Dora Paula Paes
12/11/2025 07:32 - Atualizado em 12/11/2025 07:32
Rodrigo Silveira
Após mobilização cultural, com participação de 60 instituições, em uma campanha de SOS, lançada em 2024, em prol da livraria centenária Ao Livro Verde - fechada no centro de Campos -, está aberto o Café “Ao Livro Verde”, no Palácio da Cultura. A abertura do espaço ocorreu durante a realização da 6ª edição do Festival Doces Palavras e a reinauguração do Palácio. Toda ação para preservar o legado histórico da livraria resultou na criação da Associação dos Amigos da Ao Livro Verde (Asalve); que mantém a luta pela preservação e perenização da mais antiga livraria do Brasil, fundada em 13 de junho de 1844.
O espaço, no Palácio da Cultura, foi disponibilizado pelo governo do prefeito Wladimir Garotinho. Ele funcionará como uma cafeteria que será aberta ao público em geral que frequenta as atividades realizadas no Palácio da Cultural. E também, especialmente, para o lançamento de livros, encontros culturais, sobretudo literários. Neste primeiro momento no Palácio, está em exposição a história de Nilo Peçanha (1867-1924), campista, ex-presidente do Brasil, patrono da educação profissional e tecnológica.
Sobre o funcionamento efetivo do café, o presidente da Asalve, o jornalista Adelfran Lacerda, disse que aguarda as orientações da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e da Prefeitura sobre horário e dias de funcionamento, bem como informações sobre o que a municipalidade gostaria que o Café "Ao Livro Verde" ofereça.
"De acordo com a nossa proposta de gestão é que seja um espaço temático diferenciado, com decoração apropriada, customização e cardápio de bebidas e comestíveis (doces, salgados , sanduíches e pratos tradicionais de uma cafeteria...), com com vários itens, sempre remetendo/linkando à cultura, à expressão linguística, à literatura, ao artesanato e culinária campista, bem como seus pontos turísticos e patrimônio histórico (material e imaterial)", explica Lacerda.
Dentro do projeto, Lacerda ressalta que espera, agora, a definição, legalmente, para a reabertura da Livraria Ao Livro Verde, no centro da cidade, que também deverá se tornar em “Centro de Memória Ao Livro Verde”, visando a revitalização do Centro Histórico de Campos.
Divulgação
A Campanha SOS ao Livro Verde também fez parte da programação do Festival Doces Palavras, durante um painel de debate. Na moderação, a diretora do Museu de Campos, Graziela Escocard, com a participação do presidente da Asalve, Adelfran Lacerda, e do articulista Edmundo Siqueira, no último domingo (9), no Espaço Lenílson Chaves, no FDP! No evento foi avaliada e detalhada a Campanha SOS Ao Livro Verde, em todas as fases, desde o início, com ênfase no Relatório do Grupo de Trabalho Executivo Ao Livro Verde, criado pela Prefeitura Municipal de Campos, com propostas, atividades e ações viáveis e legais para a preservação e a perenização de Ao Livro Verde, com seus 181 anos.
“A Asalve agradece a importante oportunidade à presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Fernanda Campos - que também preside o GTE (Grupo de Trabalho Executivo) Ao Livro Verde, - e ao presidente da Curadoria da 6ª FDP!, jornalista Vitor Menezes, agradecendo também aos mais de dois mil signatários do abaixo assinado “SOS Ao Livro Verde” e as mais de 60 instituições que apoiam a maior mobilização cultural já realizada em Campos dos Goytacazes, entre elas as prestigiosas Academia Brasileira de Letras (ABL), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Associação Nacional de Livrarias (ANL)”, disse Lacerda.
A livraria, citada em obras como “O Coronel e o Lobisomem”, de José Candido de Carvalho, no centro da cidade de Campos, foi mantida por quase dois séculos pela família Sobral, porém o negócio não resistiu aos ciclos econômicos e avanços tecnológicos.
A Ao Livro Verde chegou a entrar no Guinness Book, em 1995, como a livraria mais antiga do Brasil em funcionamento. Já em 2023, ela foi tombada como Patrimônio Histórico Cultural de Campos - mesmo ano em que seu espaço físico comercial foi fechado.