No barro: Troféu KBrunco ganha forma de boi pintadinho
Dora Paula Paes 21/05/2025 07:45 - Atualizado em 21/05/2025 07:45
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O Troféu KBrunco já tem forma. O linguajar do “dicionário campistês” ganhou no barro, através das mãos dos artesãos, a materialização de um boi pintadinho. A representação ocorre dentro do que é ressaltado por historiadores. Afinal, a palavra cabrunco que originou a estatueta do 1º Festival Internacional Goitacá de Cinema, em Campos, tem origem no manejo animal. O esboço artístico foi apresentado no sábado (17), com a gravação dos bastidores do projeto Caminhos de Barro, na Uenf.

“O Troféu Kbrunco foi concebido a partir de uma proposta que promove a junção entre o cinema e a cultura popular de Campos dos Goytacazes e a região norte e noroeste fluminense. Os bois pintadinhos remetem a uma longa tradição ao mesmo tempo em que o termo “Cabrunco” ou “Kbrunco” - como estamos usando - está arraigado no linguajar cotidiano dos diferentes territórios que compõem os cenários humanos e geográficos da planície goitacá. É uma forma de homenagearmos a população da região, suas tradições e seus saberes”, afirma Fernando Sousa, diretor-geral do Festival Internacional Goitacá de Cinema, que ocorrerá entre 19 e 24 de agosto.
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As peças artesanais ainda estão em fase de produção, porém, os bois pintadinhos estão quase todos prontos. No processo, 10 artesãos do Caminhos de Barro estão envolvidos direta ou indiretamente na sua confecção. O trabalho começou na segunda quinzena de janeiro deste ano.

Para a confecção, os organizadores do festival escolheram o ateliê do famoso Caminhos do Barra, criado há mais de 20 anos. O projeto de extensão comunitária da Uenf dissemina a arte cerâmica e fomenta a geração de renda e trabalho, uma iniciativa do Centro de Ciências e Tecnologia, com coordenação do professor Jonas Alexandre.

- Estamos muito orgulhosos com essa oportunidade!. Todas estão se sentindo orgulhosas e valorizadas. Nunca a cultura local foi vistae valorizadacomo nos tempos atuais. Isso é extremamente impactante e inclusivo - disse Idamara Rizzo, diretora do ateliê e atividades externas.

Fernando Sousa destaca que sempreexistiu o objetivo de conectar o Festival Internacional Goitacá de Cinema com a região e a cultura popular. Nesse caso, ele explica, a intenção é contribuir e valorizar o trabalho de longa data realizado pelo projeto Caminhos de Barro.

Quem também aplaude a iniciativa é a historiadora Graziela Escocard. Ela e Genilson Soares, do Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes, realizaram no ano passado a Exposição “Coisa de Campista - o Linguajar da Planície Goitacá”. Com autoridade, ela ressalta que o universo das palavras campistas é formado por variações fonéticas, sintáticas, repetições de expressões muito peculiares que dão ênfase ao que estamos falando e por palavras existentes apenas na região ou que, aqui, ganharam outra significação.

“As expressões como “cabrunco” - ou na grafia do troféu, “KBrunco” - carregam um peso cultural e simbólico muito forte, especialmente quando falamos da Baixada Campista e da identidade regional do Norte Fluminense”, ressalta a historiadora.

Levar para casa o boi pintadinho e o título de destaque no Festival Goitacá de Cinema agora é sonho de idealizadores dos 793 trabalhos inscritos, entre 94 longas e 699 curtas,incluindo animações.
A maioria das produções vem da América Latina, com 765 filmes oriundos de países como Brasil, Argentina, Chile e Colômbia. Da Europa, vieram 65 produções. Também houve participação de realizadores da África e Oceania. Desses, cerca de 50 trabalhos serão apresentados no Festival, no total de cinco mostras competitivas.

A curadoria selecionará os filmes para as seguintes mostras competitivas: Mostra Brasileira, que registrou o maior número de inscrições, com 541 filmes; Mostra Internacional, com 88 filmes inscritos; Mostra Kbrunquinho, voltada para produções infantojuvenis, com 69 inscrições; Mostra Olhares da Planície, dedicada a filmes realizados no interior do Rio de Janeiro, com 25 produções; e a Mostra Zezé Motta com 70 títulos submetidos.

Homenagem - A atriz campista, Zezé Motta, grande homenageada no Festival, também vai ganhar um Trófeu KBrunco para chamar de seu e celebrar sua trajetória no cinema brasileiro no Festival.
O I Festival Internacional Goitacá de Cinema é realizado pela Quiprocó Filmes, por meio da Lei Rouanet e do Ministério da Cultura, com patrocínio da Ferroport. O projeto também está aprovado na Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro (ICMS). Conta com a parceria cultural e educacional da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Uenf (PPGSP), do Cine Darcy, da Casa de Cultura Villa Maria e do Projeto Caminhos de Barro. Conta ainda com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Unimed Campos. Tem a parceria de mídia do Canal Curta e do Grupo Folha.

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