ETIQUETA POLÍTICA
Evandro Barros 17/08/2025 09:49 - Atualizado em 17/08/2025 10:03
REFLEXÕES SOBRE O CURSO DE ETIQUETA POLÍTICA
O Curso do Império – A Destruição, de Thomas Cole.
A etiqueta política é um campo de saber que transcende a mera formalidade, configurando-se como um verdadeiro instrumento para a compreensão e a prática do convívio social e das relações de poder.
Ao longo de 2024 ministrei o Curso de Etiqueta Política, fruto de anos de estudos e inquietações a respeito da vida em sociedade. No mesmo ano, publiquei o volume 1 do livro Etiqueta Política; e agora, em 2025, entrego ao público o volume 2, que será publicado nos próximos dias, não como um ponto final, mas como um fecho simbólico de um ciclo que se renova.

Minha convicção é simples: a etiqueta política não é um adereço ou um capricho de salão, mas uma ferramenta de sabedoria e convivência. Ela traduz, em regras escritas e não escritas, a necessidade de equilibrar poder, cortesia e prudência.
Este texto, no entanto, não nasce apenas da pena do autor. Ele nasce da escuta atenta. Alunos, leitores e prefaciadores deram corpo ao texto, questionaram, provocaram e enriqueceram as páginas que escrevi. O que aqui apresento é, portanto, uma conversa ampliada, um ensaio que entrelaça vozes distintas em torno de um mesmo tema: a atualidade e a urgência da etiqueta política.

Acredito que o verdadeiro poder está no conhecimento — e ele não precisa ser proclamado em voz alta para se fazer presente. Muitas vezes, o silêncio, aliado à prudência, é capaz de comunicar mais do que longos discursos. A etiqueta política, nesse sentido, não deve ser vista como um manual restrito a profissionais da política, mas como um conjunto de saberes indispensáveis ao funcionamento saudável da sociedade, permitindo que o debate e a negociação ocorram sem hostilidade, mesmo em tempos de polarização.

A história da política nos legou lições valiosas sobre poder, diplomacia e convivência, e ao estudá-la adquirimos não apenas uma visão mais profunda da realidade, mas também ferramentas práticas para lidar com os desafios cotidianos. Compreender as dinâmicas de influência, a importância da postura adequada e a arte de agir com precisão e sensibilidade é o que distingue líderes verdadeiros de meros medíocres.
Por isso, insisto: a etiqueta política não se limita a ambientes formais ou institucionais. Ela atravessa todas as esferas da vida em sociedade, seja em negociações, mediações de conflitos ou na construção de relacionamentos pessoais. Mais do que um conjunto de regras, é uma filosofia de vida, uma bússola que nos permite navegar com sabedoria pelas complexidades humanas. E como toda filosofia genuína, é uma viagem sem fim — sempre aberta a novas perspectivas e desafios.

Costumo dizer em minhas aulas que nem sempre o conhecimento se manifesta pela fala. Muitas vezes, o silêncio, quando carregado de segurança e sabedoria, torna-se mais eloquente que discursos inflamados. Então o silêncio também é uma forma de fala? Sim. O silêncio pode ser implacável, pode encerrar uma discussão ou dar o tom de uma negociação. A etiqueta política ensina a escolher não apenas o que dizer, mas também quando se deve calar.
Um equívoco comum é imaginar que a etiqueta política se dirige apenas a candidatos, parlamentares ou chefes de Estado. Não. Ela é um bem coletivo.
A subsecretária de Desenvolvimento Humano e Social no município de Campos dos Goytacazes-RJ, Grazielle Gonçalves de Sá, aluna e leitora do volume 1, captou a essência ao afirmar na orelha do referido livro que “esses estudos irão auxiliar a prática do conjunto de regras, inclusive as não escritas, que visam promover a cortesia, o respeito mútuo e a civilidade durante discussões, debates e negociações políticas, bem como alicerçar o leitor com pilares firmes para a compreensão da sociedade”.


A etiqueta política, portanto, não é um instrumento de ascensão de carreira, mas um pilar democrático. Ela possibilita que, mesmo em tempos de polarização, o espaço público não seja destruído pela hostilidade. Nesse sentido a história da política nos fornece as grandes lições de convivência e de poder. O estudo das revoluções, tratados e pactos revela como cada sociedade construiu seus próprios códigos.
Mariel Lima de Oliveira, em sua leitura do volume 2, observou: “entender como guerras medievais, revoluções e tratados milenares ajudam a explicar polarizações atuais, lógicas de poder e até discussões como globalismo versus soberania.” Ou seja, o aprendizado da etiqueta política não se limita a comportamentos formais. Ele exige discernimento histórico e visão crítica para perceber como as raízes do passado se projetam nos dilemas contemporâneos. Mariel ainda pondera que o conteúdo do Curso “nos faz lembrar que política não é só sobre votos, partidos e disputas eleitorais”, mas nos proporciona uma viagem que vai muito além disso. Em sua percepção, no bojo da obra, apreende-se sobre os grandes nomes da história política do ocidente como vozes vivas que continuam influenciando nossa realidade, trazendo à luz como a teoria se conecta com as disputas práticas, os bastidores das decisões e até com os embates históricos que moldaram o mundo.
Assim ele conclui que, muito mais que saber se portar nas arenas sociais – do jantar com políticos ao grupo de WhatsApp da família – a etiqueta política exige discernimento, conhecimento e, acima de tudo, elegância estratégica, pois ela está, antes de tudo, eivada em princípios da ética política, servindo como um guia para quem quer navegar na política sem naufragar nas paixões.


Mas, de que adianta tanto estudo se não vou me tornar político profissional? A resposta é simples: a etiqueta política é para a vida.
Ela se manifesta na condução em uma reunião de trabalho, na mediação de um conflito familiar, no trato respeitoso nas redes sociais.
Como ressaltou o advogado e professor Christiano Abelardo Fagundes Freitas, o bojo da obra "Etiqueta Política" veio para “suprir uma lacuna na literatura especializada” justamente por mostrar que a etiqueta política concede ao ser humano a serenidade de compreender a realidade sem se abalar por ela.

Já o jornalista Rafael Khenaifes Abud sintetizou o espírito do volume 2 ao afirmar que: “Em um cenário político tão polarizado, o autor reforça a necessidade de diálogo, resgatando o espírito do Estado Democrático de Direito.” Em poderosa síntese o jornalista conclui que a filosofia apresentada na referida obra evidencia a importância do conjunto de ideias para o debate público e para a vida em sociedade. Percebeu também o crítico que a obra reforça a necessidade de diálogo, resgatando o espírito do Estado Democrático de Direito, com normas de conduta, respeito mútuo e orientações para uma interação saudável entre os participantes com reflexões que lembram: não há imprensa sem democracia, não há democracia sem liberdade de pensamento, e não há liberdade sem os conceitos que sustentam uma cidadania consciente. Rafael conclui que tanto o Curso como os livros convidam o leitor a participar da construção de um mundo mais justo, interessante e melhor para todos.
Complemento no sentido de que não há democracia sem diálogo, não há diálogo sem respeito, e não há respeito sem os códigos que sustentam a convivência social.
É nesse sentido que a etiqueta política se torna não um detalhe, mas a espinha dorsal de uma sociedade livre.
Outros leitores também trouxeram contribuições valiosas. O médico e professor Renato Faria da Gama lembrou que a obra ajuda a elevar o nível dos discursos políticos, reforçando a importância da escuta e da comunicação respeitosa, disse ele: […] a importância desta obra fascinante é sublinhada, destacando-se sua contribuição vital para a elevação do nível dos discursos políticos e para a compreensão da etiqueta como uma ferramenta indispensável para o bom funcionamento das interações sociais e políticas. O autor explora, de maneira magistral, a evolução da etiqueta desde os primórdios da civilização, revelando como essas normas de conduta social têm moldado de forma significativa as relações humanas ao longo dos séculos. Além disso, o livro aborda temas como a importância vital da comunicação respeitosa e da escuta atenta em debates políticos, a distinção entre riqueza material e verdadeira elegância, e o impacto profundo da etiqueta na política contemporânea. A obra é rica em reflexões filosóficas e práticas, oferecendo ao leitor uma visão abrangente, detalhada e profundamente enriquecedora do tema.
Nessa toada, o professor e historiador Matheus Alvarenga provocou reflexões ao relacionar a etiqueta política com a crítica de René Guénon ao sufrágio universal, sinalizando o seguinte: “Para quem tem um olhar mais atento e não se prende a escolas estabelecidas pela academia, é possível perceber facilmente o engodo perpetuado pelo sufrágio universal ao longo dos séculos asseverado por René Guénon”.
Já o radialista, teólogo, poeta e escritor Anthony Garotinho, viu no livro um convite a sonhar com a educação como fundamento da liberdade: “Somente pela educação, seremos eternamente livres.” O Ex-Governador do Estado do Rio de Janeiro menciona sobre o livro "Etiqueta Política vol 2”: “O Dr. Evandro Barros nos oferece uma excelente oportunidade para refletirmos sobre esse momento conflituoso da vida mundial […] Cada vez que leio um trabalho como este renovo o meu sonho de que, somente pela educação, seremos eternamente livres […] Dr. Evandro conseguiu tratar de temas polêmicos com uma etiqueta que poucos conseguiram fazer. O livro consegue ser leve na forma e profundo no conteúdo, como toda obra deve ser.
O aluno e brilhante jurista, Wallace Randolph, destacou o caráter didático do curso, que não apenas explica as relações de poder, mas revela a dimensão humana das figuras históricas que o exerceram. Ponderou: "Nesta obra, o autor analisa a evolução das relações de poder, estruturando um curso dividido em aulas, oferecendo ao mesmo tempo um contexto histórico e uma descrição da vida pessoal de figuras que tiveram um papel importante na construção do entendimento das origens e do exercício do poder.


Essas diferentes vozes confirmam que a etiqueta política não é monopólio de um campo acadêmico. Ela reverbera em jornalistas, historiadores, gestores públicos, advogados, professores e cidadãos comuns.
Talvez a frase que melhor resuma minha convicção seja esta:

“Devemos sempre lembrar que a etiqueta política não é apenas um conjunto de regras, mas uma filosofia de vida que nos permite navegar com sabedoria pelas complexidades das interações humanas.”
O ciclo do curso e dos dois volumes se encerra, mas não como um ponto final. É, antes, uma vírgula — uma pausa para retomar o fôlego e seguir adiante.
A etiqueta política é uma viagem sem fim. Cada geração precisará revisitá-la, reinterpretá-la e aplicá-la às suas próprias batalhas. Se a educação é o que nos mantém livres, a etiqueta política é o que nos permite permanecer unidos, mesmo diante das diferenças.
A etiqueta política, como procurei mostrar ao longo deste percurso, não é um ornamento supérfluo nem uma formalidade distante da vida real. É, antes, uma arte de viver em sociedade, uma disciplina que une história, filosofia e prática cotidiana.
Entre o silêncio que fala mais do que palavras, a prudência que equilibra paixões e a elegância que transforma conflitos em diálogo, descobrimos que a etiqueta política é uma chave de leitura da realidade. Ela nos permite compreender o presente com serenidade, sem cair nas armadilhas da polarização, e nos oferece um norte para navegar em mares revoltos.
Os volumes aqui apresentados, assim como o curso que os originou, são apenas marcos de um caminho maior: o da formação de cidadãos que sabem ouvir, dialogar e agir com grandeza. Como toda verdadeira filosofia, a etiqueta política não se esgota — ela se renova em cada gesto, em cada palavra e em cada silêncio bem colocado.
Que esta reflexão permaneça como convite: a viver a política não como campo de ruído e hostilidade, mas como espaço de civilidade, sabedoria e liberdade. Pois, em última instância, a verdadeira elegância não está no adorno, mas no espírito que busca sempre o bem comum.

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