O I Festival Internacional Goitacá de Cinema dará início à sua programação nesta terça (19), destacando a importância da formação e da projeção internacional do cinema e do audiovisual brasileiro. O idealizador e diretor-geral do evento, Fernando Sousa, ressalta que o festival nasce como parte de um movimento maior: “O festival é parte de uma estratégia que eu espero que, dentre os resultados, um deles seja a criação da Escola Brasileira de Cinema e Audiovisual. Então, a gente cria esse festival como parte desse movimento para pautar um novo projeto de criação dessa escola”.
Fernando Sousa se refere ao plano de Darcy Ribeiro que, ao fundar a UENF, incluiu a criação de uma Escola de Cinema e Audiovisual. Apesar da relevância cultural e histórica da região para o cinema brasileiro, que já foi cenário de produções como "Ganga Zumba" (1963) e "Xica da Silva" (1976), o projeto não foi concretizado na época. Nos últimos anos, cineastas e acadêmicos têm trabalhado para retomar e atualizar essa proposta.
Segundo Sousa, a expectativa é que sejam apresentadas, em breve, as bases orientadoras e princípios norteadores da futura instituição. “Essa Escola Brasileira de Cinema e Audiovisual teria uma característica muito importante: seria o primeiro curso de cinema criado no contexto digital, com os desafios do mundo digital”, pontuou.
Em entrevista ao programa Folha no Ar, na Folha FM, na segunda-feira (18), além de discutir a formação, Fernando Sousa destaca a necessidade de políticas mais amplas para o setor. “A gente precisa de um plano safra para o cinema e para o audiovisual. Se tivéssemos um plano safra do tamanho do da agropecuária, levaríamos de lambuja, todo ano, os mais importantes prêmios do cinema internacional. Estaríamos projetando o Brasil de outra forma para o Brasil e para o mundo.”
Para ele, esse projeto precisa estar fundamentado não apenas no incentivo à produção, mas também no fortalecimento da formação profissional. “O cinema e o audiovisual, eu digo sempre, quando a gente vê um filme não faz ideia do quanto de pessoas, das mais diferentes origens profissionais, trabalham para que uma obra aconteça.”
Com essa perspectiva, o Festival Goitacá inicia sua trajetória reafirmando o compromisso com o futuro do cinema e do audiovisual brasileiro, valorizando a educação, a inovação e a criação de um ecossistema sustentável para a produção cultural no país.
Mostras competitivas, oficinas e homenagem a Zezé Motta
De 19 a 24 de agosto, Campos dos Goytacazes se transformará em reduto do cinema com o I Festival Internacional Goitacá de Cinema, produzido pela Quiprocó Filmes, com a chancela da Lei Rouanet e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura - RJ. O primeiro festival internacional de cinema da cidade será totalmente gratuito, contando com uma seleção de 65 filmes de todas as regiões do Brasil, além da América Latina, Europa, Oceania, Ásia e África, ocupando o Centro de Convenções da UENF.
A atriz Zezé Motta, nascida em Campos, será a grande homenageada do evento, tendo uma mostra com o seu nome dedicada a filmes que contemplam diversidade de raça e gênero. Ela também estará presente na abertura, dia 19, às 18h, quando receberá uma homenagem celebrando toda a sua carreira e importância para o cinema e a cultura brasileira. O filme "Deixa", de Mariana Jasper, com a atriz será exibido às 18h30.
Em paralelo a programação do festival, acontecerá o Seminário de Cinema do Norte e Noroeste Fluminense, com o apoio da FAPERJ e da CAPES, que contará com nove mesas de debates com a participação de pesquisadores, agentes do mercado e representantes do poder público. O Programa de Formação, que está sendo promovido pelo festival em parceria com a Diretoria de Cultura e a Escola de Extensão da UENF, oferecerá mais de 150 vagas aos interessados em 9 oficinas gratuitas selecionadas entre 72 propostas recebidas de diversas partes do Brasil.
Outro destaque é o Cine Market Goitacá, espaço dedicado a negócios, networking e articulações institucionais, com mesas voltadas a temas como políticas públicas, sustentabilidade no audiovisual, coproduções e fomento regional. A programação contempla debates, masterclass internacionais e nacionais voltadas para cineastas, estudantes, profissionais da área, de áreas correlatas e o público em geral. Há espaço para todos os gostos e idades.
“O festival marca um momento histórico para Campos, abrindo portas para novos talentos, impulsionando negócios, gerando empregos, dinamizando a economia regional e fortalecendo a cena cinematográfica regional. Com o tema “Preservar e Formar para o futuro”, a proposta está sendo forjada em meio a retomada do projeto da Escola Brasileira de Cinema e Audiovisual. A nossa missão é inspirar novas produções, conectar criadores e colocar a cidade de vez no mapa do cinema brasileiro e internacional”, afirma Fernando Sousa, diretor-geral do evento.
Turismo e audiovisual se encontram no Festival Goitacá
Como parte da programação, o festival também realizará ações que unem Turismo e Audiovisual, com duas ativações especiais que contam com o apoio da Embratur, patrocinadora oficial do evento, nas cidades vizinhas de Quissamã e São João da Barra. Os convidados terão a oportunidade de conhecer de perto dois importantes patrimônios naturais e culturais do Norte Fluminense: a Reserva Caruara, em São João da Barra, e o Quilombo Machadinha, em Quissamã. A visita em cada uma das cidades, contará com um grupo de 20 pessoas, com transporte em vans disponibilizadas pela organização do festival. Mais informações na página oficial do Festival no Instagram.
Programação na quarta-feira (20)
MOSTRA NACIONAL COMPETITIVA - LONGAS
Tijolo Por Tijolo (2024)
Sinopse: No Ibura, periferia do Recife, Cris tem a impressão de que tudo está por um fio. Ela e o marido perderam os empregos no início da pandemia de Covid-19 e também a casa em que moravam com três crianças pequenas, por risco de desabamento. Grávida do quarto filho e em busca de uma laqueadura, ela trabalha como micro-influenciadora digital, enquanto tenta reconstruir a casa e reestruturar a vida.
Direção: Victória Álvares e Quentin Delaroche
Pernambuco. Documentário. 103 minutos. Livre
Data e horário de exibição: 20 de agosto, às 15h30
Local: Centro de Convenções Oscar Niemeyer - UENF - Cine Darcy
Pacto da Viola (2024)
Sinopse: Alex é um compositor sertanejo que sonha se tornar um músico habilidoso igual ao seu pai. Sem sucesso na cidade, retorna ao sertão mineiro para ajudar seu pai, um violeiro adoentado que busca se curar com promessas e rituais da Folia de Reis. Para salvar o pai e a si mesmo, Alex precisa mergulhar nas crenças locais e cruzar a fina fronteira que separa os santos e o diabo.
Direção: Guilherme Bacalhao
Distrito Federal. Ficção. 99 minutos. 12 anos
Data e horário de exibição: 20 de agosto, às 20h
Local: Centro de Convenções Oscar Niemeyer - UENF - Cine Darcy
