Rodrigo Bacellar é preso pela PF por suspeita de vazar informações da prisão de TH Joias
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal (PF) na Operação Unha e Carne. A prisão preventiva foi decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que também determinou o afastamento de Bacellar do mandato. Segundo a PF, Bacellar é suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, em que o então deputado estadual TH Joias, ligado à facção criminosa Comando Vermelho, foi preso. Após a prisão de Bacellar, o relator do projeto Antifacção no Senado, Alessandro Vieira (MDB-ES), afirmou que o crime organizado se expandiu para a política.
A prisão do presidente do Alerj aconteceu na Superintendência da PF, na Praça Mauá, no Rio, após “ser convidado” para uma “reunião” pelo próprio superintendente, Fábio Galvão. O presidente da Alerj recebeu voz de prisão tão logo chegou e teve seu celular apreendido. Além disso, agentes saíram para cumprir 1 mandado de prisão preventiva e 8 mandados de busca e apreensão, além de 1 mandado de intimação para cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo STF.
As investigações dão conta de que Bacellar teria avisado a TH Joias por telefone sobre a operação que prendeu o então parlamentar, na véspera da ação. A informação foi divulgada pelo jornalista Octavio Guedes em seu blog no G1.
Após ser avisado, TH Joias fez uma limpa em casa e chegou a usar um caminhão-baú para fazer uma mudança e eliminar provas que mantinha em casa. TH também zerou seu aparelho celular e passou a usar um novo. Nesse novo telefone, ele mandou uma filmagem para o presidente da Alerj, perguntando se ele poderia deixar alguns objetos, como, por exemplo, o freezer. Bacellar respondeu: "Deixa isso, tá doido? Larga isso aí, seu doido".
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que determinou a prisão de Bacellar, afirmou que há "fortes indícios" da participação de Bacellar em uma organização criminosa e estaria atuando ativamente pela "obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo Estadual".
Segundo a Polícia Federal, as trocas de mensagens entre TH e Bacellar indicam envolvimento direto do presidente da Alerj para encobrir o deputado investigado.
"Nesse sentido, a conversa com o Deputado Estadual Rodrigo Bacellar, Presidente da ALERJ, não apenas revela conhecimento prévio sobre a alteração do número por parte de TH, como também reage prontamente, orientando o investigado quanto à remoção de itens da residência. Essa atitude indica seu envolvimento direto no encobrimento do investigado à atuação dos órgãos de persecução penal."
A ação se insere no contexto da decisão do STF no âmbito do julgamento da ADPF das Favelas, que, dentre outras providências, determinou que a PF conduzisse investigações sobre a atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no estado e suas conexões com agentes públicos.
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) afirmou, em nota, que "ainda não foi comunicada oficialmente sobre a operação ocorrida nesta manhã. Assim que tiver acesso a todas as informações, irá tomar as medidas cabíveis".
Wladimir Garotinho (PP), prefeito de Campos e adversário político da família Bacellar, durante inauguração no Hospital Geral de Guarus, nesta quarta-feira (3), falou: “isso não me alegra. É um campista, em uma posição de destaque, que tinha tudo para fazer uma carreira brilhante, mas ele escolheu outro caminho. Isso é algo que ele vai ter de provar à Justiça e que a Justiça decida. O que me alegra de verdade é não ter caído na conversa fácil dele, ter feito o enfrentamento e ter vencido na urna”
Marquinho Bacellar (União), vereador de Campos e irmão de Rodrigo, disse, em sua rede social, que "tem certeza que tudo será esclarecido, essa tempestade irá passar! Ainda teremos muitas vitórias pela frente!".
O ex-governador Anthony Garotinho alertou nas redes sociais para o caso, ressaltando na legenda da postagem que já havia previsto a prisão de Bacellar há alguns dias. "Nesse momento ele está sendo conduzido para a Superintendência da Polícia Federal em companhia do traficante e deputado TH Joias", disse em vídeo, afirmando ainda que em breve postará mais detalhes do caso.
O senador Alessandro Vieira apresentou o parecer do projeto Antifacção na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na manhã desta quarta-feira (3). "O avanço do crime organizado no Brasil se materializa aos nossos olhos. No dia de hoje, foi preso o presidente da Assembleia do Rio. Então, acho que a compreensão do que é crime organizado deve ser um preâmbulo. O crime organizado não é apenas a materialização do pobre, na favela, com fuzil. O crime organizado é uma estrutura econômica poderosa, infiltrada em todos os ramos do poder dentro e fora desse país", disse.
A aprovação do projeto foi defendida pelo presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA). "Não pode, sem dúvida nenhuma, uma organização criminosa tomar conta do Estado, tomar conta de uma Assembleia Legislativa de um estado como o Rio de Janeiro. Aprovar essa matéria é fundamental, importante e relevante para este momento", afirmou.
Relembre a prisão de TH Joias
Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, foi preso no dia 3 de setembro por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, suspeito de negociar armas e acessórios para o Comando Vermelho (CV).
TH Joias foi alvo de 2 operações simultâneas, de investigações convergentes. Uma cumpriu mandados expedidos pela Tribunal Regional Federal; outra, pelo Tribunal de Justiça do RJ.
A PF diz ter identificado “um esquema de corrupção envolvendo a liderança da facção no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos”. Para o MPRJ, TH utilizou o mandato para favorecer o Comando Vermelho, inclusive nomeando comparsas para cargos na Alerj.
Pela Operação Zargun — cujo suposto vazamento levou à operação desta quarta-feira —, a PF saiu para cumprir 18 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão, além do sequestro de bens no total de R$ 40 milhões, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). A investigação foi da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE), da PF, e do Ministério Público Federal.
Investigações identificaram um esquema de corrupção envolvendo TH, chefes do CV e outros agentes públicos, incluindo um delegado da PF, policiais militares e ex-secretários.
“A organização infiltrava-se na administração pública para garantir impunidade e acesso a informações sigilosas, além de importar armas do Paraguai e equipamentos antidrone da China, revendidos até para facções rivais”, afirmou a PF.
Os alvos vão responder por organização criminosa, tráfico internacional de armas e drogas, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
O processo na Justiça estadual
Pela Operação Bandeirante, a Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou TH e outras 4 pessoas pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e comércio ilegal de armas de fogo de uso restrito.
TH Joias foi alvo de 2 operações simultâneas, de investigações convergentes. Uma cumpriu mandados expedidos pela Tribunal Regional Federal; outra, pelo Tribunal de Justiça do RJ.
A PF diz ter identificado “um esquema de corrupção envolvendo a liderança da facção no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos”. Para o MPRJ, TH utilizou o mandato para favorecer o Comando Vermelho, inclusive nomeando comparsas para cargos na Alerj.
Pela Operação Zargun — cujo suposto vazamento levou à operação desta quarta-feira —, a PF saiu para cumprir 18 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão, além do sequestro de bens no total de R$ 40 milhões, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). A investigação foi da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE), da PF, e do Ministério Público Federal.
Investigações identificaram um esquema de corrupção envolvendo TH, chefes do CV e outros agentes públicos, incluindo um delegado da PF, policiais militares e ex-secretários.
“A organização infiltrava-se na administração pública para garantir impunidade e acesso a informações sigilosas, além de importar armas do Paraguai e equipamentos antidrone da China, revendidos até para facções rivais”, afirmou a PF.
Os alvos vão responder por organização criminosa, tráfico internacional de armas e drogas, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
O processo na Justiça estadual
Pela Operação Bandeirante, a Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou TH e outras 4 pessoas pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e comércio ilegal de armas de fogo de uso restrito.
De acordo com a denúncia, os acusados mantinham vínculos estáveis com o Comando Vermelho, atuando nos complexos da Maré e do Alemão e em Parada de Lucas.
O grupo é acusado de intermediar a compra e venda de drogas, armas e equipamentos antidrones usados para dificultar operações policiais nos territórios ocupados pela organização, além de movimentar grandes somas em espécie para financiar as atividades da facção.
A ação penal proposta pelo procurador-geral de Justiça do RJ, Antonio José Campos Moreira, obteve, junto ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), 4 mandados de prisão e 5 de busca e apreensão, cumpridos em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia e Copacabana.
A ação desta quarta é uma iniciativa da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Rio de Janeiro (Ficco/RJ), que reúne a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro.
O grupo é acusado de intermediar a compra e venda de drogas, armas e equipamentos antidrones usados para dificultar operações policiais nos territórios ocupados pela organização, além de movimentar grandes somas em espécie para financiar as atividades da facção.
A ação penal proposta pelo procurador-geral de Justiça do RJ, Antonio José Campos Moreira, obteve, junto ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), 4 mandados de prisão e 5 de busca e apreensão, cumpridos em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia e Copacabana.
A ação desta quarta é uma iniciativa da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Rio de Janeiro (Ficco/RJ), que reúne a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Com informações do G1