Gustavo Abreu
06/10/2025 22:02 - Atualizado em 07/10/2025 16:33
Bitcoin em 2025: rotina, uso e impacto no Brasil
O bitcoin apareceu em 2009. Um PDF, um código aberto, meia dúzia de gente em fórum falando em “dinheiro sem banco”. Pouca gente levou a sério. Quinze anos depois, cá estamos. Setembro de 2025. O ativo segue vivo, negociado em todo canto e cada vez mais no radar do brasileiro.
Não é só investidor profissional. É estudante, é trabalhador, é aposentado curioso. Segundo a Chainalysis, em 2024 o Brasil ficou em sétimo lugar em adoção de criptomoedas. Isso significa milhões de pessoas. Muita gente mesmo. E muita gente que abre o celular de manhã e já confere o preço do bitcoin hoje. Igual checar previsão do tempo.
Por que ainda está no topo?
O bitcoin tem algumas cartas na manga. Escassez: só 21 milhões de unidades. Descentralização: não tem governo mandando. Segurança: a blockchain roda há anos sem parar. Esses pontos já foram falados mil vezes. Mas ainda contam. E tem mais: foi o primeiro. Isso pesa. Mesmo quem não gosta precisa admitir.
O Brasil entrou no jogo
O Banco Central calcula que 4,9 milhões de brasileiros têm cripto em 2025. É quase a população inteira do Rio. Por quê? Vários motivos. Inflação crônica que empurra a buscar alternativas. Apps de corretoras que tornaram fácil comprar R$50 em bitcoin em segundos. Bancos tradicionais que se renderam e passaram a oferecer fundos atrelados à moeda digital. O Valor Econômico publicou em julho de 2025: R$250 bilhões por ano circulam em cripto no Brasil. É um número gigante. Dá pra comparar com setores inteiros da indústria.
Dá pra usar no dia a dia?
Ainda é exceção. Mas existe. Tem uma cafeteria em São Paulo aceitando via Lightning Network. Tem site de turismo vendendo passagem aérea em bitcoin. Tem até anúncio de imóvel em Curitiba aceitando parte do pagamento em cripto. Vale a pena? Talvez não para todo mundo. Mas a questão não é essa. É possível. E isso muda tudo. Antes era piada: “ninguém vai comprar café com bitcoin”. Agora já tem gente comprando. Contudo, os desafios para o uso massivo em pagamentos persistem. A alta volatilidade ainda assusta comerciantes. Além disso, a legislação tributária brasileira, que exige a declaração de ganhos de capital a cada transação, adiciona uma camada de complexidade que desencoraja o uso para pequenas compras cotidianas. A solução para isso parece estar em tecnologias de segunda camada e em stablecoins.
Regras e confiança
Desde 2023 o Brasil tem o Marco Legal dos Criptoativos (Lei 14.478). Exchanges registradas, normas contra lavagem, mais fiscalização. Na prática: investidor comum se sente mais protegido. A lei forçou uma profissionalização do mercado. Corretoras que operam na informalidade tiveram que se adequar ou fechar as portas, resultando em um ambiente mais seguro e transparente para o consumidor final. E quando há proteção, os grandes entram. Bancos, fundos, corretoras tradicionais. Hoje já tem um fundo de investimento em bitcoin aprovado e rodando no país.
Fora do Brasil: eventos que mexeram
Em 2024, os ETFs de bitcoin à vista foram liberados nos EUA. Foi marco. Atraiu bilhões de dólares institucionais. O efeito respingou aqui: fundos brasileiros também criaram produtos semelhantes. O lançamento dos ETFs foi crucial porque criou uma ponte regulada e familiar entre o capital de Wall Street e o universo cripto. Gestores de fundos de pensão e family offices, que antes não podiam ou não queriam lidar com a complexidade da custódia direta de criptoativos, passaram a ter um veículo de investimento simples e listado em bolsa, o que legitimou o bitcoin como uma classe de ativos perante o mercado financeiro tradicional. Enquanto isso, bancos centrais seguem testando moedas digitais próprias, as CBDCs. Não significa que vão matar o bitcoin, mas mostra que o debate chegou ao topo do sistema financeiro.
O que esperar daqui pra frente
Preço? Esquece. Não dá pra prever. Mas algumas tendências são claras: Fundos de pensão adicionando bitcoin nas carteiras. Stablecoins em reais e integração com o PIX crescendo. Lightning Network cada vez mais usada para baratear transações. Educação financeira melhorando: com o Drex em fase de testes, muita gente entende blockchain sem nem perceber. A coexistência do Drex (centralizado e estatal) com o bitcoin (descentralizado e global) desenha um futuro financeiro híbrido. O Drex pode se tornar o trilho para as transações do dia a dia, enquanto o bitcoin se consolida como o principal ativo para reserva de valor de longo prazo, uma espécie de "poupança digital" soberana. Ou seja: não dá sinais de sumir. Ao contrário, parece mais enraizado.
Conclusão
O bitcoin de 2025 não é moda. Não é promessa. É parte do sistema. No Brasil, cresce em adoção, ganha regras, aparece em usos reais. Acompanhar o preço do bitcoin hoje virou hábito. Não só para especular, mas para entender um fenômeno global que já mexe com a economia brasileira também.