Dora Paula Paes
26/11/2025 07:48 - Atualizado em 26/11/2025 07:48
Divulgação/Foto: Isa Nocci
O filme “Vermelho” é mais uma importante produção audiovisual com identidade de Campos. No contexto do longa, que também é um manifesto, a produção nasce do encontro entre arte, verdade e denúncia. Criado e dirigido pela atriz e produtora campista Graziela dos Anjos, a obra mistura dramaturgia e realidade, revelando histórias de mulheres que enfrentaram diferentes formas de violência de gênero. A estreia será nesta quarta-feira (26), no Teatro Municipal Trianon, às 19h30. Uma hora antes, será aberta a exposição imersiva no foyer do teatro.
"Trazer meu trabalho para este filme é, antes de tudo, trazer a minha própria vida. Eu não estou apenas na frente e atrás das câmeras ou na criação das cenas — eu também sou depoente. O filme "Vermelho" é uma denúncia pública, um ato de coragem e de memória. Ele carrega partes da minha história, das minhas cicatrizes e da história da minha avó, Maria do Carmo de Souza, a primeira mulher com um comércio registrado no 17º distrito. Ela resistiu e subsistiu diante de violências que marcaram sua trajetória, e essa força ancestral me acompanha e me guia", disseGraziela dos Anjos, que tem nessa jornada Izabelly Moraes, também dividindo a direção.
O projeto, realizado em parceria com a subsecretaria de Políticas Públicas para as Mulheres de Campos dos Goytacazes, reúne depoimentos reais de vítimas assistidas pelo Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam), que, com coragem e sensibilidade, aceitaram compartilhar suas vivências para transformar dor em consciência social.
Além dos relatos, o filme também traz falas de profissionais especialistas que atuam no enfrentamento à violência contra a mulher — entre eles, psicóloga, assistente social, advogada e ginecologista obstétrica , também uma forma encontrada de ampliar o debate.
“Vermelho” não é apenas um filme, mas um manifesto artístico e social. Durante o processo de produção, foram realizadas ações performáticas e simbólicas pela cidade, como o Memorial “Lírios da Paz”, instalado na sede da Subsecretaria de Políticas Públicas para as Mulheres.
Divulgação/ Foto: Isa Nocci
Outra ação marcante foi o Manifesto nas Escadarias da Câmara Municipal, que contou com um chamamento público às mulheres da cidade para ocuparem simbolicamente seu lugar na escadaria. O ato poético e político convidou as mulheres a se reconhecerem. O manifesto ainda reuniu atrizes, vítimas e profissionais do enfrentamento à violência, num potente gesto coletivo de resistência, empatia e arte.
A trilha sonora também é um ponto de destaque. O filme conta com três composições originais, produzidas especialmente para a obra:uma trilha em violino, que conduz o tom dramático das cenas;a canção “Vermelho Cantada”, que dá voz à emoção e à memória das personagens eo samba “Eu Digo o Que Eu Quiser”, que simboliza liberdade, força e recomeço.
Os ingressos solidários poderão ser retirados pela plataforma Mega Bilheteria, responsável pela bilheteria do Teatro Trianon, mediante a entrega de 1 (um) quilo de alimento não perecível. Os alimentos arrecadados serão destinados a instituições que apoiam mulheres vítimas de violência.