Maria Laura Gomes
26/10/2025 17:57 - Atualizado em 26/10/2025 18:52
UENF
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Maria Laura Gomes
Neste domingo (26), candidatos que realizaram a Prova Nacional Docente (PND) na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), em Campos, relataram uma série de problemas durante a aplicação do exame. Segundo os participantes, houve falta de salas, cadeiras e materiais, além de irregularidades como envelopes de prova violados, ausência de revista, fiscais sem identificação e impedimento de registrar ocorrências em ata.
A prova estava marcada para começar às 13h30 e terminar às 19h, mas a confusão começou antes do início. De acordo com os relatos, alguns candidatos ficaram em pé na fila por um longo tempo porque não havia cadeiras suficientes nas salas. Depois, foram realocados para outro prédio sem controle de presença. As listas de assinatura foram feitas em folhas de rascunho, e candidatos afirmam que foram intimados a se retirar ao tentarem registrar as falhas em ata.
A professora de português Julianna Boticelli contou que o grupo foi transferido de prédio sem organização ou segurança adequada. Segundo ela, não foram disponibilizados os envelopes para guardar objetos pessoais, como determina o edital. Além disso, os envelopes das provas chegaram abertos e em desordem.
“As provas chegaram todas abertas, umas dentro do envelope e outras fora. Quando pedimos para registrar isso, disseram que não poderíamos escrever na ata e que devíamos confiar na boa-fé deles”, relatou Julianna.
Após as reclamações, a Polícia Federal foi acionada e, após comparecer ao local, informou que não houve crime. Os agentes solicitaram ao coordenador a confecção de uma ata relatando o ocorrido e orientaram os candidatos a procurar novamente a Polícia Federal caso o documento não fosse entregue, para que as medidas cabíveis fossem adotadas.
Outro candidato, o professor de história Miguel Oliveira, reforçou que a falta de estrutura comprometeu a lisura do exame. “Não havia assentos suficientes, fomos colocados em uma sala improvisada, sem revista, sem lacre de objetos e com os pacotes de prova já abertos. Fiscais estavam sem identificação e fomos coagidos a realizar a prova mesmo diante das irregularidades”, contou.
Um dos coordenadores do polo, que preferiu não se identificar, afirmou que o problema ocorreu porque o Inep não liberou salas suficientes para a aplicação. Segundo ele, a UENF possui salas lacradas e outras que não podem ser utilizadas sem autorização da direção da universidade, o que limitou a capacidade de acomodar os candidatos.
Divulgação
“Tentamos realocar os alunos, mas faltaram espaços. O Inep organizou a prova com base na estrutura de escolas do Rio de Janeiro, como os CIEPs, que têm mais salas disponíveis, o que não se aplica aqui”, explicou.
A Prova Nacional Docente (PND) é realizada anualmente pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O exame tem como objetivo auxiliar estados e municípios na seleção de professores para as redes públicas de ensino.
Os candidatos aguardam agora o posicionamento oficial sobre a ata reserva e irão acionar o Ministério Público Federal para solicitar a anulação da prova em Campos.