Artesã de Quissamã e seu encontro com as bonecas abayomi
Dora Paula Paes 17/12/2025 07:43 - Atualizado em 17/12/2025 07:43
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Rosângela Nascimento tem 63 anos e há cinco anos se descobriu artesã. Segundo ela, pela dor. Ela deixou a cidade do Rio de Janeiro e passou a morar em Quissamã, quando chegou para cuidar do pai muito doente. Foi durante as caminhadas para conter a ansiedade que conheceu as ofertas naturais da cidade, como os coqueiros e infinitas sementes. Com ajuda do Google, primeiro para saber o que era um trabalho rústico, depois para saber o que era a famosa boneca abayomi, atualmente ela é referência nesse tipo de arte.
Na próxima semana, ela estará em Campos para um evento do movimento Negritude Plena, com presépio, árvore Abayomi, imagem de Nossa Senhora e o Menino Jesus e outros para exposição intimista. Antes disso, no início do mês seu trabalho esteve no VI Workshop Geoparque Aspirante Costões & Laguna, em Macaé, com apoio de universidades importantes do Estado do Rio.
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"Nunca imaginei trabalhar com artesanato, mas comecei com EVA. Comecei a fazer caminhada, os coqueiros me chamavam atenção. Quando perdi meu pai, participei de uma exposição, mas as pessoas falavam: 'seu trabalho é lindo, mas e se você fizesse rústico". Eu ficava, meu Deus, o que é rústico, mas tinha vergonha de perguntar", conta a artesã, que agora até ri da situação. O mesmo ocorreu quando as bonecas abayomi foram lhe apresentadas.
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Essa boneca, também sinal de resistência do movimento afrodescendente, tem muitas histórias sobre sua criação. Uns dizem que elas eramfeitas pormãesem navios negreiros, como forma de gerar segurança e transmitir afeto para os filhos que as acompanhavam no trajeto.
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No entanto, a versão recente da abayomi tem uma criadora. A brasileira Waldilena “Lena” Serra Martins, artesã maranhense nascida em 1950. Na década de 80, ela inseriu a boneca dentro do contexto dos Centros Integrados de Educação Pública (Ciep) que estavam em plena expansão, quando o animador cultural era o principal mediador entre a cultura local e o contexto pedagógico. Foi no Rio de Janeiro, cidade onde Lena cresceu, que a produção de abayomis tomou forma. Embora existam outras bonecas similares, a artesã desenvolveu a técnica para criação das bonecas em 1987. Enquanto era coordenadora de animação cultural no Ciep Luiz Carlos Prestes, localizado na Cidade de Deus, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro.

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