ETIQUETA POLÍTICA
17/08/2025 | 09h49
REFLEXÕES SOBRE O CURSO DE ETIQUETA POLÍTICA
O Curso do Império – A Destruição, de Thomas Cole.
A etiqueta política é um campo de saber que transcende a mera formalidade, configurando-se como um verdadeiro instrumento para a compreensão e a prática do convívio social e das relações de poder.
Ao longo de 2024 ministrei o Curso de Etiqueta Política, fruto de anos de estudos e inquietações a respeito da vida em sociedade. No mesmo ano, publiquei o volume 1 do livro Etiqueta Política; e agora, em 2025, entrego ao público o volume 2, que será publicado nos próximos dias, não como um ponto final, mas como um fecho simbólico de um ciclo que se renova.

Minha convicção é simples: a etiqueta política não é um adereço ou um capricho de salão, mas uma ferramenta de sabedoria e convivência. Ela traduz, em regras escritas e não escritas, a necessidade de equilibrar poder, cortesia e prudência.
Este texto, no entanto, não nasce apenas da pena do autor. Ele nasce da escuta atenta. Alunos, leitores e prefaciadores deram corpo ao texto, questionaram, provocaram e enriqueceram as páginas que escrevi. O que aqui apresento é, portanto, uma conversa ampliada, um ensaio que entrelaça vozes distintas em torno de um mesmo tema: a atualidade e a urgência da etiqueta política.

Acredito que o verdadeiro poder está no conhecimento — e ele não precisa ser proclamado em voz alta para se fazer presente. Muitas vezes, o silêncio, aliado à prudência, é capaz de comunicar mais do que longos discursos. A etiqueta política, nesse sentido, não deve ser vista como um manual restrito a profissionais da política, mas como um conjunto de saberes indispensáveis ao funcionamento saudável da sociedade, permitindo que o debate e a negociação ocorram sem hostilidade, mesmo em tempos de polarização.

A história da política nos legou lições valiosas sobre poder, diplomacia e convivência, e ao estudá-la adquirimos não apenas uma visão mais profunda da realidade, mas também ferramentas práticas para lidar com os desafios cotidianos. Compreender as dinâmicas de influência, a importância da postura adequada e a arte de agir com precisão e sensibilidade é o que distingue líderes verdadeiros de meros medíocres.
Por isso, insisto: a etiqueta política não se limita a ambientes formais ou institucionais. Ela atravessa todas as esferas da vida em sociedade, seja em negociações, mediações de conflitos ou na construção de relacionamentos pessoais. Mais do que um conjunto de regras, é uma filosofia de vida, uma bússola que nos permite navegar com sabedoria pelas complexidades humanas. E como toda filosofia genuína, é uma viagem sem fim — sempre aberta a novas perspectivas e desafios.

Costumo dizer em minhas aulas que nem sempre o conhecimento se manifesta pela fala. Muitas vezes, o silêncio, quando carregado de segurança e sabedoria, torna-se mais eloquente que discursos inflamados. Então o silêncio também é uma forma de fala? Sim. O silêncio pode ser implacável, pode encerrar uma discussão ou dar o tom de uma negociação. A etiqueta política ensina a escolher não apenas o que dizer, mas também quando se deve calar.
Um equívoco comum é imaginar que a etiqueta política se dirige apenas a candidatos, parlamentares ou chefes de Estado. Não. Ela é um bem coletivo.
A subsecretária de Desenvolvimento Humano e Social no município de Campos dos Goytacazes-RJ, Grazielle Gonçalves de Sá, aluna e leitora do volume 1, captou a essência ao afirmar na orelha do referido livro que “esses estudos irão auxiliar a prática do conjunto de regras, inclusive as não escritas, que visam promover a cortesia, o respeito mútuo e a civilidade durante discussões, debates e negociações políticas, bem como alicerçar o leitor com pilares firmes para a compreensão da sociedade”.


A etiqueta política, portanto, não é um instrumento de ascensão de carreira, mas um pilar democrático. Ela possibilita que, mesmo em tempos de polarização, o espaço público não seja destruído pela hostilidade. Nesse sentido a história da política nos fornece as grandes lições de convivência e de poder. O estudo das revoluções, tratados e pactos revela como cada sociedade construiu seus próprios códigos.
Mariel Lima de Oliveira, em sua leitura do volume 2, observou: “entender como guerras medievais, revoluções e tratados milenares ajudam a explicar polarizações atuais, lógicas de poder e até discussões como globalismo versus soberania.” Ou seja, o aprendizado da etiqueta política não se limita a comportamentos formais. Ele exige discernimento histórico e visão crítica para perceber como as raízes do passado se projetam nos dilemas contemporâneos. Mariel ainda pondera que o conteúdo do Curso “nos faz lembrar que política não é só sobre votos, partidos e disputas eleitorais”, mas nos proporciona uma viagem que vai muito além disso. Em sua percepção, no bojo da obra, apreende-se sobre os grandes nomes da história política do ocidente como vozes vivas que continuam influenciando nossa realidade, trazendo à luz como a teoria se conecta com as disputas práticas, os bastidores das decisões e até com os embates históricos que moldaram o mundo.
Assim ele conclui que, muito mais que saber se portar nas arenas sociais – do jantar com políticos ao grupo de WhatsApp da família – a etiqueta política exige discernimento, conhecimento e, acima de tudo, elegância estratégica, pois ela está, antes de tudo, eivada em princípios da ética política, servindo como um guia para quem quer navegar na política sem naufragar nas paixões.


Mas, de que adianta tanto estudo se não vou me tornar político profissional? A resposta é simples: a etiqueta política é para a vida.
Ela se manifesta na condução em uma reunião de trabalho, na mediação de um conflito familiar, no trato respeitoso nas redes sociais.
Como ressaltou o advogado e professor Christiano Abelardo Fagundes Freitas, o bojo da obra "Etiqueta Política" veio para “suprir uma lacuna na literatura especializada” justamente por mostrar que a etiqueta política concede ao ser humano a serenidade de compreender a realidade sem se abalar por ela.

Já o jornalista Rafael Khenaifes Abud sintetizou o espírito do volume 2 ao afirmar que: “Em um cenário político tão polarizado, o autor reforça a necessidade de diálogo, resgatando o espírito do Estado Democrático de Direito.” Em poderosa síntese o jornalista conclui que a filosofia apresentada na referida obra evidencia a importância do conjunto de ideias para o debate público e para a vida em sociedade. Percebeu também o crítico que a obra reforça a necessidade de diálogo, resgatando o espírito do Estado Democrático de Direito, com normas de conduta, respeito mútuo e orientações para uma interação saudável entre os participantes com reflexões que lembram: não há imprensa sem democracia, não há democracia sem liberdade de pensamento, e não há liberdade sem os conceitos que sustentam uma cidadania consciente. Rafael conclui que tanto o Curso como os livros convidam o leitor a participar da construção de um mundo mais justo, interessante e melhor para todos.
Complemento no sentido de que não há democracia sem diálogo, não há diálogo sem respeito, e não há respeito sem os códigos que sustentam a convivência social.
É nesse sentido que a etiqueta política se torna não um detalhe, mas a espinha dorsal de uma sociedade livre.
Outros leitores também trouxeram contribuições valiosas. O médico e professor Renato Faria da Gama lembrou que a obra ajuda a elevar o nível dos discursos políticos, reforçando a importância da escuta e da comunicação respeitosa, disse ele: […] a importância desta obra fascinante é sublinhada, destacando-se sua contribuição vital para a elevação do nível dos discursos políticos e para a compreensão da etiqueta como uma ferramenta indispensável para o bom funcionamento das interações sociais e políticas. O autor explora, de maneira magistral, a evolução da etiqueta desde os primórdios da civilização, revelando como essas normas de conduta social têm moldado de forma significativa as relações humanas ao longo dos séculos. Além disso, o livro aborda temas como a importância vital da comunicação respeitosa e da escuta atenta em debates políticos, a distinção entre riqueza material e verdadeira elegância, e o impacto profundo da etiqueta na política contemporânea. A obra é rica em reflexões filosóficas e práticas, oferecendo ao leitor uma visão abrangente, detalhada e profundamente enriquecedora do tema.
Nessa toada, o professor e historiador Matheus Alvarenga provocou reflexões ao relacionar a etiqueta política com a crítica de René Guénon ao sufrágio universal, sinalizando o seguinte: “Para quem tem um olhar mais atento e não se prende a escolas estabelecidas pela academia, é possível perceber facilmente o engodo perpetuado pelo sufrágio universal ao longo dos séculos asseverado por René Guénon”.
Já o radialista, teólogo, poeta e escritor Anthony Garotinho, viu no livro um convite a sonhar com a educação como fundamento da liberdade: “Somente pela educação, seremos eternamente livres.” O Ex-Governador do Estado do Rio de Janeiro menciona sobre o livro "Etiqueta Política vol 2”: “O Dr. Evandro Barros nos oferece uma excelente oportunidade para refletirmos sobre esse momento conflituoso da vida mundial […] Cada vez que leio um trabalho como este renovo o meu sonho de que, somente pela educação, seremos eternamente livres […] Dr. Evandro conseguiu tratar de temas polêmicos com uma etiqueta que poucos conseguiram fazer. O livro consegue ser leve na forma e profundo no conteúdo, como toda obra deve ser.
O aluno e brilhante jurista, Wallace Randolph, destacou o caráter didático do curso, que não apenas explica as relações de poder, mas revela a dimensão humana das figuras históricas que o exerceram. Ponderou: "Nesta obra, o autor analisa a evolução das relações de poder, estruturando um curso dividido em aulas, oferecendo ao mesmo tempo um contexto histórico e uma descrição da vida pessoal de figuras que tiveram um papel importante na construção do entendimento das origens e do exercício do poder.


Essas diferentes vozes confirmam que a etiqueta política não é monopólio de um campo acadêmico. Ela reverbera em jornalistas, historiadores, gestores públicos, advogados, professores e cidadãos comuns.
Talvez a frase que melhor resuma minha convicção seja esta:

“Devemos sempre lembrar que a etiqueta política não é apenas um conjunto de regras, mas uma filosofia de vida que nos permite navegar com sabedoria pelas complexidades das interações humanas.”
O ciclo do curso e dos dois volumes se encerra, mas não como um ponto final. É, antes, uma vírgula — uma pausa para retomar o fôlego e seguir adiante.
A etiqueta política é uma viagem sem fim. Cada geração precisará revisitá-la, reinterpretá-la e aplicá-la às suas próprias batalhas. Se a educação é o que nos mantém livres, a etiqueta política é o que nos permite permanecer unidos, mesmo diante das diferenças.
A etiqueta política, como procurei mostrar ao longo deste percurso, não é um ornamento supérfluo nem uma formalidade distante da vida real. É, antes, uma arte de viver em sociedade, uma disciplina que une história, filosofia e prática cotidiana.
Entre o silêncio que fala mais do que palavras, a prudência que equilibra paixões e a elegância que transforma conflitos em diálogo, descobrimos que a etiqueta política é uma chave de leitura da realidade. Ela nos permite compreender o presente com serenidade, sem cair nas armadilhas da polarização, e nos oferece um norte para navegar em mares revoltos.
Os volumes aqui apresentados, assim como o curso que os originou, são apenas marcos de um caminho maior: o da formação de cidadãos que sabem ouvir, dialogar e agir com grandeza. Como toda verdadeira filosofia, a etiqueta política não se esgota — ela se renova em cada gesto, em cada palavra e em cada silêncio bem colocado.
Que esta reflexão permaneça como convite: a viver a política não como campo de ruído e hostilidade, mas como espaço de civilidade, sabedoria e liberdade. Pois, em última instância, a verdadeira elegância não está no adorno, mas no espírito que busca sempre o bem comum.
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PROBLEMAS MAIS COMUNS EM VOOS
24/06/2025 | 15h31


Viajar de avião deveria ser uma experiência tranquila, mas infelizmente alguns problemas são mais comuns do que gostaríamos. Confira os principais:

1- Atrasos de Voo

Você chega no aeroporto, faz o check-in, e… o voo atrasa horas!

Exemplo real:
“Maria tinha um compromisso médico importante em outra cidade, mas o voo dela atrasou mais de 4 horas. Ela acabou perdendo a consulta.”

Direito:
Se o atraso for superior a 1h: direito a comunicação (telefone, internet).
Se for superior a 2h: alimentação.
Se for superior a 4h: hospedagem (se for o caso) e até reembolso ou reacomodação.

2- Cancelamento de Voo

Você compra a passagem, faz o planejamento… e no dia da viagem: voo cancelado!

Exemplo real:
“Carlos ia para o casamento da irmã. Chegando no aeroporto, descobriu que o voo tinha sido cancelado sem aviso prévio.”

Direito:
A companhia deve oferecer:
Reembolso integral,
Reacomodação em outro voo,
Execução por outro meio de transporte,
Assistência material (refeição, hospedagem, transporte, etc).

3- Extravio ou Danos à Bagagem

Você chega ao destino… mas a sua mala não! Ou chega, mas toda danificada

Exemplo real:
“Fernanda viajou para um congresso e sua mala com roupas e materiais de trabalho sumiu. Ela passou dias sem os pertences.”

Direito:
Indenização por danos materiais e morais,
Reembolso de despesas emergenciais,
Em caso de dano, a empresa deve reparar ou indenizar.

4- Problemas com Transporte de Esquifes

Infelizmente, quando acontece uma perda na família, o traslado do corpo também pode gerar problemas…

Exemplo real:
“A família de José aguardava o corpo para o velório, mas a companhia aérea atrasou o traslado em quase 24 horas, causando enorme sofrimento emocional.”

Direito:
As companhias têm obrigação de realizar o transporte com dignidade e dentro dos prazos combinados.
Em caso de falha, cabe indenização por danos morais e materiais de acordo com cada situação.

5- Viajar com Pet de Apoio Emocional

Se você tem um pet de apoio emocional, pode ter problemas ao tentar embarcar sem saber as regras.

Exemplo real:
“Laura tem ansiedade e viaja sempre com seu cão de suporte emocional. Na última viagem, a companhia tentou barrar o embarque por falta de documentação.”

Direito:
Animais de apoio emocional podem viajar com o passageiro na cabine, mas é necessário:
Apresentar laudo médico,
Documentação do animal,
Aviso prévio à companhia.


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Qualidade Democrática e Licenciamento Ambiental
19/06/2025 | 09h47
Quando falamos de grandes empreendimentos e suas consequências ambientais, a discussão não pode se limitar apenas a estudos de impacto ou questões técnicas. Por trás de cada decisão sobre o licenciamento ambiental está um fator essencial: a qualidade da democracia
O conceito de "qualidade democrática", amplamente discutido pelos cientistas políticos Larry Diamond e Leonardo Morlino, vai muito além da realização de eleições periódicas.
Trata-se de avaliar se o sistema democrático garante participação efetiva da população, respeito ao Estado de Direito, igualdade social, accountability e capacidade de resposta do governo.

Estado de Direito: A base para um licenciamento ambiental justo

Um dos pilares de uma democracia de qualidade, segundo Diamond e Morlino, é o Estado de Direito. Isso significa que as leis devem ser aplicadas de forma justa, transparente e imparcial. No contexto do licenciamento ambiental, esse princípio garante que os procedimentos legais sejam seguidos à risca, evitando que pressões políticas ou interesses econômicos se sobreponham às exigências ambientais e sociais.

Infelizmente, quando o Estado de Direito é fragilizado, o processo de licenciamento pode se tornar uma formalidade burocrática, abrindo espaço para irregularidades e prejuízos ambientais de grande escala.

Participação cidadã: Dar voz a quem será impactado

Outro ponto central na análise da qualidade democrática é a participação popular. Uma democracia robusta oferece canais para que os cidadãos possam influenciar diretamente as políticas públicas. No caso de grandes empreendimentos, isso se traduz em audiências públicas realmente eficazes, consultas prévias a comunidades tradicionais e indígenas e acesso transparente a todas as informações sobre os impactos do projeto.

Sem esses mecanismos, o risco é que decisões importantes sejam tomadas dentro de gabinetes, por poucos, desconsiderando os direitos e as preocupações da população local.

Accountability: Quem fiscaliza o processo?

A accountability — ou prestação de contas — é outro elemento indispensável para que o licenciamento ambiental seja legítimo. Ela ocorre tanto de forma vertical (quando a sociedade fiscaliza por meio de eleições e participação social) quanto horizontal (quando órgãos de controle independentes monitoram a atuação do Executivo).

A falta de transparência e fiscalização no processo de licenciamento pode abrir espaço para corrupção, favorecimento indevido de grandes empresas e violações de direitos socioambientais.

Igualdade: Quem paga o preço do desenvolvimento?

A desigualdade também é um fator que merece atenção. Muitas vezes, os impactos negativos de grandes empreendimentos recaem sobre comunidades vulneráveis, enquanto os benefícios econômicos ficam concentrados nas mãos de grandes investidores. Segundo Diamond e Morlino, uma democracia de qualidade deve buscar reduzir essas desigualdades, garantindo compensações justas e participação equitativa de todos os grupos sociais nas decisões.

Capacidade de resposta: O governo escuta a sociedade?

Por fim, um governo democrático precisa ser responsivo — ou seja, atender às demandas da população. No campo ambiental, isso significa equilibrar as necessidades de desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente e a proteção das comunidades afetadas.

Quando um processo de licenciamento ignora os impactos sociais e ecológicos, o que se observa é um claro sinal de baixa qualidade democrática.

Conclusão: Democracia e meio ambiente andam juntos

Aplicar os conceitos de Diamond e Morlino ao Licenciamento Ambiental e aos Grandes Empreendimentos nos mostra uma realidade clara: quanto maior a qualidade da democracia, mais justos, transparentes e sustentáveis tendem a ser os processos de decisão.

Fortalecer o Estado de Direito, ampliar a participação cidadã e garantir mecanismos efetivos de controle e fiscalização não são apenas questões políticas abstratas. São, na verdade, condições essenciais para proteger o meio ambiente e os direitos das comunidades impactadas.


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Como o Estado influencia políticas públicas
18/06/2025 | 22h33
Como o Estado influencia políticas públicas
O Estado, a Ordem Social e as Grandes Corporações
No curso Sobre o Estado, Pierre Bourdieu analisa criticamente a estrutura e o funcionamento do Estado, destacando sua influência sobre a sociedade e sua relação com as grandes corporações.
O autor argumenta que o Estado não apenas exerce o monopólio da violência física legítima, conforme definido por Weber, mas também o monopólio da violência simbólica, estabelecendo as categorias pelas quais percebemos e organizamos o mundo social.
Esse conceito é essencial para compreender como o Estado influencia políticas públicas, como o licenciamento ambiental, e a forma como grandes empreendimentos interagem com a legislação.

Licenciamento Ambiental e o Papel do Estado

O licenciamento ambiental, embora concebido como um instrumento de proteção ao meio ambiente, muitas vezes reflete as relações de poder que Bourdieu descreve.
O Estado, ao definir normas e procedimentos para a concessão de licenças, se torna um ator fundamental na mediação entre interesses econômicos e a preservação ambiental.
No entanto, esse processo não é neutro: grandes corporações possuem influência sobre a regulamentação, moldando-a de maneira favorável a seus interesses, o que pode resultar em flexibilização de normas ou na priorização de investimentos em detrimento de impactos sociais e ambientais.

Grandes Empreendimentos e a Influência das Corporações


Bourdieu destaca que o Estado é estruturado de forma a favorecer determinadas classes e grupos econômicos, um fenômeno que pode ser observado na implementação de grandes empreendimentos.
Projetos como portos, rodovias e indústrias de grande porte frequentemente recebem incentivos fiscais e apoio governamental, enquanto populações locais são marginalizadas.
Esse processo reforça a ideia de que o Estado, longe de ser um agente neutro, é um espaço de disputas em que o poder simbólico e econômico das corporações exerce papel decisivo.

O autor também evidencia a oposição da tradição marxista em relação à visão clássica do Estado. Para Marx, Gramsci e Althusser, o Estado é definido não por sua essência, mas por suas funções e pelos grupos que atende.
No entanto, Bourdieu critica essa perspectiva, apontando que ela negligencia a análise dos mecanismos estruturais que conferem legitimidade às ações estatais e às suas relações com as elites econômicas.

A reflexão de Bourdieu sobre o Estado nos permite compreender como a estrutura estatal favorece determinados interesses, especialmente no contexto do licenciamento ambiental e da implementação de grandes empreendimentos.
O conceito de violência simbólica ajuda a entender como normas e políticas públicas são moldadas por grupos dominantes, influenciando diretamente as dinâmicas econômicas e sociais. Dessa forma, a crítica do autor se mostra essencial para repensarmos o papel do Estado na mediação entre crescimento econômico e justiça social.

Referência

BOURDIEU, Pierre. Sobre o Estado. Curso no Collège de France (1989-1992). São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
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A melhor forma de garantir Direitos Sociais
17/06/2025 | 20h20
O advogado e as Políticas Sociais
Nas estruturas administrativas municipais, especialmente nas áreas voltadas ao desenvolvimento humano e à garantia de direitos, a presença de profissionais de diversas áreas é fundamental. Entre assistentes sociais, psicólogos, educadores e gestores públicos, um perfil começa a se destacar cada vez mais: o advogado com formação em Políticas Sociais.

O advogado é essencial à administração da justiça e mais, esse profissional traz à gestão pública um olhar que vai além da interpretação da lei. Ele compreende a realidade social das comunidades atendidas, entende os mecanismos das políticas públicas e sabe como a legislação pode ser uma aliada para ampliar o acesso a direitos.
Não se trata apenas de analisar contratos ou de cuidar de processos burocráticos. O advogado com esse perfil atua como um elo entre a legislação e a realidade vivida pela população.

Nos municípios, são muitas as áreas que demandam essa sensibilidade jurídica-social: assistência social, política habitacional, segurança alimentar, inclusão produtiva, defesa de direitos humanos, igualdade racial, proteção à mulher, à pessoa idosa, entre outras.

Cada uma dessas frentes exige cuidado não apenas técnico, mas também jurídico. Afinal, os recursos utilizados são públicos, as ações precisam obedecer a regras específicas e, acima de tudo, devem garantir o direito das pessoas que mais precisam.

O advogado com formação em Políticas Sociais é capaz de interpretar normativas como a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e outras legislações específicas, considerando o contexto local e as peculiaridades de cada público atendido.
Ele trabalha lado a lado com as equipes técnicas, ajudando a estruturar projetos, parcerias e convênios, sempre com foco na legalidade, mas também com atenção à efetividade das políticas públicas.

Além de prevenir riscos jurídicos, esse profissional tem papel ativo na construção de soluções. Ele orienta as equipes na elaboração de editais, termos de colaboração e instrumentos jurídicos que viabilizam o funcionamento dos programas sociais.
Com sua formação, consegue traduzir a linguagem jurídica em ações concretas, acessíveis e eficazes.

Ter um advogado com esse perfil significa garantir que o município atue com segurança jurídica, mas também com responsabilidade social. É uma escolha que valoriza tanto os aspectos legais quanto a dignidade de cada cidadão atendido.

Num cenário onde a boa gestão de políticas públicas faz toda a diferença na vida das pessoas, contar com esse olhar jurídico-social é um passo importante para construir uma administração mais justa, eficiente e humana.
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O Porto do Açu
05/06/2025 | 20h04
O Porto do Açu: Impactos da Intervenção Estatal e o Futuro do Desenvolvimento no Brasil

A implantação do Porto do Açu, no município de São João da Barra (RJ), é um dos casos mais emblemáticos da relação entre desenvolvimento econômico, políticas públicas e impactos sociais no Brasil.

O projeto, que prometia modernização e crescimento regional, acabou se tornando um símbolo das contradições do modelo de intervenção estatal no país.

Neste artigo, vamos explorar os efeitos dessa iniciativa, utilizando análises críticas e referências teóricas para entender como grandes empreendimentos podem gerar exclusão social e aprofundar desigualdades.

O Porto do Açu: Promessas e Realidade

O Porto do Açu foi concebido como um dos maiores complexos portuários da América Latina, com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento econômico e atrair investimentos para a região.

No entanto, a execução do projeto revelou um cenário controverso: a desapropriação de 90 km² de terras, das quais apenas 10% foram efetivamente utilizadas. Esse desequilíbrio impactou diretamente comunidades tradicionais que dependiam da terra para sua subsistência.

A promessa de geração de empregos e melhoria na infraestrutura local se desfez diante de uma realidade marcada por exclusão social, perda de meios de produção e a ausência de políticas públicas que compensassem os prejuízos causados às populações afetadas.

Interesses Econômicos e a Ação do Estado

No Brasil, o Estado frequentemente atua como agente de interesses patrimonialistas, favorecendo grupos econômicos em detrimento da população.

O caso do Porto do Açu exemplifica essa dinâmica: sob o pretexto do progresso, terras foram expropriadas, mas os benefícios do empreendimento não foram distribuídos de maneira equitativa.

Segundo André Lara Resende (2014), o Estado brasileiro, longe de ser um ente neutro, frequentemente opera em benefício de elites econômicas.

Essa realidade fica evidente na forma como as desapropriações foram conduzidas: sem um planejamento social adequado, a população local foi deslocada sem perspectivas de realocação digna.

Exclusão Social e a Globalização

O modelo de desenvolvimento baseado em grandes empreendimentos está alinhado a uma lógica global de concentração de riqueza.

Como aponta Saskia Sassen (2016), os processos de globalização frequentemente desestruturam economias locais, levando ao deslocamento de populações vulneráveis.

O Porto do Açu segue esse padrão: famílias que viviam há décadas na região perderam suas terras e seus modos de vida.

Atividades tradicionais, como a produção de leite, cultivo de abacaxi e pecuária, foram drasticamente reduzidas, resultando no empobrecimento da comunidade.

Impactos Econômicos e Ambientais

Além das consequências sociais, a construção do Porto do Açu trouxe impactos econômicos e ambientais significativos.

A lentidão judicial nos processos de desapropriação – que já se arrastam há mais de 14 anos – gerou incerteza para os moradores e investidores.

Ao mesmo tempo, a introdução de novas tecnologias no porto reduziu a necessidade de mão de obra, eliminando postos de trabalho que poderiam compensar os danos causados pela desapropriação.

A visão de desenvolvimento baseada apenas em infraestrutura e modernização tecnológica ignora a necessidade de sustentabilidade e inclusão social.

O economista David Harvey (2005) argumenta que esse modelo segue a lógica da “acumulação por espoliação”, onde recursos naturais e territórios são transferidos das populações locais para grandes corporações, ampliando desigualdades regionais.

O Papel do Estado e a Necessidade de Reformas

O caso do Porto do Açu reforça a necessidade de uma revisão nas políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico.

Projetos dessa magnitude devem ser planejados considerando não apenas os interesses empresariais, mas também o impacto social e ambiental.

Para evitar que casos como esse se repitam, algumas medidas são essenciais:

•Reforma na Política de Desapropriações: Criar mecanismos que garantam indenizações justas e alternativas para as comunidades afetadas.

•Participação Popular: Incluir a população local nos processos decisórios, garantindo que suas necessidades sejam ouvidas.

•Sustentabilidade e Justiça Social: Implementar políticas que conciliem desenvolvimento econômico com preservação ambiental e inclusão social.

Conclusão

A intervenção estatal no caso do Porto do Açu evidencia os desafios de um modelo de desenvolvimento que privilegia grandes corporações em detrimento das comunidades locais.

Sem uma reformulação nas políticas públicas e na governança desses projetos, o Brasil continuará perpetuando um ciclo de exclusão e desigualdade.

O futuro do desenvolvimento sustentável exige que o Estado atue de forma transparente, priorizando o bem-estar social e garantindo que o crescimento econômico beneficie a todos – e não apenas uma minoria privilegiada.
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LANÇAMENTO DE LIVRO
10/05/2025 | 13h20
 
No dia 04/05/25, lancei meu 7º livro no site Clube de Autores.
O livro “Fundamentos do Estoicismo” é fruto do curso que ministrei com o mesmo título em 2024.
O que é o Estoicismo?
O Estoicismo, uma filosofia antiga, surgiu na Grécia Antiga, por volta de 304 a.C., com o filósofo Zenão de Cítio, e se espalhou para Roma por intermédio de Sêneca, florescendo na Antiguidade, sendo uma das correntes filosóficas mais influentes da época.
Novamente esta filosofia, vem ganhando destaque em tempos modernos, pois oferece princípios que podem ser aplicados nos desafios atuais, principalmente, na busca de uma vida mais plena e satisfatória.

Promovendo a resiliência e a calma diante das adversidades, o Estoicismo se mostra um instrumento facilitador para lidar com as dificuldades da vida moderna.
A prática dos princípios estoicos nos ajuda a encontrar significado e propósito para a vida, destacando a importância da razão como o mais alto instrumento, já que devemos usá-la para viver bem e tomar decisões sábias.

Em seu núcleo, o estoicismo enfatiza a importância da virtude, do autocontrole e da aceitação do destino. Os estoicos acreditavam que as pessoas deveriam viver em harmonia com a natureza e seguir um código ético baseado na razão e na virtude. Para eles, a verdadeira liberdade estava em controlar as próprias reações e emoções, independentemente das circunstâncias externas.

Ao cultivar a virtude, o autocontrole e a aceitação, podemos encontrar serenidade e satisfação, independentemente das circunstâncias externas. Essa antiga filosofia continua a oferecer orientações valiosas para aqueles que buscam uma vida mais equilibrada e significativa.
Impressões sobre o curso e o livro
O aluno Phillipi Martim Pessanha Moraes, que também é administrador de empresas e  pós-graduado em Neurociência e comportamento pela PUC-RS, escreveu o seguinte sobre o curso e a referida obra:
"Na vida somos aprendizes e eu sentia dentro de mim que faltava algo, algo que eu não sabia o nome, algo que iria me preencher e me fazer evoluir, pois então...... foi impactante o curso do Mestre Evandro, ele conseguiu me mostrar através do Estoicismo a verdadeira virtude de um homem, não só como devemos ser, mas como devemos nos analisar e saber que tudo aqui é passageiro e qual legado queremos deixar".
Já o professor, economista, administrador e psicólogo, Luís Fernando Brandão de Magalhães, revelou suas impressões sobre a obra nos seguintes termos:
"De forma geral, o livro busca apresentar, através de uma linguagem leve e que prende a atenção do leitor, as origens do estoicismo, seu desenvolvimento ao longo do tempo, abordando seus princípios fundamentais e também comparando o estoicismo com outras escolas filosóficas, destacando princípios comuns sob suas respectivas abordagens.
O texto debate ainda a influência do estoicismo na filosofia, psicologia e nas práticas contemporâneas, bem como suas aplicações e importância na vida cotidiana atual. É uma leitura necessária em tempos atuais, onde a impaciência e o estresse do dia à dia roubam nossa paz e tranquilidade interiores, impedindo que decisões mais justas e acertadas possam ser tomadas, nos afastando de uma vida mais satisfatória e feliz".
Na mesma toada, o Dr. Carlos Fernando Monteiro da Silva, advogado - Secretário de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON) no município de Campos dos Goytacazes - RJ e aluno no curso, deixou sua marca no prefácio do livro:
"Aprendi que, na vida, mesmo nos momentos difíceis, podemos encontrar alegria e satisfação por meio da superação de nossos vícios e do cultivo de nossas virtudes. Quanto mais nos aprofundamos nesta milenar filosofia, mais vislumbramos sua atualidade, pois vivemos em um mundo carente de práticas virtuosas e de pessoas necessitadas de paz interior e felicidade duradoura".
Por último, mas não menos importante, o intelectual e erudito prof. André Otávio Assis Muniz fez as seguintes colocações: 
"O Estoicismo real tem muitas afinidades com o Budismo, com a doutrina do despertar ensinada há quase 2600 anos pelo Buda Shakyamuni e por vários Mestres que expuseram o Dharma ao longo da história. O Budismo real, como o Estoicismo, não é uma doutrina para gente good vibes, que tenta pintar tudo com cores alegres e que tende a fugir da realidade com chavões. Não é uma pasta ou gelatina onde se enfia tudo o que se deseja em nome de uma inclusividade que só serve para degradar e enfraquecer a doutrina, mas sim para aqueles que desejam escalar o monte da perfeição e transcender a realidade condicionada, atingindo o despertar definitivo através de um confronto honesto, uma verdadeira “guerra santa” em seu interior"
O ESTOICISMO - UMA FILOSOFIA ANTIGA PARA OS DESAFIOS MODERNOS
No mundo agitado e imprevisível de hoje, muitas pessoas buscam maneiras de lidar com o estresse, a ansiedade e os desafios do cotidiano. Uma abordagem que tem ganhado destaque é o estoicismo, uma filosofia antiga que oferece orientações práticas para viver uma vida mais equilibrada e significativa.

O estoicismo teve origem na Grécia Antiga, por volta do século III a.C., com seu fundador Zenão de Cítio. Essa escola de pensamento pregava a ideia de que a felicidade pode ser alcançada através da aceitação do que está além do nosso controle e do desenvolvimento do autodomínio.

Em seu núcleo, o estoicismo enfatiza a importância da virtude, do autocontrole e da aceitação do destino. Os estoicos acreditavam que as pessoas deveriam viver em harmonia com a natureza e seguir um código ético baseado na razão e na virtude. Para eles, a verdadeira liberdade estava em controlar as próprias reações e emoções, independentemente das circunstâncias externas.

Uma das figuras mais proeminentes do estoicismo foi Epicteto, um ex-escravo que se tornou um dos principais filósofos estoicos. Ele enfatizava a importância de focar no que podemos controlar e aceitar o restante com serenidade. Sua obra "O Manual" oferece conselhos práticos sobre como viver uma vida virtuosa, mesmo em face das adversidades.

Outro estoico famoso foi Sêneca, um filósofo romano conhecido por suas cartas e ensaios sobre uma variedade de temas, incluindo ética, política e natureza humana. Suas palavras ressoam ainda hoje, oferecendo insights valiosos sobre como aplicar os princípios estoicos à vida cotidiana.

Hoje, o estoicismo está experimentando um ressurgimento, à medida que as pessoas procuram maneiras de encontrar significado e propósito em um mundo cada vez mais incerto. Muitos profissionais, incluindo empresários, atletas, e até mesmo terapeutas, estão incorporando os ensinamentos estoicos em suas vidas e práticas.
Em resumo, o estoicismo oferece uma abordagem prática e atemporal para lidar com os desafios modernos. Ao cultivar a virtude, o autocontrole e a aceitação, podemos encontrar serenidade e satisfação, independentemente das circunstâncias externas. Essa antiga filosofia continua a oferecer orientações valiosas para aqueles que buscam uma vida mais equilibrada e significativa.
Para adquirir o livro basta acessar: https://clubedeautores.com.br/livro/fundamentos-do-estoicismo
 
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ACONTECEU NA FRATERNIDADE CAMPISTA
11/04/2025 | 13h12
ACONTECEU NA FRATERNIDADE CAMPISTA

ANIVERSÁRIO DE 90 ANOS DE NYLSON MACEDO
Na última terça-feira, dia 08 de abril de 2025, a Augusta e Respeitável Loja Maçônica Fraternidade Campista nº 0011 teve a honra de celebrar uma data memorável: os 90 anos de vida do querido irmão Nylson Macedo, somados aos seus notáveis 60 anos de dedicação ininterrupta à Maçonaria.

A cerimônia foi marcada por profunda emoção, reconhecimento e fraternidade, homenageando uma trajetória exemplar de compromisso, sabedoria e serviços prestados à Ordem e à sociedade.

Segue um belíssimo texto apresentado em forma de palestra pelo valoroso irmão Hevilmar Carneiro Rangel, na ocasião.

ANIVERSÁRIO DE 90 ANOS DE NYLSON MACEDO

Recebi com muita honra, e ao mesmo tempo, sentindo o peso de enorme responsabilidade,o convite de vir aqui hoje usar da palavra para louvar esse momento de comemoraçãode aniversário do nosso Ir.: Nylson Macedo.

Talvez por causa da proximidade e admiração que tenho pelo Ir.: Nylson, esta é a fala mais difícil que me coube fazer num evento maçônico, mas o faço com emoção e alegria, embora me falte o tempo e o conhecimento necessário para dissertar numa situação tão nobre e importante como esta.

Inicialmente, falaria sobre a vida maçônica de Nylson Macedo, embora seja quase impossível separar o homem maçom, que ele sempre foi, das suas atividades na vida profissional, em sociedade, com a família, os amigos e nas várias instituições que atuou ao longo de sua trajetória neste mundo.

Há uma frase que costumamos dizer em nossas reuniões, principalmente para os Irmãos mais jovens: “uma coisa é entrar para a maçonaria, outra coisa é deixar a maçonaria entrar dentro de cada um de nós.”

O Ir.: Nylson é um exemplo daqueles que a maçonaria entrou dentro da pessoa. É maçom em tempo integral. Em todas as circunstâncias que viveu. Em todos os momentos.
Fazendo um breve Curriculum de sua vida, é casado com a Professora Jonice Vitola da Hora Macedo, com quem teve três filhas,Suzana, Simone e Sandra, sempre demonstrando ser um marido dedicado e um pai exemplar.

Oriundo da localidade de Portela, próximo à Cambuci, se formou em Engenharia Elétrica pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil – atual Universidade Federal do Rio de Janeiro – no ano de 1960.

Logo após a sua formatura, iniciou sua atividade profissional no estaleiro Ishikawajima Construção Naval, depois na Rio Light S/A, na cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, passou a trabalhar na antiga empresa Leopoldina – atual Rede Ferroviária Federal S/A, onde exerceu vários cargos, vindo para a ser o Superintendente Regionalda empresa aqui na nossa cidade, tendo se aposentado após um longo tempo como ferroviário.

De forma paralela, iniciou sua vida acadêmica como Professor de Física, no Liceu de Humanidades de Campos e na Faculdade de Filosofia de Campos.
Numa época em que o país se industrializava, por Decreto no final do governo do Presidente Juscelino Kubitschek, foi desenvolvido um projeto do governo federal para acelerar a formação de técnicos para atender à crescente industrialização do país, e por este motivo, as antigas Escola de Aprendizes Artífices foram transformam em Escolas Técnicas Federais.

Em 1966, Nylson Macedo participou da restruturação dos currículos da Escola Técnica Federal de Campos, tendo criado e coordenado o Curso Técnico de Eletrotécnica por cerca de 30 anos, que existe com vigor até nossos dias, no nosso Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – IFF, portanto, há quase 60 anos.

Alguns anos depois, com o advento da informática e da tecnologia, criou os Cursos Técnicos de Informática e auxiliou na criação do Curso Técnico de Telecomunicações. O IFF mais tarde, graças ao trabalho inicial de Nylson Macedo, passou a ter também osCursos de Engenharia Elétrica, de Engenharia da Computação e o de Tecnólogo em Telecomunicações.

Como formação acadêmica, além da Engenharia Elétrica, o Irmão Nylson cursou Pós-Graduação em Engenharia Ferroviária na Universidade do Brasil em 1963, Pós-Graduação em Informática na Educação na Fundação Getúlio Vargas em 1986.

Em 1989, fez o curso de Altos Estudos de Política Estratégica da Escola Superior de Guerra.
Foi Iniciado na Maçonaria, na Loja Progressoem 04/12/1965, juntamente com os IrmãosAlady Almeida Monteiro e Almir Teixeira Almada, em Sessão comemorativa dos 95 anos da Loja, portanto, no final deste ano teremos mais festa, pois estaremos comemorando os 60 anos de Iniciação destes Irmãos.

O Irmão Nylson ocupou vários cargos na Loja Progresso, tendo sido Orador por várias ocasiões e Venerável Mestre da Loja nos períodos de 1975 a 1977 e de 1981 a 1983.
Foi Deputado Federal, representando a Loja Progresso junto à Assembleia FederalLegislativa do Grande Oriente do Brasil, por muitos anos, no mesmo tempo que o Irmão Paulo Campista era Deputado Federal representando a Loja Fraternidade Campista. Ambos, custeavam suas despesas em suas viagens à Brasília.

Sempre foi um maçom ativo, participante, culto, elevando o nível da loja nos nossos “tempos de estudos”. Obediente aos princípios da Ordem, sempre ocupava o cargo a qual era designado pelo Mestre de Cerimônias.

Firme nas suas convicções. Debatia com ardor e mesmo nas diferenças de ideias e opiniões, saia da Loja abraçado com os Irmãos com quem debatia, pois nunca deixava levar essas divergências para desentendimentos pessoais.

Tivermos na Loja Progresso um Venerável chamado João de Souza Ferreira, que dizia que o Ir.: Nylson era um “bombeiro”. Sempre que havia algum tipo de dificuldade, algum problema, ele era chamado para ajudar a resolver. Era o primeiro a chegar para ajudar.

Lembro-me de uma situação em que eu, o Irmão Pedro Franco e o sobrinho Rui Grain, filho do Ir.: Rodolfo Grain, passamos uma situação de perseguição política na empresa pública em que trabalhávamos, atual ENEL, numa tentativa de nos transferir da cidade. Nylson Macedo juntou vários Irmãos, e nos levou à casa do Irmão Zé Cláudio, então Deputado Estadual, e com energia nos defendeu, causando a anulação de qualquer tipo de retaliação que nos prejudicava.

Mas, numa instituição formada de seres humanos, é inevitável haver alguns desentendimentos. Eu tive um que me deixou muito triste. Lembro-me que o Ir.: Nylson me pediu para relevar e contornar o problema. Disse a ele, para me dar um tempo e assim que pude, chamei-o e disse que estava pronto para atender ao pedido dele. O “bombeiro” soube atuar. A paz voltou a reinar.

Infelizmente, não consegui ser um “bombeiro” eficiente quando houve uma deselegância com ele e toda sua história. Mas o Ir.: Nylson, não esmoeceu, preferiu continuar maçom ativo, vindo a fazer parte da Loja Fraternidade Campista, o que demonstrou para todos nós, o amor verdadeiro que sente pela instituição. Um exemplo para todos nós.

Nylson Macedo possui várias honrariasmaçônicas, como Benemérito, Grande Benemérito, e ainda, a maior honraria concedida a um maçom: A Medalho D. Pedro I.
É ainda membro atuante do Rotary Club de Campos desde 1971, onde também exerceu diversos cargos e foi presidente do Clube de 1977 a 1978.

Foi eleito Governador do Distrito 4750 do Rotary para o período de 1996 a 1997. Tendo sido ainda instrutor distrital e por 3 vezes foi o presidente da Comissão Organizadora da Conferência Distrital do Rotary.

Participou de Convenções Internacionais de Rotary nas mais distantes cidades:

* Nova Orleans, nos Estados Unidos;
* Bangkok na Tailândia;
* Seul na Coréia;
* Sidney na Austrália;
* Toronto no Canadá;
* Nice na França;
* Lisboa em Portugal;
* São Paulo.

Participou de várias Convenções Nacionais de mais de 20 Institutos Rotary pelo Brasil, além de outros eventos internacionais.

Foi eleito representante rotariano do Distrito 4750 para o Conselho de Legislação de 2013, realizado em Chicago, nos Estados Unidos, onde defendeu proposta do Distrito que foi aprovada e alterou normas de procedimento no Rotary.

Ainda no Rotary, recebeu as maiores honrarias, como o de companheiro Paul Harris, maçom que foi fundado do Rotary e o de Benfeitor da Fundação Rotária.
Participou ativamente da fundação dos Rotary Clubs de São Francisco de Itabapoana e do Campos-Planície.

Como escritor, o Irmão Nylson foi articulista de jornais, como o “Folha da Manhã”, onde escreveu vários artigos, tanto sobre o Rotary, como sobre as Ferrovias do Norte Fluminense.
Sua monografia intitulada “Função dos Transportes na Elaboração Estratégica Nacional”, de 1989, faz parte dos anais da Escola Superior de Guerra.

Foi o principal autor da “Revista Comemorativa dos 130 anos da Loja Maçônica Progresso”, tendo coordenado o belo evento ocorrido na ocasião.

É autor do livro “A Ferrovia agrícola de Quissaman e suas conexões”, juntamente com o amigo Leonardo de Vasconcelos.

É membro do Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes.
Ocupa a cadeira 19 da Academia Brasileira Rotária de Letras da Seção do Estado do Rio de Janeiro.

Meus Irmão. É um Curriculum extenso. O que consegui, foi fazer um resumo, para um homem longevo de vida ativa e participante de vários segmentos sociais e de instituições da nossa cidade, assim como a nível regional e internacional. Poderia aqui levar horas contado casos e causos do que tanto testemunhamos.

Nylson Macedo é um homem que fez história:

* Rede Ferroviária Federal;
* No Liceu de Humanidades de Campos;
* Na Faculdade de Filosofia de Campos;
* No Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense;
* Na Maçonaria;
* No Rotary;
* Na Santa Casa de Misericórdia de Campos, onde foi Definidor;
* No Instituto Histórico e Geográfico de Campos;
* Na Academia Brasileira Rotária de Letras.

Ele é um ator consciente do seu papel na história. Um construtor social. Um maçom em sua essência.
Nylson demonstra, vive, e é exemplo dos princípios básicos da nossa instituição: É Filosófico nos estudos, Filantrópico na ajuda,é Progressista e Evolucionista na sua história de vida.
Nylson carrega de forma simbólica, mas permanente, a bandeira da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Um defensor inabalável de nossos princípios.

Finalizo com uma frase de François-Marie Arouet – O Voltaire, que define de forma consistente quem é Nylson Macedo: “Todo homem é uma criatura da época em que vive e poucos são capazes de se elevar acima das ideias da sua época”.

Encerro, pedindo a todos, uma salva de palmas pelo aniversário de 90 anos do nosso amado Irmão.
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O que é Advocacia Estoica?
09/04/2025 | 09h20
O que é Advocacia Estoica?
Poucas profissões enfrentam tanta pressão emocional e complexidade moral quanto a advocacia. Lidar com conflitos, prazos, incertezas, vaidades e injustiças exige mais do que técnica: exige discernimento, coragem, autocontrole e justiça — as quatro virtudes cardeais do Estoicismo.
Como unir prática jurídica com sabedoria antiga

Em um mundo cada vez mais acelerado, litigioso e emocionalmente desgastante, surge uma necessidade urgente: encontrar sentido e equilíbrio na profissão jurídica.
É nesse contexto que nasce a Advocacia Estoica — uma proposta inovadora que une a prática do Direito com a milenar sabedoria do Estoicismo.

A origem do Estoicismo

O Estoicismo é uma escola filosófica fundada por Zenão de Cítio, por volta do século III a.C., em Atenas. Inspirado por Sócrates e pelos cínicos, Zenão ensinava sob uma “stoa”, um pórtico público — daí o nome “estoicismo”.

Entre seus maiores representantes estão Sêneca, o conselheiro de imperadores; Epicteto, o ex-escravo que se tornou mestre da liberdade interior; e Marco Aurélio, o imperador-filósofo que transformou suas meditações pessoais em lições universais de sabedoria e autodisciplina.

Para os estoicos, a felicidade não depende das circunstâncias externas, mas da virtude e da razão. A prática diária da filosofia deveria moldar o caráter, fortalecer a alma e orientar as ações, mesmo — e principalmente — em meio ao caos.

Por que os advogados precisam da filosofia prática

Poucas profissões enfrentam tanta pressão emocional e complexidade moral quanto a advocacia. Lidar com conflitos, prazos, incertezas, vaidades e injustiças exige mais do que técnica: exige discernimento, coragem, autocontrole e justiça — as quatro virtudes cardeais do Estoicismo.

Enquanto o mundo jurídico muitas vezes valoriza apenas o desempenho técnico ou a retórica combativa, o estoicismo ensina a cultivar o que realmente importa: um caráter sólido, uma mente tranquila e uma prática consciente do papel do advogado como instrumento da justiça — não como mero operador do sistema.

O nascimento da Advocacia Estoica

A Advocacia Estoica é uma nova forma de encarar a profissão, que busca resgatar a dimensão ética e filosófica do Direito. Mais do que uma técnica, ela é uma atitude interior: o advogado estoico não se deixa abalar por decisões injustas, por clientes difíceis ou por ataques pessoais. Ele aprende a separar o que está sob seu controle do que não está — e concentra sua energia no que realmente pode mudar.

Essa proposta nasce da observação de uma crise silenciosa: muitos advogados estão adoecendo, desistindo ou vivendo em conflito interno. A Advocacia Estoica oferece um caminho de equilíbrio entre a vida interior e a atuação prática. Um convite para repensar a profissão como uma missão de vida, guiada por princípios atemporais.

Advogar como um estoico é cultivar a presença de espírito em cada audiência, o domínio de si em cada negociação e a firmeza moral em cada decisão. Não se trata de uma utopia antiga, mas de uma prática transformadora — aqui e agora.

Se essa ideia te tocou, continue acompanhando. Nos próximos textos, vamos explorar como aplicar os ensinamentos de Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio no cotidiano da advocacia moderna.
O Advogado Estoico: Como o Estoicismo Transforma a Prática Jurídica no Mundo Real

Você já se sentiu sobrecarregado com prazos, expectativas de clientes e decisões difíceis no meio jurídico?
Pois saiba que há uma filosofia milenar que pode ser sua aliada silenciosa no campo de batalha jurídico e empresarial: o Estoicismo.

Neste artigo, compartilho com você como desenvolvi um estilo estoico de advogar, inspirado nos ensinamentos de Sêneca, Marco Aurélio e Epicteto, e como essa postura filosófica pode ser uma poderosa ferramenta para advogados e empresários que desejam mais clareza, racionalidade e firmeza em suas decisões.

O que é ser um advogado estoico?

Ser um advogado estoico é mais do que manter a calma diante de audiências tensas ou negociações complexas. É compreender que não temos controle sobre tudo — mas temos controle sobre nossas atitudes, decisões e reações.

Como dizia Epicteto:

“Não são as coisas que nos perturbam, mas a opinião que temos sobre elas.”

No dia a dia da advocacia, é comum enfrentarmos frustrações: decisões judiciais inesperadas, clientes ansiosos, negociações travadas. O advogado estoico não nega essas dificuldades — ele as aceita, aprende com elas e segue em frente com disciplina, ética e serenidade.

Estoicismo como ferramenta estratégica na advocacia e nos negócios

Sêneca ensinava que:

“Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida.”

Esse ensinamento me fez enxergar cada petição, cada consulta, cada reunião, como uma oportunidade única de atuar com excelência, mesmo em meio à instabilidade que marca o mundo jurídico e empresarial.

Para empresários, o estoicismo ensina o valor da racionalidade nas decisões, o uso da razão para superar crises e a prática da previsibilidade estratégica. Para advogados, o estoicismo é o filtro da razão contra o emocionalismo destrutivo, além de um guia para manter a honra mesmo em cenários de corrupção e vaidade institucional.

Marco Aurélio e o autocontrole jurídico

Marco Aurélio, imperador e filósofo estoico, dizia:

“Você tem poder sobre sua mente — não sobre eventos externos. Perceba isso, e encontrará a força.”

Na advocacia e nos negócios, essa força interior é essencial. Ela evita decisões precipitadas, protege da ansiedade e gera confiança. Um advogado estoico é confiável, racional e centrado. Um empresário estoico não se deixa levar pela emoção do mercado — mas pelas métricas reais e pela prudência.

Conclusão: Por que o estoicismo é um diferencial competitivo?

Ao adotar o estoicismo como base da minha atuação jurídica, tornei-me mais eficiente, mais resiliente e mais justo nas decisões que tomo em nome dos meus clientes. E isso faz toda a diferença em um mundo onde muitos reagem — mas poucos agem com sabedoria.

Se você é advogado ou empresário e busca uma forma de viver e trabalhar com mais equilíbrio, clareza e foco, convido você a explorar esse caminho comigo. O estoicismo não é apenas filosofia: é estratégia, é método, é força silenciosa.
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O ESTADO ENCENADO
05/04/2025 | 07h58
O ESTADO ENCENADO

Em sua obra Sobre o Estado, o sociólogo Pierre Bourdieu oferece um diagnóstico tão preciso quanto desconfortável: o Estado moderno não é apenas o detentor do monopólio da violência física legítima, mas também da simbólica.
E é com esta última que ele faz sua mágica mais eficaz: transforma interesses particulares em verdades públicas, burocracias em consensos e grandes corporações em representantes do “bem comum”. Um espetáculo digno de aplausos — ou vaias.
O Estado, esse maestro da ilusão

A peça se desenrola principalmente no palco do licenciamento ambiental, esse ritual sofisticado onde se simula preocupação ecológica enquanto se celebra o progresso com letra maiúscula e cifrão.
Com uma encenação digna de tragédia grega (ou farsa parlamentar), o Estado aparece como árbitro imparcial, quando, na verdade, cumpre o papel de mordomo das grandes empreiteiras, sempre pronto a servir com elegância técnica e verniz jurídico.

Os megaprojetos — portos, hidrelétricas, mineradoras — são os protagonistas dessa ópera do “desenvolvimento”. E o enredo é conhecido: prometem emprego, prosperidade e modernização, enquanto comunidades tradicionais são invisibilizadas e impactos socioambientais viram notas de rodapé nos estudos de impacto.
É como se o futuro estivesse reservado apenas àqueles que cabem nas planilhas de custo-benefício.

Bourdieu nos alerta que o Estado molda as categorias de percepção e legitimação: ele define o que é “viável”, “interessante”, “urgente”. E o que sobra para os que vivem às margens dessa lógica? O silêncio institucional. A desapropriação simbólica da própria existência.

O mais irônico é que tudo isso se faz em nome do “interesse público”. Como se a coletividade estivesse naturalmente de acordo com as decisões tomadas em salas fechadas, por técnicos pagos por quem será licenciado.
A farsa é tão bem construída que a contestação vira desvio, e o ativismo, crime.

Mas o teatro precisa continuar. E o público — assiste, muitas vezes sem saber que é parte do elenco. Até que ponto vamos aplaudir a cortina se fechando sobre os direitos dos mais vulneráveis?

Bourdieu não oferece redenção, mas um convite à crítica. E, para quem ainda não perdeu a capacidade de se indignar, essa já é uma forma de resistência.
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Sobre o autor

Evandro Barros

emobajr@gmail.com