e da Educação. "Esse monumento está sendo oficialmente entregue. A gente volta a ter uma referência para a Cultura e para a Educação. Não foi fácil chegar até aqui. O ex-governo colocou uma placa dizendo que a obra estava finalizada. Tivemos que mostrar no Ministério Público o contrário", ressaltou o prefeito.
“Essa é uma tradição do FDP!. A primeira atividade de todas as edições sempre é o plantio de uma árvore, simbolizando o nascimento do evento, a vida, a perenidade, a continuidade da proposta. E depois já tem mesa, lançamento de livro e a cerimônia de abertura do Palácio da Cultura com um monte de atividade até domingo. A gente até nem acredita e fica olhando para saber se é verdade. Mas o FDP tem essa força, porque é uma proposta que gera uma empatia muito grande. Pode demorar, pode ter entraves, mas no final das contas as pessoas chegam, se aglutinam, se aglomeram e fazem a coisa acontecer”, disse o curador do FDP”, Vitor Menezes.
O primeiro evento literário do Festival, após a abertura dos estandes, foi com a mesa de conversa “O legado de letras e lutas do professor Lenilson Chaves”, criador da Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes, no Espaço Cabrunco/Lenilson Chaves. Os professores Ana Costa e Eduardo Peixoto, seus amigos, lembram que Lenilson fez história com a luta sindical e sua forma de fazer política, no campo da esquerda, ao criar o PT em Campos. A mediação foi do jornalista Aluysio Abreu Barbosa, que destacou: "O FDP! é filho da Bienal do Livro e a Bienal é filha de Lenilson. Seu legado".
Uma série de lançamentos de livros ainda marcou o primeiro dia do festival. O público teve acesso às obras dos escritores Bruno Leite Buchvitz, Ana Lúcia Rodrigues, Kelly Viana, Adriano de Alvarenga Azevedo e Joel Rosa, no Espaço Chuvisco/Péris Ribeiro. No campo literário, o presidente da Academia Campista de Letras (ACL), Ronaldo Júnior, lembrou das incertezas no meio do caminho, mas falou da importância do evento para a cidade. "É importante para nós artistas de Campos, mas também para Campos no momento de pensar em memórias, cultura e com o simbolismo da reentrega à comunidade do Palácio da Cultura", completou.
Oficinas e a reinauguração da Sala da Academia Pedralva, no Espaço Oficina Literária Antônio Roberto Fernandes (Sala da Academia Pedralva), também foram realizadas, além de outras mesas, como "Afro-roteiros: um olhar decolonial sobre Campos dos Goytacazes”, “Vale tudo para citar Campos dos Goytacazes: estereótipos da cidade em novelas da TV Globo” e “Imaginando o Galpão Cultural da UFF: conversas para a inclusão das iniciativas da Cena Cultural de Campos”. A última programação do dia será a mesa “Etílica: Afrânio, boemia na madrugada, no Boteco do Afrânio (Boemia e debates)”.
“É um momento de grande emoção para nós da Pedralva, mas também é importante como marco para a cultura. A Pedralva está neste prédio desde 31 de janeiro de 1978. No governo de Raul Linhares como prefeito e vice-prefeito Wilson Paes. É uma luta da comunidade cultural de ter um espaço cultural dentro do Palácio da Cultura. E não foi fácil o nosso retorno. Foi difícil. Voltar para cá é a chance de recuperar nosso material, de recuperar nossas atividades de um jeito que nós possamos organizar o calendário de maneira melhor”, disse o presidente da Academia Pedralva Letras e Artes, Carlos Augusto Souto.
“É um momento de grande emoção para nós da Pedralva, mas também é importante como marco para a cultura. A Pedralva está neste prédio desde 31 de janeiro de 1978. No governo de Raul Linhares como prefeito e vice-prefeito Wilson Paes. É uma luta da comunidade cultural de ter um espaço cultural dentro do Palácio da Cultura. E não foi fácil o nosso retorno. Foi difícil. Voltar para cá é a chance de recuperar nosso material, de recuperar nossas atividades de um jeito que nós possamos organizar o calendário de maneira melhor”, disse o presidente da Academia Pedralva Letras e Artes, Carlos Augusto Souto.
História - Com concepção no governo do prefeito Rockfeller de Lima, no início dos anos 70, sendo ele, uma referência na iniciativa de construir o Palácio da Cultura. A obra é do arquiteto Francisco Leal, com a introdução da arquitetura modernista em Campos, reconhecida nacionalmente. Porém, somente em 1973, o prefeito de Campos na ocasião, Zé Barbosa inaugurou o espaço oficialmente.
A presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Fernanda Campos, lembrou da correria muito grande e do empenho de todos para a realização do FDP!, mas que, de acordo com ela, deu tudo certo. Quando a reinauguração do Palácio, ela explica, a Fundação muda definitivamente para o espaço nesta quinta-feira (6) com as portas abertas em definitivo à população. "A gente trabalhou muito. Quero agradecer a todos os funcionários da Fundação. Se chegamos até aqui, foi pela dedicação de todos. Agora, a gente planta o primeiro FDP!, no Palácio. O FDP! encontra o caminho de uma nova casa", destacou.
O Palácio da Cultura, abrigo tradicional da Biblioteca Municipal, foi fechado em 2014, no então governo Rosinha Garotinho. No penúltimo dia do mandato do então prefeito Rafael Diniz, em 2020, o espaço foi reaberto simbolicamente, mas foi novamente fechado para obras. Na ocasião, o prédio ganhou novo piso, novas instalações elétrica e hidráulica, salas revitalizadas e espaço mais moderno. O prédio também foi pintado, o telhado impermeabilizado, foram recolocados os vidros e recuperadas as calhas.
Já em setembro de 2021, na primeira gestão do atual prefeito Wladimir Garotinho, foi apresentado o novo projeto do Palácio da Cultura, integrará atividades da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e da secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia.
Com as obras, foram criadas e reformadas salas administrativas, espaço de atendimento, sala de reuniões, miniauditoria e áreas destinadas a coworking. A biblioteca, com seção infantil, e um espaço para exposições também integraram as intervenções. Além disso, o prédio recebeu ambientes específicos para capacitação: uma sala de treinamento destinada a profissionais da rede municipal e a cursos abertos à comunidade. Como inovação para uso público e de lazer, foi construída uma pista de caminhada que contorna a estrutura, agora, finalmente, entre à comunidade campista.
Fotos: Rodrigo Silveira