
Anos 60. O telefone tilintou e Mário Manhães de Andrade, gerente de A Notícia (então o principal jornal de Campos), atendeu.
Era um comerciante sírio, contando uma “tragédia” em casa.
Sumira uma cadelinha e os filhos estavam inconsoláveis.
Mário disse que não recebia anúncios pelo telefone.
Mas o sujeito o venceu no cansaço. Os sinais da cadelinha foram passados e o preço, de três cruzeiros, por vez, combinado.
O comerciante mandou colocar sete vezes, ao preço final de vinte cruzeiros.
O anúncio saiu um dia só e o telefone novamente tilintou. Por coincidência, o próprio Mário Manhães atendeu.
O homem estava eufórico e desmanchou-se em elogios ao jornal, dizendo que logo apareceu uma pessoa com um exemplar de A Notícia e a cadelinha.
Em meio aos elogios, o sírio disse que mandaria pagar os três cruzeiros.
— Calma aí! Não são três cruzeiros. São vinte.
— Mas o anúncio só saiu uma vez!
— Mas o combinado foi para sair sete vezes!
Discute daqui, discute dali, até que Mário deu a solução:
— Se o senhor não está satisfeito, solte a cachorrinha e deixe o anúncio sair mais seis vezes.
Do outro lado do fio, o homem ficou em silêncio por uns 15 segundos.
Depois explodiu uma gargalhada, vencido.
E mandou pagar os 20 cruzeiros.
(Obs: Foto ilustrativa)