
É muito comum ver clientes chegarem na minha consultoria querendo investir em ações, fundos imobiliários, criptomoedas ou outros ativos de longo prazo, ignorando totalmente a reserva de emergência. O problema é que qualquer imprevisto no curto prazo pode obrigar essa pessoa a descapitalizar o valor investido para cobrir a emergência. Agora imagine se esse valor está aplicado em ativos voláteis: na hora de resgatar, o dinheiro pode estar valendo menos do que o que foi aplicado. É um risco desnecessário e que pode atrasar anos de planejamento.
Por isso, a reserva precisa ser a primeira prioridade. Ela deve estar aplicada em ativos de baixo risco, com liquidez diária e que rendam pelo menos 100% do CDI. O ideal é que cubra de 3 a 12 meses dos seus custos fixos e variáveis, dependendo da sua situação pessoal e do nível de segurança que deseja. Esse valor deve ser calculado a partir do seu orçamento mensal, considerando despesas como moradia, alimentação, transporte, saúde e educação. Dessa forma, se algo inesperado acontecer, você terá tempo e tranquilidade para se reorganizar sem precisar recorrer a empréstimos ou ao cheque especial.
E como começar? Uma boa sugestão é separar 10% da sua renda mensal exclusivamente para a reserva. Com disciplina e consistência, pouco a pouco você constrói essa proteção. Mas vale um ponto importante: você não precisa esperar concluir 100% da sua reserva de emergência para só então investir em outros objetivos. O ideal é definir proporções: destine a maior parte para a reserva, por exemplo, 10% da renda e distribua uma fatia menor para outros objetivos, como aposentadoria ou compra de um bem, por exemplo, 5% para cada um. Assim, você garante a segurança no curto prazo sem deixar de avançar nos demais planos.
Ter uma reserva de emergência fortalece sua saúde mental, trazendo mais calma e segurança para lidar com imprevistos. Quando sabemos que temos uma proteção financeira, conseguimos tomar decisões mais conscientes, sem o peso do desespero. Isso abre caminho para começar a investir de forma mais estratégica e buscar a verdadeira independência financeira.
Portanto, se você ainda não tem sua reserva, comece hoje mesmo. Defina esse percentual para poupar, mantenha disciplina e, aos poucos, construa a base que vai sustentar todo o seu planejamento financeiro.
Lembre-se: a independência financeira não começa com grandes investimentos, mas sim com a segurança de saber que você está preparado para os imprevistos da vida.
Douglas Mulinári Consultor Financeiro
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